quinta-feira, 18 de abril de 2013

No caminho certo

(Foto: Cleber Mendes / Lance Press)
Enquanto vai caminhando na direção certa fora de campo, o Flamengo ainda procura o norte dentro das quatro linhas. O primeiro passo foi dado no clássico contra o Fluminense. O segundo, contra o Remo, pela Copa do Brasil. Apesar de ainda ser muito cedo para garantir, o rubro-negro vem dando sinais de que pode encontrar o rumo que a torcida tanto espera.

Esse rumo parece passar pelos pés de Gabriel e pelas fases iluminadas de Hernane. O meia-atacante novamente comandou o ataque com intensa movimentação, inversões, boas jogadas individuias e passe para um dos gols. Hernane, por sua vez, parece ter encontrado o caminho das redes novamente. Nos últimos dois jogos, foram quatro gols. Sempre é bom pontuar que o Brocador não prima pela técnica, mas é um jogador voluntarioso e, uma curiosidade, faz gols dando apenas um toque na bola. 

O que poderia ser apenas folclore, na verdade, deflagra uma situação. Se os companheiros conseguirem arquitetar a jogada e colocarem Hernane em boas condições de marcar, a bola tem boas probabilidades de parar dentro do gol. Nos três gols de hoje e no marcado diante do Flu, Hernane estava em ótimas condições para anotar os tentos. E foi exatamente o que fez. Quatro toques na bola, quatro gols.

Outro ponto positivo é Rafinha. A jovem revelação voltou aos trilhos e jogou bem nos três últimos jogos. Com o camisa 7 fazendo companhia a Gabriel e Hernane, o Flamengo voltou a jogar bem. Claro que não são apenas os três. A defesa e o meio-campo, apesar de alguns erros, também estão se acertando. E obivamente que as vitórias ajudam. Além da confiança, diminuem a pressão em cima de Jorginho e dos jogadores.

A procura é pelo rumo certo, tanto dentro quanto fora de campo.

E o Flamengo parece estar encontrando a direção. 

Para dar tudo certo é simples.

Basta continuar seguindo o caminho.

domingo, 14 de abril de 2013

Vai entender

(Foto: Guilherme Pinto / Ag. O Globo)
O futebol é realmente um esporte imprevisível.

Se baseando nas últimas atuações, quem diria que o Flamengo ganharia o Fla-Flu jogando com tanta facilidade em todo o primeiro tempo e no começo do segundo? Mesmo com alguns desfalques do lado tricolor, o mínimo que se esperava era um jogo equilibrado. Mas o Flamengo surpreendeu. Trocou passes com velocidade, contou com muita movimentação de todos os setores, além de encaixar um forte esquema de marcação.

A construção do resultado e da boa partida dos rubro-negros tem uma explicação. Gabriel. O camisa 10 foi a principal peça do esquema rubro-negro. Começou as jogadas do primeiro e do terceiro gols com ótimos passes, e deu muito trabalho ao sistema defensivo do Fluminense. Renato, com dois gols, Léo Moura e Elias também se destacaram, principalemente no primeiro tempo.

Depois, bem que Jorginho tentou estragar tudo. Não é novidade para a torcida rubro-negra as constantes invenções que o técnico vem fazendo. Mas, hoje, ele se superou. Ninguém entendeu a troca de Gabriel, o melhor jogador em campo, e um meia-atacante, para a entrada de João Paulo, lateral-esquerdo. Em seguida, Hernane, centroavante, por Cléber Santana, meio-campo. Ou seja, o time ficou sem um homem fixo na frente e com dois laterais-esquerdos. Inexplicável.

Quanto ao Fluminense, um resultado que pode mexer com a confiança do time para o confronto que realmente importa, o jogo contra o Caracas, pela Libertadores. A equipe que entrou no campo do Raulino de Oliveira deve ser a mesma que entrará no gramado de São Januário, na próxima quarta. Sem jogar um futebol convincente esse ano, inclusive nos jogos em casa pela competição continental, é preciso ligar o alerta. Se o elenco é tão falado como um dos melhores do Brasil, é nessa hora que precisa mostrar sua força. Mas o primeiro tempo do clássico foi de assustar.

O Flamengo que suou para vencer o Remo, empatou com Duque de Caxias e perdeu para o Audax, venceu o Fluminense com facilidade.

O tricolor, com um dos elencos mais caros do país, perdeu para um rubro-negro ainda em formação.

E Jorginho, incompreensível, resolveu bagunçar o que estava certo.

Isso é futebol.

Vai entender.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Cenários

(Foto: Jefferson Bernardes / AFP)

O cenário não era dos melhores. 

O Fluminense entrou em campo sem três titulares e Deco, que só não é titular porque se machuca demais, jogador capaz de mudar uma partida. Depois da derrota para o Grêmio no Rio, e considerando que o último jogo é em casa, contra a equipe mais fraca do grupo, o empate estava de bom tamanho. Mas no futebol todas as verdades mudam em apenas um lance.

Com a expulsão de Cris, o Grêmio foi obrigado a recuar. O cenário, então, era completamente outro. E mesmo sem o seu principal trio em campo, a vitória já passava a ser um resultado quase obrigatório. O "quase" é necessário porque mesmo com o empate o Flu só depende de si para se classificar. Com a vantagem numérica, esperava-se uma pressão no tricolor gaúcho, mas isso esteve longe de acontecer, apesar de algumas boas chances criadas.

Criadas e perdidas. O tricolor carioca mostrou porque Fred faz tanta falta em momentos decisivos. Rhayner, Sóbis, Wagner, todos tiveram e perderam oportunidades. Talvez, com o artilheiro em campo, o placar fosse diferente e o Flu chegasse mais tranquilo na última rodada. Quem também poderia mudar o jogo era Felipe. Mas, sem razão aparante, Abel só o colocou em campo quase aos 40 minutos do segundo tempo. 

Com o empate, praticamente nada muda para o Fluminense. Basta vencer em casa para se classificar.

O cenário começou ruim e poderia ter terminado melhor.

Mas ficou de bom tamanho.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Igual, mas diferente

(Foto: Ney Marcondes / VIPCOMM)
O Flamengo entrou em campo com mudanças em relação ao último jogo (de novo), mas apresentou os mesmos problemas de sempre. Time bagunçado, movimentação desorganizada, improviso na lateral-direita depois da saída de Léo Moura, falhas na marcação, falta de criatividade...

De bom mesmo teve as atuações de Rafinha e Gabriel. Longe de ser brilhante, o camisa 11 marcou um bonito gol, arriscou mais jogadas e apresentou um futebol melhor do que vinha mostrando nos últimos jogos. No eterno looping que atinge as jovens promessas, Rafinha jogou demais quando apareceu, começou a receber mais atenção dos marcadores e deu aquela sumida natural. Hoje voltou a arriscar jogadas individuais e foi mais insinuante, o que pode ajudar a subir novamente de produção.

Gabriel, pelo segundo jogo consecutivo, foi o principal jogador de ataque. Se movimentou, procurou o jogo, arriscou chutes de fora da área, tão raros nesse atual Flamengo, e contribuiu na recomposição. Depois de ser promessa no Bahia, começa a dar sinais de que pode ser uma das soluções do rubro-negro carioca.

De resto, como dito, o time foi o mesmo. Confuso e com substituições que não surtiram efeito. A fase iluminada de Hernane parece ter passado, Rodolfo, apesar de mostrar qualidades, ainda não se achou totalmente, Elias foi mediano, assim como o resto do time. Mas deu para o gasto, mesmo sem eliminar o jogo de volta.

Na repetição de erros o Flamengo foi o mesmo.

Pelo menos o resultado foi diferente.

domingo, 31 de março de 2013

Crise de identidade

(Foto: Ruy Trindade / Ag. Estado)
"Quem sou eu? O que quero?"

Duas perguntas que o Flamengo deve se fazer dentro de campo. Fora dele, tudo está decidido. Dirigentes procurando agir, entre erros e acertos, como o tradicional clube rubro-negro merece. Pés no chão, salários em dia, sem loucuras financeiras para trazer jogadores, plano de sócio torcedor, algo que há muito não se via na Gávea. Tudo em prol da reconstrução total do clube, principalmente econômica.

O coirmão paulista pode ser um bom exemplo. O Corinthians se reergueu depois de uma rápida visita ao inferno. Hoje é espelho e modelo para os outros clubes. O Fla resolveu se mexer antes de chegar ao fundo do poço total. A caminhada é longa, muito longa, mas o clube sabe o que quer. Se reerguer. Se reiventar. Se reafirmar. 

Mas o discurso e as atitudes fora de campo não estão sintonizados com o time dentro dele.

Jorginho não define uma escalação. Ele chama de testes. Eu chamo de pressão. Entra em campo um time, perde, muda uma peça, ou mais de uma. Entra outro time, empata, nova mudança. Depois, outra, outra e mais outra. É a necessidade de provar que algo está sendo feito, que não há ninguém confortável com a situação. Mas se o técnico não sabe o que quer, imagine os jogadores...

Quem é titular? Quem é reserva? Por que substituir um jovem jogador aos 43 minutos do 1° tempo? A insegurança pede licença, começa a circular pelo elenco e isso obviamente também atrapalha. Fora a pressão da torcida que, apesar de saber as limitações do elenco, exige que ele jogue como o Flamengo merece. Nada mais natural.

Técnico e time precisam achar um caminho. Escolher um norte e segui-lo, assim como fez a diretoria. Podem errar e acertar, mas têm que saber o que querem e quem são. Quando os responsáveis pelo time dentro de campo tomarem uma decisão, aí a situação pode mudar.

Até lá,

"Quem sou eu? O que quero?"

Nem você sabe, Flamengo.

quinta-feira, 28 de março de 2013

A Camisa


No futebol existe uma ordem natural. Quando um clube grande enfrenta um pequeno, o grande vence. É assim que funciona na maioria das vezes. A tradição, a história e a camisa falam mais alto. Claro que em algumas ocasiões a ordem é invertida e o pequeno consegue tirar uma casquinha. No Carioquinha 2013 esse cenário vem acontecendo mais do que os grandes esperavam, ou estão acostumados. Principalmente nos jogos envolvendo a dupla Flamengo e Vasco, que estão passando um sufoco fora do normal por vários motivos.

Flamengo 2 x 1 Bangu foi mais um exemplo desse cenário. O Bangu saiu na frente logo no começo do jogo e o rubro-negro só conseguiu virar no fim, com um golzinho chorado, chorado. Troca de técnico, clube se reorganizando, time pouco qualificado, ausência de um jogador decisivo. Essas são algumas razões que fizeram o time de Jorginho penar para vencer o modesto Bangu.

Sem craques como Leandro, que sofria ao ver o jogo nos estúdios da Rede Globo, fica difícil atropelar qualquer adversário que seja. Nessa hora a torcida se apega à raça, à tradição. "Aqui é Flamengo, tem que ganhar", vão dizer. E é mais ou menos isso mesmo. 

Nelson Rodrigues, apesar de tricolor, dizia: "há de chegar talvez o dia em que o Flamengo não precisará de jogadores, nem de técnicos, nem de nada. Bastará à camisa, aberta no arco. E diante do furor impotente do adversário, a camisa rubro-negra será uma bastilha inexpugnável".

E assim, mesmo sem time, sem qualidade, sem craques, o Flamengo venceu.

A camisa bastou. Não "aberta no arco"

Mas dentro de campo.

domingo, 17 de março de 2013

Quase

(Foto: Paulo Sergio / Lancepress)
No intervalo do jogo entre Vasco e Volta Redonda, Bruno Mazzeo foi preciso. "O Vasco é o time do quase. O Nei é quase um bom lateral, o Éder Luis é quase um bom atacante", brincou o comediante. E não é que ele tem razão?

No primeiro tempo o Vasco quase não atacou.
O goleiro Gatti quase não teve trabalho. 
No gol do Voltaço Dedé quase alcançou a bola e Alessandro quase conseguiu espalmar.
Dakson tentou cruzar e quase fez um golaço. A bola parou no travessão.
Depois foram quase chutes, quase cruzamentos, quase gol.
No último lance, quase Carlos Alberto conseguiu empurrar para o barbante.

Quase.

No intervalo o Gaúcho quase soube explicar os motivos do Vasco jogar tão mal.

Logo no primeiro minuto do segundo tempo o Éder Luís quase marcou.
Dois minutos depois o Wendel quase acertou um chutaço.
Bernanrdo entrou e quase fez um gol.
Éder Luís continuou no quase. Quase acertou alguma coisa.
Carlos Alberto quase fez bons lançamentos.
Yotun quase teve sucesso nas jogadas que tentou.
Romário quase cabeceou para o gol.
Gaúcho quase conseguiu mudar o resultado com as substituições.

Mas, como disse Bruno Mazzeo, foi mesmo o dia do quase.

Quase que o Vasco teve dia de Vasco.

Quase que o Vasco não perdeu para o Volta Redonda.

Quase, né?

quinta-feira, 14 de março de 2013

Realidade

(Foto: Celso Pupo / Agência Estado)
Vamos fugir do clichê. Nada dizer que o Flamengo sofreu um apagão no intervalo e levou três gols em 25 minutos. A situação é simples e precisa ser encarada de forma simples. Finalmente, depois de uma Taça Guanabara impecável, o rubro-negro jogou aquilo que se esperava dele no começo do ano. Ou seja, nada. Mesmo no primeiro tempo, quando abriu dois gols de vantagem, a equipe de Dorival não apresentava um grande futebol. Para ficar claro, a expectativa no começo do ano era praticamente nenhuma, e o desempenho surpreendeu, por isso afirmo que ninguém esperava nada do Flamengo.

Para ser mais simplista ainda, o Fla perdeu levando gols por conta de seu ponto mais fraco, as bolas aéreas. Não é de hoje que a equipe tem dificuldade com as bolas alçadas na área. Contra o Resende, os três gols sofridos foram assim. Um em bola lançada e outros dois em lances de cruzamentos. E isso tudo dentro de um sistema defensivo democrático. Uma falha de Alex Silva e duas de González. Aqui é importante ressaltar uma certa culpa do técnico Dorival Júnior para que ela não passe despercebida. Por que as constantes trocas na zaga? Há mesmo motivo para fazer um rodízio entre os zagueiros?

Renato Santos vinha bem, agradando a torcida. Dorival o tirou para colocar Wallace, que não passou a mesma segurança. Agora sacou Wallace e promoveu Alex Silva à titularidade. Obviamente que o desentrosamento pesa e as falhas de posicionamento no jogo de hoje evidenciam essa situação. Então, é hora do professor escolher uma dupla e deixá-la jogar.

No mais, começar ganhando do Resende por 2 a 0 e perder por 3 a 2, ainda mais da forma como foi, realmente é para se lamentar. Mas não é o fim do mundo, muito menos algo inesperado. Após três meses, o Flamengo não só ratifica que tem um elenco carente, como mostra que o caminho a ser percorrido é longo. Se a torcida começava a criar esperanças demais, pode baixar um pouco a bola.

Por mais dura que seja, a realidade é essa.

E ela finalmente bateu à porta.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Casa da mãe Joana

(Foto: Marcelo Theobald / Ag. O Globo)
Quando você recebe um visitante na sua casa, o mínimo que se espera é que ele seja educado. Sente direitinho no seu sofá, não abra a sua geladeira, não pegue nada sem sua permissão. A casa é sua, há regras e o convidado precisa respeitá-las. O jogo começou assim. O dono da casa impondo o ritmo, mostrando ao visitante quem manda. Era tanta gente gritando que o convidado ficou assustado. Até resolveu dar um presente para ver se o dono da casa ficava mais tranquilo.

E ficou. O Flu aceitou o presente de bom grado dado por Veloso, goleiro do Huachipato. Fred fez 1 a 0, a casa toda ficou feliz e tranquila, e a festa estava ensaiada, só faltavam outros presentes. Mas eles não vieram. Aí, como de praxe, o dono da casa tricolor resolveu dar aquela acalmada, cozinhar o jogo em água morna. Tirou o pé do acelerador, deixou o visitante começar a se sentir íntimo demais. 

O folgado se esparramou no sofá, abriu a geladeira, pegou a cerveja do dono da casa e ainda bebeu no copo preferido dele. Que abuso! E deu outro presente. Só que dessa vez o presente foi de grego. O dono da casa tem que impôr as regras mas também precisa cobrá-las. Como relaxou, o visitante aproveitou para tomar conta do pedaço.

Depois, o Flu, tentando manter a pose de mandante furioso, ainda quis arrumar a bagunça, mas era tarde demais. O tal do Huachipato, o visitante bagunceiro da vez, já tinha aprontado muito.

Com mais um resultado negativo, o Fluminense mostrou que tem casa.

Mas é a casa da mãe Joana.

domingo, 3 de março de 2013

Números

(Foto: Alexandre Loureiro / Lancepress)
O Flamengo vinha de 17 jogos de invencibilidade, contando a reta final do Brasileirão 2012, não perdia para o Botafogo há 3 anos, o equivalente a 11 jogos, não levara gol nas últimas 4 partidas, ou 360 minutos, e teve a melhor campanha da Taça Guanabara, com 22 pontos em 24 possíveis. Mas bastou apenas 1 minuto, 60 segundos, o menor valor entre todos os citados anteriormente, para tudo isso ruir. E aí acabou. Já era. O culpado? Julio César, lateral-esquerdo do Botafogo, que desfilou no meio da defesa adversária e fez um golaço.

Com a vantagem na mão, talvez o Flamengo tenha entrado em campo ainda dormindo. Já não é de hoje que o rubro-negro tem dificuldade para usar as vantagens que consegue. O alvinegro não tinha nada com isso e tratou de acabar com ela assim que o jogo começou. E graças ao gol relâmpago, a segunda semifinal da Taça Guanabara foi decidida no primeiro instante.

Flamengo mal em campo? Sim. Por quê? Porque o Botafogo esteve muito bem e simplesmente anulou a equipe de Dorival. Oswaldo soube armar um meio-campo criativo e pegador ao mesmo tempo. Conseguiu o gol no início e recuou para tirar a principal arma do adversário, o contra-ataque. Obrigado a criar, o Fla se viu amarrado, já que Carlos Eduardo demonstrou, mais uma vez, estar completamente fora de forma e condições de jogo. Depois, Dorival mexeu mal. Como o Botafogo esperava em seu próprio campo, o técnico poderia ter tirado Cáceres ao invés de Elias, que sabe sair mais para o jogo e é um meio-campista mais dinâmico.

Com o Flamengo mais em cima, Oswaldo, ao contrário de Dorival, mexeu bem. Colocou Vitinho nas costas de Léo Moura. O jovem não só incomodou a defesa rubro-negra, como também sacramentou a vitória depois que Felipe foi à área alvinegra tentar, no desespero, o gol no fim do jogo.

Os números são muito utilizados no futebol. Podem expressar vantagem para um ou outro.

Mas não podem ser determinantes.

Afinal, 1 minuto pode se tornar mais valioso que todo o resto.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Deu nó

(Foto: Paulo Sérgio / Lancenet)
O Fluminense começou a perder o jogo logo na escalação. Com Deco, Thiago Neves e Felipe como opção, Abel entrou com Wágner, que até hoje não fez jus ao investimento depositado nele. Luxemburgo armou um time traiçoeiro, mantendo duas linhas de 4 muito próximas - uma na intermediária e uma na entrada da área - tirando os espaços de Sóbis e Nem, e obrigando o Flu a fazer passes em profundidade, ora errados ora interceptados. A parede do tricolor gaúcho funcionou e ainda conseguiu jogar, já que Souza, Fernando, Elano e Zé Roberto se aproximavam para trocar passes e iniciar as jogadas de contra-ataque.

Barcos começou o jogo perdendo todas as disputas para Leandro Euzébio, mas recuava até o meio de campo e abria espaços para a velocidade de Vargas, que entrava às costas de Anderson e Carlinhos. Não bastasse isso, os laterais tricolores, principalmente Bruno, subiam mal e deixavam muito espaço para as descidas do Grêmio. O primeiro tempo ainda foi equilibrado, com o Fluminense tentando empurrar o Grêmio para trás. Mas com a adversidade no placar, todos sabiam que Abel iria trocar Wagner por Deco no intervalo. Dito e feito.

A mudança não surtiu o efeito esperado. Pouco depois do segundo gol gremista - nas costas de Bruno - Abel colocou Thiago Neves e Samuel. Ao tentar acertar, errou. Com a saída de Nem, o Flu perdeu profundidade e velocidade, se tornando ainda mais previsível. Além disso, liberou mais o lado esquerdo do Grêmio. Em jogada parecida com o segundo gol, mas do lado inverso, Barcos lançou Vargas nas costas de Carlinhos. O chileno fuzilou Cavalieri para aumentar ainda mais a vantagem do tricolor gaúcho.

O jogo foi até atípico, muitos esperavam um placar mais equilibrado, e não pode servir como base para dizer que o Fluminense virou uma porcaria e o Grêmio favorito ao título. Mas a partida pode ser usada para uma reflexão de ambos os lados.

Abel precisa acordar.

E, ao contrário do que muitos imaginam,

Luxemburgo não está dormindo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Sobre livros, Deuses e ídolos



O ditado popular diz que "nunca devemos julgar um livro pela capa". Em cada dez oportunidades, vamos fazer exatamente o contrário e julgar nas dez vezes. Todos nós. Fomos programados para julgar. Alguém passa na rua, você vê e rotula. Entra uma pessoa nova no seu emprego, você vê e rotula. Um novo aluno na sua turma da faculdade, você vê e rotula. É um ciclo vicioso e eterno. Julgamos sem conhecer, colocamos pré-conceitos antes de tudo. O ditado diz uma coisa, fazemos outra.

Em uma sociedade na qual há mais vilões do que heróis é natural que coloquemos em um pedestal qualquer um que faça algo diferente, mesmo que esse algo seja apenas aquilo que deveria ser feito com regularidade, como ser honesto, por exemplo. Dentro do esporte temos muito disso. Heróis, heróis, heróis. Atletas que se tornam ídolos e ícones de uma geração por se superarem, se destacarem, fazer muito mais e melhor do que todos os outros. Ídolos, ídolos, ídolos. Deuses.

Se a sociedade coloca em pedestal, o esporte leva ao paraíso. Deuses. Imortais. O Olimpo do esporte deve ser um dos lugares mais cheios do reino dos céus. Quantos heróis temos? Quantos Deuses criamos ano após ano? Eu posso ter alguns, você outros e até termos os mesmos. Fato é que são muitos. E todos eles, sem exceção, são julgados pela capa. Livros cheios de histórias bonitas, sem dúvida. Mas, no fundo, no fundo, não conhecemos o seu real conteúdo, seja bom ou ruim.

Lance Armstrong sempre foi um exemplo no esporte. Venceu um câncer, se recuperou e se tornou o maior vencedor da Volta da França, principal competição de ciclismo do mundo. Oscar Pistorius surgiu como mais uma referência. O biamputado se tornou famoso no atletismo paralímpico e olímpico ao correr com suas próteses. Ambos nunca deixaram que a vida arrancasse seus sonhos. Escreveram o próprio livro e nos mostraram. E nós, julgadores que somos, alçamos os dois ao posto de Deuses.

Agora, tanto um quanto outro estão expostos de um jeito que não imaginávamos. O ciclista confessou ter usado doping, em um esquema monstruoso, durante muitos anos. O velocista está envolvido na investigação da morte da namorada, da qual ele é o principal suspeito. Dois livros, duas capas, dois conteúdos desconhecidos. Nunca poderíamos pensar que atletas como os dois virariam notícia por tais fatos. Eles são ídolos, heróis, imortais. Deuses. Sem conhecê-los verdadeiramente, julgamos pela capa bonita que nos foi apresentada e criamos nossa imagem de adoração.

Os fizemos Deuses.

E nos esquecemos que mesmo os Deuses podem cometer erros mortais.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Verdadeiro clássico

Léo Moura comemora o gol de Hernane
Um clássico jogado como clássico. Lá e cá, dois times atacando, procurando o gol e dando espetáculo para as torcidas. Tirando a vergonhosa carga de ingressos colocados à venda, Botafogo e Flamengo podem se orgulhar de terem feito um jogo que possui a alcunha de clássico, um jogo pelo qual valeu a pena parar durante 90 minutos e assistir.

Seedorf e Fellype Gabriel pelo lado do Botafogo e Rafinha e Ibson pelo lado do Flamengo foram os principais destaques. Muito bem assessorados e coadjuvados por Hernane (que fase, até com a canela está fazendo gol), Rodolfo (que perdeu um gol incrível mas foi muito bem) e Lodeiro (sempre regular). Claro que o resultado foi mais positivo para o Flamengo, que garantiu a melhor campanha da primeira fase e o direito de empatar na fase final. Para o Glorioso, faltou um pouco mais de pontaria, principalmente no começo do jogo, quando teve duas boas chances desperdiçadas. Depois, a maioria dos chutes foi em cima de Felipe.

E se os clássicos precisam ter um ingrediente a mais, a canela de Hernane deu o gosto da vitória para os flamenguistas. Do lado alvinegro, faltou entender a invenção de Oswaldo, colocando Julio César como volante, que não funcionou. Também não ajuda o Botafogo a má fase de Bruno Mendes. Se ano passado o jovem atacante conquistou o coração da torcida anotando gols, esse ano a seca está presente. Quando voltar a melhor forma, certamente esse time estará mais forte.

Se a torcida andara com saudades de clássicos que realmente pudessem ser chamados assim, os rivais fizeram questão de acabar com ela. Quem não viu, perdeu.

Independentemente do resultado, valeu o jogo.

Não importa quem perdeu, não importa quem ganhou.

Como nos velhos tempos,

O clássico orgulhou a todos.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Super Bowl: um título e muitas histórias

Quando entraram no campo do Superdome para disputar o Super Bowl XLVII, tanto Baltimore Ravens quanto San Fracisco 49ers tinham motivos de sobra para querer sair dali com o troféu Vince Lombardi. Depois de um jogo emocionante e muito disputado, com direito a 30 minutos de apagão, o time de Baltimore, com apenas 16 anos de existência, sagrou-se campeão pela segunda vez (a outra havia sido em 2000). Dos dois lados havia histórias interessantes, daquelas que faziam os dois times serem merecedores do título. Como o Ravens ganhou, vou contar algumas delas nesse post. São histórias de superação pessoal e profissional. Todas elas, sem exceção, são bonitas e mereciam um final feliz.

Ray Lewis:


Se a franquia de Baltimore tem um rosto, certamente é o deste linebacker. O eterno camisa 52 foi escolhido para jogar no time no mesmo ano de sua fundação, em 1997. Ou seja, ambos estrearam juntos na NFL. Durante toda a carreira, Lewis vestiu somente as cores do Ravens, se tornando o maior nome da história do time, um ídolo sem igual. Em paralelo a isso, seu desempenho em campo, sempre em alto nível, o colocou, possivelmente, como o melhor linebacker da história da liga. Nessa temporada, o líder da defesa do Baltimore teve uma lesão no tríceps que o afastou da maioria dos jogos da temporada regular. Quando o time se classificou para os playoffs, Lewis afirmou que se aposentaria esse ano, independentemente do resultado. Além de superar a lesão e jogar as últimas partidas com uma proteção no braço, mostrando sua garra habitual, o anúncio de que esse seria o último ano da carreira do defensor foi um combustível a mais para o Ravens.

Joe Flacco:



Draftado pelo Ravens em 2008, o QB sempre foi muito criticado por amarelar nos jogos decisivos. Mesmo levando o time à fase final nas temporadas de 2008 (quando se tornou o primeiro calouro a vencer dois jogos de playoff), 2009, 2010 e 2011 (quando perdeu a final de conferência), Flacco nunca foi colocado como um dos principais QBs da liga. Mas, em 2012, enfim, o estigma teve fim. Com participação fundamental na temporada regular e nos playoffs, principalmente com passes longos certeiros, o jogador teve seu talento reconhecido. No jogo de ontem, Flacco lançou 3 TDs, não sofreu nenhuma interceptação e liderou Baltimore do começo ao fim. Consequência: foi escolhido o MVP da final, uma baita ducha de água fria nos seus críticos.

Michael Oher:


Quem viu o filme "Um Sonho Possível", que deu o Oscar de melhor atriz para Sandra Bullock, já sabe por que Oher está aqui. O offensive tackle teve uma vida complicada, o que é retratado durante toda a película. Filho de mãe viciada e de um pai que passava mais tempo na cadeia do que fora dela, o gigante e desengonçado Oher não tomou rumos sombrios por acaso. Selecionado pelo Ravens no draft de 2009, ele foi titular absoluto do time desde então. Agora, três anos depois de chegar à franquia, nada como um Super Bowl para coroar uma vitória pessoal e profissional.

Torrey Smith:



O wide receiver do Ravens precisou passar por uma provação essa temporada. Em setembro de 2012, um dia antes do jogo contra o New England Patriots, o irmão caçula de Smith se envolveu em um acidente automobilístico e morreu. Ao receber a notícia, o jogador pegou um avião, foi ao enterro do irmão e, em menos de 24 horas, estava entrando em campo. Naquele dia, talvez como uma homenagem, o wide receiver fez a melhor partida da carreira. E, com certeza, pensou nisso durante o resto da temporada. Em declaração antes da partida, ele disse que vencer seria uma forma de amenizar a dor da perda, além de homenagear o irmão, um dos seus maiores incentivadores.

Anquan Boldin:



O veterano wide receiver chegou ao Ravens em 2010, após sete anos no Arizona Cardinals. Um dos principais recebedores da liga, Boldin viu em Baltimore a chance de, enfim, conquistar o Super Bowl. Em 2009, quando ainda jogava em Arizona, Boldin perdeu o Super Bowl XLIII de forma dramática. Naquela ocasião, o Steelers marcou o TD da vitória quando faltavam poucos segundos para o fim do jogo. Agora, 4 anos depois, como um dos destaques do time, ele pôde comemorar.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A apoteose de Rafinha

(Foto: Rudy Trindade / VIPCOMM)
Quem diria que um pequeno e magrelo garoto, disputando o seu primeiro clássico, poderia fazer o que fez? Ninguém esperava que Rafinha pudesse decidir o jogo contra o maior rival. Provavelmente nem ele esperava isso. O jogo superou todas as expectativas e o camisa 11 rubro-negro tratou de chamar a atenção para si sem a menor timidez ou embaraço. 

Talvez nem fosse o melhor dia para dar um show. Clássico em uma quinta-feira, horário insólito, ainda nas rodadas iniciais, e ambos os clubes em reconstrução. Seria o típico jogo para empate. Seria, quem sabe, se Rafinha não estivesse em campo. Se Rafinha não corresse tanto. Se Rafinha não participasse dos quatro gols. Se Rafinha não marcasse um golaço. Se Rafinha não fosse Rafinha. Mas, afinal, quem é Rafinha?

Ao sair do CFZ para o Fla, o jogador serviu como muleta para uma polêmica. Capitão Léo acusou Zico de prejudicar o clube da Gávea no acordo CFZ-Flamengo (relembre aqui). À época, um dos jogadores que chegou ao rubro-negro foi o atacante. Na base, Rafinha teve bom desempenho, mas sempre chamou atenção pelo aspecto franzino. E pela velocidade, claro.

Nos profissionais, era difícil imaginar que ele seria titular e, mais ainda, começaria a fazer a diferença. Jogo após jogo, o rendimento de Rafinha vem crescendo e isso culminou com uma grande atuação justamente contra o Vasco. Ao participar de todos os gols e infernizar a defesa adversária, inclusive Dedé, Rafinha se transformou em um pequeno notável. Ainda há muito o que fazer? Sim, mas o começo é animador, principalmente para a torcida do Flamengo, que anda tão carente de ver jogadores vindos da base fazerem sucesso e, ao mesmo tempo, pode ter esperança em ter um time qualificado.

O Carnaval é só na semana que vem, mas Rafinha antecipou a festa rubro-negra.

Desfilou pelo gramado do Engenhão como se fosse sua apoteose particular e fez um baile de proporções inversas.

Pequeno artista,

Grande Carnaval.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Quando o resultado pouco importa


Fluminense e Botafogo entraram em campo hoje pelo Campeonato Carioca. O Glorioso goleou o frágil Audax por 4 a 0 enquanto o Flu apenas empatou com o Friburguense por 2 a 2. Pelo elenco que têm, ambos sempre serão favoritos contra os pequenos, assim como Flamengo e Vasco, mesmo que esses dois ainda contem com elencos pouco confiáveis. Fato é que nos jogos de hoje o Botafogo fez valer o favoritismo. O Flu, não.

Mas isso pouco importa. Para o tricolor, o Cariocão 2013 serve como pré-temporada. Os jogos praticamente viram treinos para que os jogadores readquiram o ritmo de jogo e os contratados se entrosem com o restante do elenco. O time que vem sendo escalado não é considerado o ideal, os principais jogadores são poupados e, assim mesmo, o Flu estará nas fases finais, óbvio. Pouca importa se empatou com o Friburguense e pouco vai importar se empatar ou perder para qualquer outro time pequeno. O planejamento é a Libertadores, naturalmente. Torcida, técnico, jogadores, diretoria, todos pensam somente na taça ainda inédita.

Já o Botafogo, talvez, tenha apenas um motivo para se preocupar com os resultados do cada vez menos importante Campeonato Carioca. Melhor: Oswaldo tem um motivo para querer vitórias e mais vitórias contra os pequenos. Apesar do bom trabalho e das raras opções no mercado, parte da torcida insiste em questionar o treinador, muito por conta das polêmicas de Oswaldo com Loco Abreu, ídolo e ex-atacante do alvinegro. A loucura dos torcedores - com perdão do trocadilho - pode jogar uma pressão desnecessária em cima de jogadores e técnico, obrigando o time a passar o trator em todos os adversários. Ao menor sinal de tropeço, vaias, manifestações contrárias ao treinador e todo aquele blá blá blá vão acabar acontecendo.

Mais importante do que os resultados é o torcedor, seja do Fluminense ou do Botafogo, entender que o Cariocão é nada mais nada menos do que um laboratório. O campeonato deve ser utilizado para testar, errar, acertar, colocar tudo em seus devidos lugares para fazer um bom papel nas outras competições do ano, essas sim, muito mais relevantes.

Ser campeão até pode ser bom para o torcedor, que certamente vai estar ávido para sacanear os rivais, mas isso não precisa se tornar uma obrigação para ninguém, ainda mais para quem já tem elenco encorpado, como é o caso dos dois clubes.

Caso um dos dois seja campeão, torcedor, aproveite e goze o rival. Mas se perder, não faça disso o fim do mundo.

Fim do mundo é se importar com aquilo que não vale nada.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Mudança, seja bem-vinda


Flamengo e Palmeiras têm algumas coisas em comum. O cenário político dos dois clubes é sempre muito tumultuado e acaba influenciando os resultados em campo. Os bastidores são repletos de armadilhas, manobras ardilosas, ou seja, são verdadeiros caldeirões. Não bastasse isso, os dirigentes eleitos sempre chegaram com discurso de mudança, garantindo, até o fim do mandato, que os clubes estariam mais fortes, brigando por títulos, recheados de craques e ocupando o lugar que merecem. Mas quase nunca essas ações realmente foram concretizadas. O reflexo disso é o atual estágio calamitoso no qual os dois se encontram, principalmente no que diz respeito ao aspecto financeiro.

Mas, agora, a situação parece mudar. Eduardo Bandeira de Mello e seu qualificado grupo de executivos chegou ao Flamengo, em dezembro, agindo diferente. Pés no chão, assumindo dívidas publicamente e tentando fazer tudo às claras. Mesmo sem dinheiro e sofrendo com penhoras, o rubro-negro vem conseguindo reforçar o elenco dentro das possibilidades, com boa atuação de Paulo Pelaipe, diretor de futebol, no mercado. Ainda é muito cedo para dizer onde tudo isso irá levar? Sim, mas o caminho escolhido parece ser o mais correto.

Como também foi correta a primeira atitude do novo presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, que ocupa o cargo há três dias. Ao lado do novo diretor executivo, José Carlos Brunoro, o mandatário confirmou que desistiu da contratação do argentino Riquelme, inicialmente tentada pela antiga diretoria. O meia elevaria a qualidade do meio-campo alviverde, mas há a questão financeira e o fato do ex-jogador do Boca Juniors não atuar desde a final da Libertadores do ano passado, dia 4 de julho. Certamente o salário de Riquelme seria altíssimo, onerando ainda mais os vazios cofres palestrinos. Primeiro gol de Paulo Nobre.

Mesmo estando em estágios iniciais de mandato, as duas diretorias dão claros sinais de que procurarão fazer uma administração mais austera, se preocupando primeiro em arrumar a casa para depois correr atrás do prejuízo. Fazer contratações milionárias para conquistar a torcida pode até adiantar em um primeiro momento, mas será que isso é válido mesmo, pensando a longo prazo? Óbvio que não.

Ambas diretorias parecem caminhar na mesma direção, fazendo o que é certo para o futuro dos clubes.

Mesmo que seja com passos pequenos, dia após dia, tudo indica que vão chegar ao final feliz.

O tempo mostrou que as direções passadas estavam erradas

E, provavelmente, vai mostrar que as atuais estão certas.

Basta esperar.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Família Scolari - Parte II


Eis que temos a primeira versão da nova Família Scolari. Como toda lista de convocação, há os questionamentos, os elogios, o famoso "chamou fulano mas deixou sicrano de fora? Que absurdo!" entre outras demonstrações de contento ou pesar. Lembrando que a mudança de técnico também implica mudança de filosofia, conceitos, variação tática e, claro, jogadores. Afinal, cada um de nós tem as suas preferências e não poderia ser diferente com os técnicos. Sem enrolação, vamos aos nomes e o que penso sobre cada um deles fazer parte dos convocados para o amistoso contra a Inglaterra, dia 6 de fevereiro, em Wembley.

Goleiros

Diego Alves (Valencia) - Sempre gostei dele e continuo gostando. Precisa ter mais chances como titular. Pela idade, 27 anos, pode ser dono da vaga na Copa de 2018. Até lá, pegar experiência na Seleção é importante.

Julio Cesar (QPR) - Depois de um tempo no banco, voltou a figurar entre os titulares do clube inglês. O momento de Jefferson e Diego Cavalieri é melhor? Sim, mas vale lembrar que goleiro é posição de confiança e Felipão gosta muita de Julio Cesar. Em tempo: não é o caso agora, mas estando em forma, Julio Cesar é superior a todos os goleiros brasileiros.

Laterais

Adriano (Barcelona) - Reserva de Marcelo. Como o lateral do Real Madrid está machucado, nada mais natural do que ele continuar na lista. Nenhuma surpresa.

Daniel Alves (Barcelona) - Com o esquema do Barça nem sempre faz, efetivamente, a função de lateral. Mas o Brasil carece de jogadores tanto para o lado direito quanto esquerdo da defesa. Assim, é o nome mais indicado.

Filipi Luís (Atlético de Madrid) - Vem se destacando no futebol espanhol há um tempo. Adriano é o reserva imediato mas não é absoluto. Vale o teste.

Zagueiros

Dante (Bayern de Munique) - Confesso que não conheço. Mas as primeiras informações que obtive são positivas. Zagueiro de 28 anos, titular, foi escolhido o melhor da posição no Campeonato Alemão. Quer saber mais sobre o cabeludo Dante? Acesse o post do Pedro Venancio no Blog da Trivela clicando aqui.

David Luiz (Chelsea) - Natural estar na lista. Continua bem no Chelsea e ainda é novo, tem muito para evoluir.

Leandro Castán (Roma) - Saiu bem do Corinthians e segue bem na Roma, apesar de jogar muitas vezes improvisado na lateral-esquerda. Bom nome.

Miranda (Atlético de Madrid) - Titular do clube espanhol que no momento é o 2° colocado no campeonato nacional, atrás apenas do Barcelona. Isso não credencia ninguém, mas é um bom começo. Miranda é bom zagueiro mas não é midiático, fazendo com que muita gente não se lembre dele. Ótima novidade.

OBS: Thiago Silva, titular absoluto, está machucado.

Volantes

Arouca (Santos) - Já esteve em melhores fases, mas não chega a ser um nome contestável.

Hernanes (Lazio) - Vive seu melhor momento no clube italiano, sendo um dos líderes do time. Bola dentro de Felipão.

Paulinho (Corinthians) - Melhor volante brasileiro na atualidade. E isso basta.

Ramires (Chelsea) - Não pode ficar fora.

Meias

Oscar (Chelsea) - Por questões táticas, nem sempre é titular no clube inglês mas, sem dúvida, é o melhor jogador que temos na posição hoje, mesmo sendo um garoto.

Ronaldinho (Atlético Mineiro) - Se jogar como o meia-atacante do Galo, merece a vaga. Agora, se for o Ronaldinho desinteressado e displicente de Flamengo e Seleção Brasileira, não precisa ser chamado na próxima.

Atacantes

Fred (Fluminense) - Gastou a bola no Brasileirão 2012. Um dos melhores centroavantes do Brasil. Precisa corresponder na Seleção.

Hulk (Zenit) - Foi comprado pelo clube russo por pouco mais de 60 milhões de euros (!) e ainda não justificou o alto valor. Entrou em rota de colisão com o técnico da equipe e falou até em sair do clube. No lugar dele, eu convocaria Kaká, tendo, assim, mais uma opção para o meio.

Lucas (PSG) - Jovem, excelente jogador e muito para contribuir. Assim como nas convocações anteriores, merece.

Luis Fabiano (São Paulo) - Sabe fazer gols e foi muito importante na Era Dunga. Com a cabeça no lugar, pode contribuir bastante.

Neymar (Santos) - O nome já fala por si.

Comentários finais

Como colocado acima, gostaria de ver Kaká no lugar de Hulk, até pelo que ele apresentou nas últimas convocações de Mano Menezes. Tirando isso, não vejo muito o que questionar. Talvez a convocação de Julio Cesar mas, como disse, goleiro é posição de confiança, cada treinador tem o seu. No mais, acho que é uma convocação correta e coerente com o estilo de Felipão. São jogadores que ele conhece e confia e, apesar do envelhecimento do grupo, pode dar liga.

Lembrando também que essa é apenas a primeira convocação. Alguns vão sair e outros vão entrar até que se chegue no grupo considerado ideal pelo treinador. Fato mesmo é que, ao menos esse ano, os testes pelos quais a Seleção irá passar são duros. Além da Copa das Confederações, amistosos contra grandes equipes, como Itália, Argentina, Alemanha entre outras estão no calendário.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Com razão, sem coração


Fiquei por alguns segundos pensando em um jeito criativo para fazer o texto sobre a saída do Love. Não consegui imaginar nada além dos clichês mais batidos do mundo como "acabou o amor", "o amor se foi" e coisas afins. Depois pensei o porquê de não ter conseguido criar uma metáfora para essa situação e a conclusão a qual cheguei foi: Vagner Love não instiga minha criatividade e isso tem uma explicação.

Ele é apenas um bom jogador. Média 6, 7, e é isso. Assim mesmo. Objetivo, direto, frio. O agora ex-atacante do Flamengo faz bons jogos aqui e ali, mete uns gols, perde tantos outros e fim de papo. Boa parte da torcida não gostou da saída do jogador por dois motivos: ele é ídolo dos rubro-negros e, querendo ou não, foi aquele pequeno oásis de técnica em meio ao deserto rubro-negro durante todo o ano de 2012. A saída dele enfraquece o time? Sim, e muito. Mas, como dito acima, isso acontece simplesmente pelo fato do Flamengo ainda não ter jogadores, muito menos atacantes, que possam servir como referência dentro de campo.

O torcedor é imediatista. Obviamente os flamenguistas gostariam que a nova diretoria chegasse e montasse um elenco estelar, que brigasse por todos os títulos e pudesse ser campeão de tudo. Depois de um pífio 2012, ninguém quer mais um ano na seca. E a torcida tem razão, vencer campeonatos é a melhor coisa que tem. Mas a proposta dos novos diretores é outra. É vencer, mas a longo prazo. É fazer um clube forte que consiga se manter sempre no topo. Só que isso demanda tempo, e nem sempre o torcedor entende. 

Por que gastar um dinheiro que não tem, aumentar as dívidas e criar mais um problema, apenas para manter um jogador nota 7? Por que não se livrar dele, dos salários e da dívida com o clube russo, pensando em manter os salários dos outros jogadores em dia e dando credibilidade ao clube? A filosofia mudou. Passou do "não tenho dinheiro e compro mesmo assim" para "não tenho dinheiro e não vou comprar". Bola dentro da diretoria, que agiu com a razão e sem o coração.

Seja paciente, torcedor. São atitudes como essa, profissionais, que o Flamengo precisa para voltar a ser bem visto no mercado por empresas, jogadores, treinadores e todos aqueles que fazem parte do meio futebolístico. São atitudes assim que levam qualquer clube a sair de um momento ruim e tornar a ser grande. 

Quem quer ser campeão carioca todo ano e ganhar um título importante a cada 10, 20 anos, vai sentir falta de Vágner Love e criticar a postura da diretoria.

Quem espera um clube forte, capaz de atrair mais jogadores acima da média e que esteja no topo sempre, vai entender.

A saída de Vágner Love pode significar a perda do Cariocão 2013 ou a conquista de inúmeros troféus mais importantes daqui a alguns anos.

São duas possibilidades. Uma pequena tristeza momentânea ou imensas alegrias futuras. Só depende de como cada torcedor enxerga a questão.

E para não desperdiçar o clichê,

Acabou o amor.

Começou o profissionalismo.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O "coadjuvante" Cristiano

Para usar esse terno, só sendo melhor do mundo 4 vezes
Lionel Messi foi eleito o melhor jogador do mundo pela quarta vez consecutiva e se tornou o maior vencedor do prêmio. Mas deixemos Messi de lado. Vamos falar do vice, ou melhor, tri-vice, Cristiano Ronaldo.

Ronaldo diz que não se importa, que o prêmio nem vale tanto assim. Mas para quem afirma que "humildade em demasia é defeito", o prêmio é relevante, sim. E talvez o português ganhasse essa eleição nas três vezes em que foi vice. Talvez... se Messi não existisse, fosse 10 anos mais novo ou mais velho, enfim, se de alguma forma o argentino não fizesse parte da mesma geração. Cristiano Ronaldo é craque, gênio, um jogador completo e, pelo que dizem aqueles que o conhecem, profissional ao extremo. Se dedica, treina, treina, treina e treina cada vez mais, sempre procurando ser o melhor.

Mas Messi está sempre ali para lhe roubar os tão desejados holofotes. Não roubar por completo, até pela timidez do jogador do Barcelona, mas sempre na hora mais importante. Se Ronaldo for o melhor do mundo, Messi tem que ser o melhor do universo, o que torna tudo até mais irônico. O fato de Cristiano ser tão bom, e mesmo assim não conseguir ser o melhor do mundo, faz de Messi um jogador ainda mais espetacular. O português está em um patamar que nenhum outro jogador está. É superior a todos, sem discussão. Mas Messi está sempre um degrau acima e, a julgar pela diferença de idade (CR7 é 3 anos mais velho que Messi), Ronaldo deve entrar na parte descendente da curva primeiro. 

O que resta ao craque do Real Madrid é fazer o que vem fazendo temporada após temporada: jogar bola, marcar gols e ser decisivo para o seu clube. Com sorte, a maré vira um pouco de lado e ele inverte, pelo menos por um ano, a ordem natural do futebol, assim como o Real fez ano passado ao bater o Barça no Campeonato Espanhol.

Caso não aconteça, paciência. Seu nome estará na galeria dos maiores craques da história do futebol de qualquer jeito. 

Sempre sendo lembrado como o "coadjuvante" de Messi, sempre lembrado como o perseguidor do Pulga. 

Um "coadjuvante" de luxo, que poderia ser o melhor do mundo, mas não é

Simplesmente porque compete com o dono dele.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...