quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

FMH Entrevista - Rica Perrone - Parte 2


Na continuação da entrevista, Rica fala sobre a simpatia pelo Flamengo, idolatria por Zico, Messi, Lucas, Neymar e muito, muito mais.

Confira abaixo os principais trechos:

Simpatia pelo Flamengo

"A culpa é do Zico. O Zico é meu ídolo. Eu sou
da geração das Copas de 86 e 82 e o 10 era o Zico. A molecada hoje não tem noção do que a Seleção representava. Em 82, 86 nós adorávamos a Seleção, a gente discutia a semana inteira e o Zico era o cara, era o salvador da pátria. Ai veio o lado do pai que eu tenho. Perguntei para ele por que o Zico jogava tanto e não jogava no São Paulo. Meu pai podia dizer qualquer coisa, mas me explicou sem ódio nenhum e eu olhei aquilo com simpatia. Então eu sempre quis ver jogo do Flamengo na TV porque queria ver meu ídolo jogar. A torcida do Flamengo é do cacete, sempre me encantei com a combinação Maracanã e torcida do Fla, sempre quis conhecer. Foi o time que me fez olhar futebol fora do meu time. E a torcida do Flamengo, queira ou não, me fez aqui no Rio. Eu era um jornalista de São Paulo, odiado pelos paulistas porque sempre falei bem dos times do Rio, mesmo sem ter público aqui. Até que o Flamengo teve aquela arrancada em 2007 e alguns flamenguistas começaram a ler e colocar no orkut. Ai comecei a ter publico aqui".

Futebol europeu

"Não tenho nada contra o futebol europeu, eu assisto, desde que sejam dois times grandes. Chelsea x Manchester é um jogo legal. Agora, não precisa terminar o jogo comemorando ou chorando pelo time, quem faz isso é idiota. Os caras não se importam, o site deles não é traduzido para o português e neguinho fica igual uma gazela gritando. Você pode gostar, mas não exagera. Eu torço para o Real Madrid, gosto do Real, mas não muda nada para mim se ele perde ou ganha. Ele não mexe com minha paixão, mexe com o meu lado de quem gosta de futebol. Não gosto daquela história de "aqui é assim, mas se fosse na Europa...". Lá também tem problema, xingam jogador de macaco, tem briga, invadem o campo, mas aí é perfeito. Aqui o cara joga um copinho de plástico e no dia seguinte tem uma coluna inteira no jornal falando disso. Isso me incomoda, essa mania que temos de ser colônia. Tem coisa na Europa que é melhor, mas tem coisa aqui que é melhor que o deles. O americano não faz isso com o esporte dele, o europeu também não, só a gente. Os caras lá fora cagam para a gente. E eu não dou moral para quem não me dá moral, é simples".

Messi

"O Messi é um puta jogador. Para mim, não é melhor que o Zico, nem chega perto, até porque ele tem só 25 anos, não seria justo. Se um dia for, de fato não vou assumir, isso não é piada. O Ronaldinho jogou mais bola, o momento dele no Barcelona era igual, por isso acho que é precipitado. Em algum momento o Messi vai cair e ai, como ele vai administrar esse momento, ninguém sabe. O Ronaldinho caiu, afundou. O Adriano caiu, afundou. O Messi pode estourar um joelho, tomara que não aconteça, mas pode, pode separar da mulher, jogador é influenciado pela vida pessoal. Nessas horas a gente vai saber se ele vai arrebentar ou vai afundar. Pode acontecer com o Neymar também, ninguém sabe. Quando o Ronaldinho jogava no Barcelona a gente jurava que estava diante do novo Pelé, e não estava. Agora é a mesma coisa".

Rivalidade com Argentina

"Eu não posso ser torcedor contra o Fluminense, contra o Vasco. O que me resta? O Brasil. E aí eu fomento para caralho, porque eu posso debochar, extravasar. Com a Seleção me sinto totalmente no direito de não gostar do argentino, e tentar colocar como uma coisa racional, ponderada, é uma burrice do caralho. Quero pegar a Itália, Argentina, eles são meus inimigos dentro do campo, fora do campo não tenho nada contra ninguém. Agora, o que pode ser melhor do que torcer contra a Argentina? Eles não ganham nada, os jornalistas que eu mais odeio gostam da Argentina, então é um prato cheio. Na medida que a Copa for chegando, as pessoas que dizem que não estão nem ai para a Seleção vão mudar de ideia. Hoje o torcedor não sente aquela relação apaixonada porque você não tem com quem discutir. Na Copa nós vamos ter, a gente vai ver o adversário e essa relação vai mudar".

Saída do Lucas

"100 milhões, cara. Não tem o que fazer, não dá para discutir. O que eu vou falar para o moleque? Não vai? Impossível. Vai jogar numa liga mais fraca, mas é um time grande, com jogadores muito famosos, um time que vai estar em evidência, está jogando a Champions League, o que vou falar? Vamos dizer que ele não faça nenhuma loucura, ele passa 4 anos jogando no PSG e fica livre para fazer o que quiser. Como vou imaginar que o clube vai recusar 100 milhões e ele vai recusar a parte que cabe a ele? Não tem como discutir".

Neymar melhor do mundo

"Para a FIFA ele tem que sair, para mim, não, de jeito nenhum. No Brasil se joga mais jogos difíceis por ano que nos campeonatos europeus. Claro que o time grande europeu está acima do time grande brasileiro, não discuto isso. Mas ao final do ano, você fez 30 jogos contra times grandes, e o cara lá fez 9, 12. Nós somos muito mais competitivos. Acho que o Neymar poderia ser o cara a quebrar o tabu, ser o melhor do mundo jogando no Brasil, porque esse menino é uma coisa que eu nunca vi. Tenho 34 anos e nunca vi, na minha vida, nada parecido. Ele é um ET. Romário e Ronaldo são monstros mas, com 20 anos, não faziam o que esse moleque faz. Ele dribla para os dois lados, chuta, cabeceia, se posiciona, é um marqueteiro do caralho, uma presença, um carisma desgraçado, resolve jogo sozinho. É um puta jogador, mas não adianta jogar tudo nas costas dele. Fui ver o Neymar algumas vezes em estádio e percebi o senso de colocação, o quanto ele procura o jogo. Nós estamos diante de um negócio que não sei o tamanho, mas é bom".

Ídolos brasileiros

"Ninguém supera o Pelé, porque ele foi o primeiro e ninguém tira isso. Sabe quando um piloto vai superar o Senna? Nunca, porque ele morreu na pista. Sabe quando um jogador do Flamengo vai ser melhor que o Zico? Nunca, porque ele foi o primeiro a ganhar tudo pelo Flamengo. Tem coisas que não têm dimensão, que são definitivas. Não é um numero que vai mudar. O Brasil não tem um ídolo de todo mundo. Em outros esportes não têm. No futebol tem ídolos de clubes, como o Rogério Ceni. Mas, no geral, acho que é isso mesmo, não tem. O Ronaldo parou e ficou só o Neymar de extraterrestre. O Ronaldinho joga para cacete mas é um mongol falando, ele não consegue desenvolver, não tem carisma. Isso é dele, não tem o dom da comunicação, então não vai se tornar um ídolo. Poderia, mas não vai".

Relação ídolos x torcedor brasileiro

"O brasileiro debocha demais dos ídolos. Em qualquer lugar do mundo o Zagallo seria Deus, aqui ele é piada. Brasileiro tem dificuldade de lidar com o sucesso alheio. Todo ator famoso é viado, toda atriz é puta. Jornalista tem uma dificuldade maior ainda. O jornalista é o cara que não conseguiu jogar bola.  Eu sou um frustrado, porque todo jornalista esportivo, em algum momento da vida, quis ser jogador e não conseguiu. Aquela dose de tentar diminuir o cara para colocar ele no seu patamar, é um mal do caralho. Se o jogador arrebenta, bate palma, não veja o porém. O Zagallo é um Deus do futebol. Você não gosta? Foda-se. Esse cara é tetracampeão do mundo pela Seleção, tem que bater palma de joelho para ele, é um ícone nacional. O Ronaldo é um fora de série e hoje neguinho lembra de travesti, não da recuperação, da Copa de 2002, do que ele representou economicamente para o futebol brasileiro com a vinda para o Corinthians. O Zico foi um monstro e as pessoas falam em pênalti perdido Foda-se o pênalti, tem que olhar o que o cara representou e representa para o futebol. Prefiro 10 Zicos perdendo pênalti, mas com a personalidade de entrar machucado e pedir para bater, do que 10 covardes. O que acontece no Brasil é uma inversão de valores".

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

FMH Entrevista - Rica Perrone - Parte 1


Ele jura que não, mas é um dos blogueiros mais reconhecidos do momento, principalmente entre o público jovem que utiliza redes sociais. As opiniões dele fogem ao senso comum e, muitas vezes, é tido como polêmico. Fã do futebol brasileiro, é um dos principais críticos a bajulação que fazem ao futebol europeu. Seus textos sempre veem o lado positivo dos jogos e times, valorizando todos eles, desde que façam parte do seleto grupo dos 12 grandes, como ele mesmo diz. Em 1h30 de entrevista - quase um bate-papo- concedida em sua própria casa no Rio de Janeiro, Rica Perrone não fugiu de nenhum assunto e foi o mesmo cara de sempre. Autêntico, direto e objetivo. Nessa primeira parte da entrevista ele falou sobre o novo programa na BEAT 98, amizades na imprensa, polêmicas com outros jornalistas, vantagens de ter um blog autônomo e muito mais. 

Confira abaixo os principais trechos:

Ter um rosto famoso

"Eu não gosto mesmo, não tenho paciência de estar no restaurante e neguinho ficar olhando para mim. Tenho muito amigo famoso e quando saio para almoçar com eles eu vejo os caras e não me sinto a vontade. Sei que as pessoas estão apontando, falando, eles sabem, estão acostumados, mas eu não sei se me acostumaria. Mas isso é muito menor aqui no Rio de Janeiro, talvez porque todo mundo famoso more aqui, então o carioca está acostumado. A minha proporção de fama também é ridícula, uma coisa é a internet, outra é televisão".

Programa na BEAT 98

"Eles abraçaram o programa (BEAT Bom de Bola), a equipe da rádio foi sensacional comigo, me tratam como se eu fosse da casa há 10 anos. Sou um paulista falando em uma rádio carioca e todos me abraçaram. Meu jeitão de fazer, de falar, encaixa muito mais aqui. Não é que o paulista não tenha senso de humor, mas ele cobra muito o resultado do jogo. Aqui no Rio tem resultado, mas tem todo o resto. O carioca gosta de se iludir com o futebol e é do cacete, porque o futebol é uma grande ilusão. Talvez por terem sido criados com Nelson Rodrigues, Armando Nogueira, lendo isso, você tem uma forma de ver futebol, e o paulista nunca teve isso, nunca teve a forma lúdica. Como sou muito brincalhão, encaixo aqui, a BEAT é uma radio popular, o meu jeito encaixa na rádio também".

Respeito de todas as torcidas

"Primeiro que eu tenho muito respeito por todos os grandes e escrevo igual para todos. Não tiro a grandeza do Atlético-MG por que ele está 40 anos sem ganhar. Acho que Botafogo e Atlético vão voltar a ganhar tudo. Eu sigo uma linha, o torcedor até pode ficar irritado com a brincadeira, mas ele não pode dizer que eu desrespeito o time dele, só se for pequeno (risos). Se eu fosse torcedor do Guarani, da Ponte Preta, esses times pequenos, eu iria preferir um cara que tirasse sarro do meu time do que um hipócrita da TV que diz: "Me preocupa a defesa do Náutico, porque o Náutico está mal". Preocupa o quê, irmão? Os caras nem sabem quem joga na defesa do Náutico. Se o Náutico cair, vão dar graças a Deus porque um pequeno caiu. O Náutico só preocupa a torcida do Náutico. O São Paulo preocupa, por exemplo, a imprensa, a mídia, patrocinador, televisão, audiência. O Náutico, a Ponte Preta, eles não preocupam ninguém, isso é um fato. Então eu prefiro ser prático e dizer que o time dele não me preocupa em nada, que ele é insignificante para mim, do que ser hipócrita".

Abismo financeiro entre os clubes

"O futebol brasileiro chegou em um nível de grana, não tão forte quando os tops europeus, mas dos médios para cima, e se a grana é desse tamanho, a divisão é de acordo com o que você vende. Um time do Nordeste tem muito menos poder de compra e influência de pessoas com poder aquisitivo alto do que um time do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais ou Porto Alegre. Portanto, ele vai fazer o ano dele com 20 milhões e o time daqui vai fazer com 200, que foi o que o Corinthians operou ano passado. Não tem mais nenhuma possibilidade disso se juntar, não dá mais. Até por uma questão social, demográfica. Infelizmente os estados do Nordeste são mais pobres e os clubes de lá valem menos, eu lamento muito mas não tenho culpa disso".

Fama de polêmico

"Muito disso é por que alguns colegas da imprensa insinuam isso para me menosprezar. Para mim, existem várias formas de polêmica. Tem gente que olha para mim, falando palavrão, brincando e pensam que eu sou o novo Kajuru. Cara, eu nunca levei um processo, e não vou levar. Se levar, vou ganhar, porque nunca ofendi ninguém, acusei ninguém de nada, simplesmente levo o futebol na brincadeira. Minha linha é outra, eu quero saber de futebol, de bola no campo, quero que se foda o político. Vou ficar dando cartaz para esses caras? Tudo que eles querem é isso. Esse lado murcha a paixão do torcedor e eu preciso da paixão dele para vender, se eu fizer isso, sou burro. Eu sou polêmico por ser diferente, mas não sou irresponsável e isso é difícil de entender. Já ouvi isso de editor de site grande. Os caras me veem falando palavrão, de bermuda e chinelo e acham que eu vou escrever alguma merda a qualquer momento. Não vou. Eu sou muito mais inteligente do que parece no twitter, lá é um bonequinho, um personagem que as pessoas tem que odiar ou amar".

Blog na Globo.com x autonomia

"Na Globo eu não podia fazer um texto como fiz outro dia falando um foda-se. Eu sei que para um jornalista de um site grande, TV, rádio, não pode falar palavrão, eu entendo totalmente, porque nesses lugares não está te ouvindo ou vendo quem te procurou, tem gente que está ali por estar. Agora, o cara que vai no meu blog, ele sabe o que quer ler e o que vai encontrar lá. Não vou mudar isso, o palavrão é uma coisa que me libera. Durante o ano que passei lá, eu sabia que ia sair, então o que fiz foi usar ao máximo a Globo.com para me dar audiência. Eu sai de lá com o dobro de audiência que cheguei. Mas foi bom para mim e para eles, porque dei muita audiência no site também. Mas nunca ninguém me mandou tirar nada do ar, se eu falasse isso, seria injusto. A única vez foi quando o Poli (NR: Gustavo Poli, editor-chefe do GE.com), me chamou e falou para eu diminuir o palavrão, ai eu zerei, só falava um porra e um merda de vez em quando. A independência é diferente porque me permite falar no tom que eu quero".

Amizades na imprensa

"Lógico que dá para fazer amizade na imprensa, mas a questão não é essa. Posso dizer que tem muita gente na imprensa, que por eu fazer uma coisa diferente e funcionar, fica muito incomodada, então tenho meus amigos, as pessoas que me conhecem, pessoas que não gostam do que faço mas me respeitam, o que é totalmente diferente. Só que tem gente que não gosta e não respeita e fica dando indiretinha. E ai eu respondo com diretas. 99,9% dos casos, eu estou revidando. Nunca partiu de mim, nunca. Eu nunca abri minha boca para falar deles. Quando teve a campanha no twitter para o Ricardo Teixeira  sair da CBF eu estava conversando com o Tiago Leifert (NR: apresentador do Globo Esporte SP) dizendo que não cabia a jornalistas participarem do protesto, e sim divulgar. Ai começaram a jogar indiretinha pelo twitter, e desde então passei a tirar sarro desses caras. Se manda indiretinha, e eu sei que é para mim, não finjo que não é, vou lá e mando tomar no cú. Briguei umas 3 ou 4 vezes publicamente, mas nenhuma fui eu quem começou".

Divulgação dos times por parte dos jornalistas

"Eu respeito o cara que assume que tem um time mas diz que não vai divulgar. Acho ridículo quando um cara inventa um pequeno, e aqui, pelo amor de Deus, não me refiro ao Alex Escobar (NR: apresentador do Globo Esporte RJ), o Escobar é América mesmo, e fica carregando o time o resto da vida só para fazer média com todo mundo, ai não dá, acho uma baixaria do cacete, não gosto. Mas está na hora do torcedor amadurecer, da relação amadurecer, o torcedor tem que entender que o jornalista é um ser humano e o jornalista tem que entender que o torcedor é um ser irracional na hora do jogo Os dois lados têm que se entender. Não consigo acreditar que ainda tenha animal que pense em agredir jornalista por causa de time. O Neto é corintiano e ninguém agride o cara. O torcedor é ignorante e tal, mas é ignorante com o cara que é muito exagerado. Eu assumo o time, entendo quem não assume, mas têm uns caras que todo mundo sabe para quem torcem e eles negam. Aí eu acho que o cara está fazendo papel de bobo".

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Tudo azul no Flamengo

Eduardo Bandeira, Zico e integrantes da Chapa Azul
(Foto: O Dia Online)
2013 vai chegar e, com ele, chegará também um novo presidente no Flamengo. Eduardo Bandeira de Mello (Chapa Azul) foi escolhido pela maioria dos sócios e deixou para trás Patrícia Amorim (Chapa Amarela) e Jorge Rodrigues (Chapa Rosa).

O carro-chefe de Eduardo Bandeira e da Chapa Azul foi a palavra modernização. Modernizar o Flamengo com uma gestão profissional é o que propõe o novo presidente e seus pares. Alguns cargos já têm seus nomes definidos e o que se espera é um grau de competência maior na administração do Fla. Todos os indicados são empresários reconhecidos em suas áreas e, assim, parecem ser os mais capacitados para levantar um clube inundado em dívidas e sucessivas gestões calamitosas. Em um ano de tantas notícias negativas, soa até estranho a melhor delas ter vindo logo da política, que na Gávea, como todos sabem, é um mar de lama.

O torcedor precisa ser realista e manter os pés no chão. Não adianta enxergar o vencedor como um Messias, como o salvador da pátria que vai transformar o Flamengo no Barcelona, Real Madrid ou Manchester United. Isso foge à realidade. Eduardo vai errar e acertar em todos os setores, até porque vai pegar um clube que vem sendo maltratado nos últimos anos. O trabalho, por mais competente que todos sejam, vai ser duríssimo. Há muito o que arrumar, principalmente nas finanças e no futebol. Nem de longe é das tarefas mais fáceis.

Mas se o trabalho vai ser duro, pelo menos há uma esperança na renovação. Renovação de pensamento, de filosofia, de nomes, de conduta. Os anos passam e as pessoas que se perpetuam no Flamengo são sempre os mesmos. Sopros de um vento renovado podem fazer bem ao Mais Querido. Além da renovação, há uma esperança no renascimento rubro-negro, não apenas como time de futebol, mas também como instituição. A instituição Flamengo precisa mudar, evoluir, voltar a ser referência de coisas boas e não de chacotas intermináveis. Clubes grandes, independentemente de ser o Flamengo ou não, precisam estar bem, no topo. É salutar para o futebol brasileiro como um todo.

E a chance do rubro-negro se reerguer parece ter chegado. Pode dar certo ou errado. São possibilidades que sempre vão existir.

Só o fato de tentar uma mudança já é altamente positivo.

Se vai funcionar, só o tempo dirá.

Uma coisa é inegável.

O céu vermelho e preto, que andou tão cinza em 2012, mudou de cor.

Agora tem uma pincelada de azul.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Carta aberta ao Palmeiras


É, Palmeiras, o que fizeram contigo...

Tantas e tantas glórias passadas, ídolos eternos, boas histórias para contar... e um presente de se envergonhar. Mas a culpa não é sua, Palestra, não. A culpa é deles. Senhores engravatados fingindo saberem de tudo quando não sabem de nada. E daqueles outros também, que usam suas cores e seu nome mas, na verdade, só querem balbúrdia e algazarra, brigas e violência, ameaças a dirigentes, jogadores e torcedores de verdade. Os culpados são todos eles, que não sabem te valorizar, não sabem cuidar, não sabem incentivar nem torcer, mas sabem destruir.

E como eles destruíram você, não é? O alviverde não é mais tão imponente assim e a torcida não canta nem vibra como antes. Você sabia o que vinha pela frente, como bem diz o hino, mas agora não sabe mais. Tudo é incerteza, como uma cortina de fumaça que chega trazendo com ela intermináveis interrogações. No fim das contas, quem sofre é você, quem paga é você... e os seus fiéis seguidores, amantes verdadeiros, que não pensariam duas vezes antes de gastar o último centavo do mês para lhe dar um buquê de rosas. Ah, os amantes à moda antiga. Se você só vivesse deles, Palmeiras, estaria em melhores mãos.

Mas não está. Hoje quem te conduz são interesseiros. Os senhores que nada entendem de amor, futebol e tradição, e também os machões, que sugam a sua alma, sua vida, em prol de camisas que carregam pouco Palestra e muitas manchas. E o que pode você fazer? Nada. Nada. Nada. Quando você depende de outros para evitar um vexame, quando depende de outros para evitar uma vergonha em sua história, esse é o sinal mais claro do poço de decadência que te colocaram. A situação chegou a tal ponto, que teve um tal de Clóvis Rossi dizendo que não te quer mais e que a culpa é sua. Que desfaçatez!

Mas não se preocupe, Palmeiras. Ainda há salvação, sempre há. Os bons, os verdadeiros, os heróis da sua história, que já foram tantos em várias épocas, chegarão de novo e te colocarão de volta no seu lugar. E não me refiro apenas ao primeiro escalão do futebol brasileiro. Me refiro também ao manejo, ao cavalheirismo, ao trato repleto de romantismo que os atuais responsáveis não sabem te dar. Os torcedores reais, aqueles que riem, pulam, cantam e comemoram as vitórias, que caem, choram, sofrem e sentem a derrota, te abraçarão. E vão exibir orgulhosos, seja hoje, amanhã ou depois, a sua camisa, sua verdadeira camisa, para mostrar ao mundo quem é o alviverde imponente. 

Assim, Palmeiras, eles vão mostrar também

Quem é de fato o Campeão.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Cores quentes, frias e um tricolor campeão


No universo das artes existem cores quentes e frias. E elas não são flexíveis, não mudam de lado ao bel prazer do artista. Cor quente é cor quente, cor fria é cor fria. As quentes são vermelha, amarela e laranja, enquanto as frias são verde, azul e violeta. Branco e preto são cores neutras. Deixemos a aula de artes de lado e passemos ao campo de jogo.

Se o futebol tem a mania de subverter a ordem natural da vida em diversas situações, o Fluminense fez o mesmo com a regra das cores para ser o Campeão Brasileiro de 2012. Misturou as três cores que traduzem tradição (licença poética do autor para substituir o vermelho pelo grená), cada qual pertencente a um grupo, e criou um ser híbrido. Um time quente e frio ao mesmo tempo (grená e verde), além de ser neutro (branco), chegando a fingir certo desinteresse em alguns momentos das partidas. 

E a equipe só conseguiu atingir, digamos, esses estados térmicos, graças a alguns jogadores específicos. Diego Cavalieri e Gum, provavelmente os melhores goleiro e zagueiro do Brasileirão, respectivamente, abusaram da frieza ao defender o Flu tantas e tantas vezes. Assim como Deco e Jean, que comandaram o meio-campo tricolor com maestria e eficiência tática em muitas oportunidades. No extremo oposto, Fred e Wellington Nem esquentaram as defesas adversárias. O jovem atacante infernizou zagueiros, volantes e laterais com seus dribles rápidos, condução de bola veloz e até passes para gols, sendo extremamente importante na proposta tática do Fluminense, que era contra-atacar.

O que falar de Fred? Fred foi o mais puro vermelho, ou grená, no sistema de cores do Flu. A cor mais vibrante, mais explosiva, a cor quente mais importante. O centroavante já marcou 19 gols no campeonato e é o artilheiro isolado da competição. Foi decisivo para que o time das Laranjeiras conquistasse 31 dos 76 pontos que tem até o momento, ou seja, em jogos que o Flu empatou ou venceu por um gol de diferença, Fred marcou. O único que parece não enxergar que Fred está pegando fogo é Mano Menezes, que insiste em não convocá-lo para a Seleção Brasileira.

Além desses jogadores, outras peças foram fundamentais para o Tetracampeonato do Fluminense. No sistema de cores, eles seriam as quentes e frias secundárias. Thiago Neves, Carlinhos, Rafael Sóbis, Edinho, Samuel, Leandro Euzébio... em um jogo ou outro esses jogadores acabaram sendo os destaques, mas nada que alterasse o protagonismo dos citados anteriormente.

No Brasileirão 2012, temos um Tetracampeão. Um tetra em três cores.

E se são frias, quentes ou neutras, no fim das contas, tanto faz.

O que importa é que o verde, o grená e o branco são as cores campeãs.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Não basta ser Imperador

(Foto: Ivo González)
Adriano vai parar de jogar futebol ou não? Talvez isso nem importe mais.

Adriano tem um talento indiscutível, que o levou a jogar no futebol europeu, ser ídolo na Inter de Milão, se tornar Imperador. Também conseguiu disputar uma Copa do Mundo, ser campeão da Copa América e da Copa das Confederações pelo Brasil sendo decisivo nos dois torneios. Em 2009, voltou para o clube que o revelou, o Flamengo, para ajudar o time a ser Campeão Brasileiro e sair da fila após 17 anos. Adriano fez tudo isso mesmo envolvido com polêmicas, bebidas alcoólicas, depressão, amigos traficantes, fotos comprometedoras, festinhas com anões e jumentos e muito, muito mais.

Por algum motivo, todas as coisas boas ficaram para trás, mas as ruins... Desde 2010, o Imperador só convive com lesões, mudanças de um clube para o outro, tentativas e mais tentativas de recuperação. Há quem acredite, entre dirigentes e torcedores, que Adriano ainda é solução. Mas, faça-se a pergunta. Como resolver os seus problemas com alguém que não consegue resolver a própria vida? Adriano simplesmente é incapaz, hoje, de ser um atleta. É incapaz de levar uma vida normal. Mas como é jogador de futebol e jogadores de futebol costumam ser elevados a deuses e ter os seus pecados perdoados, ele continua por aí, aprontando das suas, pedindo desculpas e novas oportunidades.

O maior problema é que o Imperador é uma criança grande. E uma criança grande com muito dinheiro e súditos. Consegue o que quer, a hora que quer, do jeito que quer e tem os seus fiéis seguidores para aplaudir tudo o que faz. Enquanto brinca de ser jogador e leva a sério a vida de boêmio inveterado, Adriano vai afundando em um lamaçal que parece, cada vez mais, sem fundo. Um dia, talvez realmente acorde e perceba onde está enfiando não somente a carreira, como também a própria vida.

Quem torce para que Adriano volte a jogar, seja rubro-negro ou não, deveria mudar o foco. A torcida precisa ser pelo ser humano, não pelo jogador. Adriano, como muitos brasileiros, tem os seus problemas e precisa cuidar deles. Mas o status, a condição financeira, os "amigos" e, talvez, até a profissão, o façam pensar que sairá dessa a qualquer hora. Mas nunca funcionou assim com ninguém, e duvido que algum dia funcionará com qualquer indivíduo.

Mesmo que ele seja um Imperador.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Pontos de Vista


O resultado de um jogo pode ser analisado de diferentes formas. Vai depender de que lado está e quais são os interesses de quem estiver fazendo a análise. Altético-MG 1 x 1 Flamengo pode ter três avaliações diferentes. Uma de atleticanos, outra de flamenguistas e, ainda uma terceira, dos tricolores.

Para o Atlético o resultado foi péssimo. Jogando em casa, estádio lotado, torcida fazendo pressão contra o adversário, que tinha um time inferior, e ainda teve um jogador a mais durante todo o segundo tempo. Sem conseguir furar a retranca armada pelo Flamengo na base da técnica, os mineiros partiram para o abafa. Até conseguiram o empate, mas nada além disso. A sorte também não ajudou, já que Jô e Ronaldinho carimbaram a trave. Pensando em título, ficou muito difícil. Faltam cinco rodadas para o fim e a diferença é de 8 pontos para o Fluminense. O que fica é a boa campanha e a vaga na Libertadores, a não ser que aconteça uma catástrofe.

Para o Flamengo o resultado foi bom. Se considerarmos as circunstâncias do jogo, ótimo. Atuando fora de casa, contra uma equipe melhor e tendo que se superar para vencer. Como em todo o campeonato, o time não jogou bem, não teve um bom padrão de jogo, mas se fechou corretamente, correu e marcou. Passou o segundo tempo todo com 10 jogadores depois da expulsão de Wellinton Silva, o que chamou ainda mais o Atlético para o seu campo. Contou com a sorte e arrancou um empate, que o afastou mais um pouco da zona de rebaixamento. Deve consolidar a permanência na Série A nas próximas rodadas e terminar 2012 planejando 2013. Mais um ano assim, totalmente desorganizado dentro e fora de campo, pode ser fatal.

O Fluminense, que não entrou em campo, também gostou do resultado. Viu o Atlético mais longe da briga pelo título e agora está em uma posição mais confortável na tabela. E, pensando na rivalidade, ainda pode torcer para o rebaixamento dos rubro-negros que, apesar de difícil, seria um bônus junto ao título que se encaminha para as Laranjeiras.

No futebol é assim. O jogo é um só

Mas as visões são diferentes.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Pensando como grande

(Foto: Cristiano Andujar / Lancenet)
Uma das melhores maneiras de se formar um elenco é mesclando experiência e juventude. Os mais novos dão aquele gás e os mais velhos cadenciam. Os mais novos correm, os mais velhos freiam a correria. Os mais novos ficam ansiosos, os mais velhos tranquilizam. No fim, com a técnica dos dois lados, as coisas costumam dar certo.

Peguemos dois exemplos, as duas extremidades mais atenuantes dessa fórmula no elenco do Botafogo. Seedorf de um lado e o recém-chegado Bruno Mendes do outro. Seedorf é consagrado, jogador refinado dentro e fora dos campos. Trata a bola como a mãe mais carinhosa trata um filho. Pega, bota no colo e cuida bem. Seedorf, depois de tudo que conquistou, é sinônimo de grandeza. Assim como o Botafogo e sua bonita história. O holandês é o retrato do novo pensamento que está criando raízes em General Severiano. "Somos grandes, por que não podemos ser maiores ainda?". É assim, e tem que ser assim.

Enquanto Seedorf e Botafogo escreviam os capítulos mais recentes de suas histórias, Bruno Mendes dava os seus primeiro rabiscos no mundo da bola. Revelado pelo Guarani, comparado a Careca, o menino de cabelos encaracolados ainda tinha muito a percorrer para se tornar um grande jogador. Vai ser Romário, Ronaldo? Não sei. Mas parece querer. O primeiro passo foi dado. Saiu de um clube que já teve os seus momentos de glória, para chegar a outro que está tentando voltar ao caminho dos títulos. Assim como precisa de Seedorf, o Botafogo precisa de Bruno Mendes. Que precisa do Botafogo. Uma troca mútua de favores.

Bruno Mendes significa renovação. Significa olhar para a juventude como quem vê ali uma nova estrada rumo ao topo. Bruno Mendes é a mudança que o Botafogo deseja para si mesmo. Ter um jogador com fome de vitória e sede de títulos é fundamental. Ele vai crescer e carregar aqueles que estiverem ao seu lado. E para o jovem atacante, o Botafogo é a grandeza que ele precisa para aparecer, evoluir, e se tornar, quem sabe, um novo Careca, Romário ou Ronaldo. 

Que Bruno Mendes e Seedorf sejam a personificação dos novos pensamentos do Glorioso.

Que eles signifiquem renovação, grandeza e vontade de crescer ainda mais.

Afinal, para ser grande, não basta estar no meio deles.

É preciso pensar como um.

domingo, 21 de outubro de 2012

Correu... e venceu


O Flamengo voltou a vencer, para alívio da torcida rubro-negra, depois de cinco jogos.

Sem ser brilhante, sem a qualidade que os torcedores gostariam de ver, mas com muita vontade. E é assim que tem que ser. Quem briga para não cair, precisa jogar dessa forma, mais na raça, na força, do que no jeito. Também não adianta cobrar mais nada a essa altura do campeonato. Nem esquema tático perfeito, nem futebol bonito, nem melhores jogadores e, talvez, nem coerência, que tem faltado, e muito, a Dorival. A hora é de ganhar, do jeito que der.

E foi exatamente isso que o Flamengo fez. Correu, marcou, se aplicou, teve Felipe pegando pênalti e conseguiu a vitória na cabeçada de González, que resolveu marcar o seu primeiro gol pelo rubro-negro na melhor hora possível. A vitória em si, até certo ponto, foi inesperada. O São Paulo vinha de quatro vitórias seguidas, melhorou muito nessa reta final de campeonato e era ligeiramente favorito. Mas futebol não é ciência exata, para alegria da Nação.

O risco ainda existe? Sim. O time ainda está mal? Sim. Mas não deve cair e está se esforçando e correndo para evitar isso. Em uma rodada onde os rivais diretos na briga pelo rebaixamento venceram, a vitória ganhou um peso maior. Agora, faltando seis rodadas, é hora de pensar nos jogos mais importantes, contra Figueirense e Palmeiras, ambos em casa. Vencendo os dois, o Flamengo se livra de vez, mesmo se perder todos as outras partidas.

Bom mesmo nessa reta final é ver a boa fase de Felipe, as ótimas partidas que Renato Santos tem feito e a afirmação de Wellinton Silva como titular da lateral-direita. É pouco, mas não deixa de ser um pingo de alegria para quem teve, e ainda está tendo, um ano tão difícil como a torcida do Fla.

E se está sendo complicado, o alívio deve chegar em breve.

Basta que corram e vençam

Como fizeram hoje.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Em busca do recorde


Poderia ter sido uma rodada melhor? Sim. Mas foi ruim? Não. O que mudou? Nada.

O Fluminense até poderia ter saído com a vitória e aumentado ainda mais a diferença, que continua de nove (Atlético-MG) e onze (Grêmio) pontos. Isso basicamente sacramentaria o título tricolor, visto que ainda há 21 pontos em disputa. Como vacilou e cedeu o empate com um jogador a mais, nada mudou. A diferença para o segundo e terceiro colocados continua a mesma.

Se alguém ainda duvida do título, são os próprios tricolores. E, diga-se, os mais pessimistas ou falsos modestos. No fundo no fundo, todo mundo sabe que esse campeonato já acabou. Pelo menos no que tange à disputa pelo primeiro lugar. Só resta saber quando e onde o Flu vai definir de vez o Brasileirão 2012.

Mais interessante do que saber que o Flu vai ser campeão, só pensar no recorde que a eficiência deste assombroso time tricolor pode bater. No formato atual, ou seja, pontos corridos disputados por 20 clubes, o maior número de pontos foi do São Paulo de 2006, anotando 71 ao fim da competição. O Fluminense versão 2012 já tem 69 e ainda faltam sete rodadas. A possibilidade de o tricolor ser campeão com um número muito superior de pontos é imensa. 

Se ganhar apenas mais quatro jogos, o que é perfeitamente possível para este time, o Flu chegará a 81 pontos. Uma campanha realmente espetacular. Mesmo que não faça todos esses pontos, o tricolor deve ultrapassar a marca do São Paulo e fazer uma campanha de entrar para a história.

Se alguns ainda duvidam do título do Fluminense, tudo bem.

Mas a situação é bem simples.

É tudo uma questão de tempo

E de correr atrás de um recorde.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Pistoleiro


Os duelos no faroeste eram simples. Dois pistoleiros, cada um de um lado, frente a frente, com suas armas no coldre, esperando o exato momento de sacar e disparar. Nos duelos, não bastava ser rápido. Era necessário velocidade e precisão.

Assim também é o futebol. Vejam só o Campeonato Brasileiro. São dois times representando o papel dos pistoleiros. Um para cada lado, munidos com suas armas e colocando a vida em jogo. Para viver, e sobreviver, cada time tem que ser melhor que o seu adversário e fim de papo. Neste duelo de vida ou morte, é importante atacar, mas também defender. Se um pistoleiro  encurrala o outro e começa a disparar, este precisa se esquivar, se esconder, e pode até contar com a ajuda de um colete à prova de balas reforçado.

Mas quando consegue escapar, a resposta deve ser dada de forma mortal, tão fatal quanto a picada de uma cobra venenosa que atrai a presa para a armadilha e espera o exato momento de dar o bote traiçoeiro. E é assim que tem sido com o Fluminense. É atacado, bombardeado, fuzilado, mas nunca atingido. Quando reage, é assustador. Preciso e veloz, não deixa brecha para que a vítima da vez tenha tempo de correr, se esconder ou se defender. É avassalador, seco. Mira, dispara, mata.

Não importa o tamanho do rival, sua fama ou suas habilidades. O Fluminense é o pistoleiro mais cruel do Brasileirão 2012. O terror do faroeste. Mata sem pena, sem dó. À medida que o tempo passa, vai eliminando todos os outros pistoleiros. Alguns, creio eu, se pudessem escolher, jamais gostariam de cruzar o seu caminho, pois, sabem, o destino será um só.

Neste faroeste moderno, onde as pernas e cabeças dos jogadores são armas, o Fluminense é quem conta com o melhor arsenal. Forte na defesa, veloz e mortal no ataque.

No duelo de vida ou morte que são os jogos do Campeonato Brasileiro, só um pistoleiro pode ficar vivo.

E que as vítimas estejam preparadas para morrer.

Porque o Fluminense está sempre preparado para matar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Futebol, Sonhos e Ignorância

A jovem torcedora sendo cercada por torcedores do Coxa
O futebol é um esporte passional. E a paixão, como sabemos, engloba ódio e amor ao mesmo tempo. Se você ama o Flamengo, precisa odiar o Vasco. Se ama o Palmeiras, precisa odiar o Corinthians. Se ama o Inter, precisa odiar o Grêmio e assim por diante, não importando a região, estado, cidade ou se o clube é grande ou pequeno. No futebol, na maioria das vezes, a razão é goleada pela paixão.

No último domingo, essa paixão levou alguns torcedores a reprimirem o sonho de uma criança (veja aqui). Milena tem apenas 13 anos e é torcedora do Coritiba. No fim do jogo entre Coritiba e São Paulo, a menina quis realizar um sonho. Pegar uma camisa de Lucas, meia do São Paulo e da Seleção Brasileira, portanto, um ídolo de dimensões nacionais. Idolatria não veste camisa, não tem cor, não tem hino. Um ídolo é alguém que você admira, que te inspira de alguma forma, alguém que você gosta. Simples assim.

Mas idolatrar um jogador de outro time, sonhar em ter a camisa dele e pedi-la, pode ser um gesto ofensivo para alguns pseudo-torcedores. Por tentar fazer o sonho virar realidade, Milena foi xingada, quase agredida e teve que devolver a camisa que havia conseguido. Não bastasse a selvageria dos que estavam presentes, tem sido comum ver a atitude deles aprovada por outros torcedores nas redes sociais, principalmente no Twitter. 

A imbecilidade aconteceu no Couto Pereira, mas poderia ter acontecido no Engenhão, no Independência, no Olímpico, no Morumbi, não importa. Poderia ter acontecido também em solos europeus, é verdade. Mas a discussão não é mais sobre a atitude de torcedores de um clube específico. A discussão gira em torno do ser humano. Quando uma criança é ameaçada, xingada, simplesmente por ter um ídolo que não seja do time para o qual ela torce, estamos perto do fim. Isso significa que a ignorância está vencendo, que a paixão por um esporte pode ser capaz de destruir até a ingenuidade de uma criança.

Quando esse tipo de pessoa começa a dominar os estádios, os bons e os verdadeiros torcedores acabam se afastando, tudo em nome da própria segurança. 

Se o sonho de uma criança vira um pesadelo, alguma coisa está errada.

Poderia ser o time A, B, C ou D. O problema não é a cor da camisa

E sim quem está embaixo dela.

domingo, 30 de setembro de 2012

A vitória da liberdade


O Fla-Flu foi um jogo bem movimentado. Chances para os dois lados, pênalti perdido pelo Flamengo, bolas na trave do Fluminense, golaço de Fred - mais um - e bons motivos para os dois lados comemorarem.

Os rubro-negros podem ficar felizes porque começam a ver um time dentro de campo. Organizado, aplicado, raçudo. O esquema, com dois volantes, dois meias e dois atacantes de ofício, tem dado certo e é a hora de Dorival não mudar mais. Que mudem as peças, não a formação. Comparando os elencos, obviamente o Fluminense era considerado favorito. Mas foi o Flamengo quem dominou o jogo, teve mais posse de bola. 

As oportunidades mais claras foram de Cléber Santana, que isolou uma chance quase embaixo da trave, Bottinelli, que perdeu um pênalti, e Nixon, que acertou bonita cabeçada para defesa de Cavalieri. O Flamengo ainda briga para não cair, mas o panorama mudou. Nos 3 últimos jogos, contra os 3 primeiros colocados, fez partidas convincentes, que indicam um caminho menos complicado na luta contra o rebaixamento.

Para o Fluminense, o resultado é o que importa. E é isso que deve valer até o fim do campeonato. Jogar mal tem sido uma regra, assim como vencer. Hoje, mais uma vez, foi o que aconteceu. O Flu jogou atrás, explorou os contra-ataques e decidiu o jogo na liberdade e no talento. Thiago Neves, autor de duas bolas na trave em cobranças de falta, rolou para Deco, completamente sozinho, cruzar para Fred. O artilheiro do brasileiro apareceu livre, como se não precisasse ser marcado, e fez o que sabe de melhor. Gol. Golaço. 

Depois, foi a vez de Cavalieri ser o Fred da defesa. Pegou pênalti e cabeçada à queima-roupa. Apesar de jogar mal, o Flu é líder, tem o artilheiro do campeonato, melhor ataque, melhor defesa. Não tem como discutir. É o melhor time do campeonato. Pode não ser o que joga mais bonito, mas certamente é o mais eficiente.

Diante dos fatos, só uma catástrofe será capaz de tirar o título do Flu nas 11 rodadas que restam.

A 6 pontos do segundo colocado, o tricolor continua cada vez mais líder.

E se Deco e Fred tiveram liberdade no lance do gol,

O Fluminense tem liberdade em sua estrada.

Basta olhar para frente.

Afinal, não há ninguém para atrapalhar a vista.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

FMH Entrevista - Ibson

(Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia)

Ele chegou ao Flamengo aos nove anos de idade. Passou por todas as categorias de base do clube até se tornar profissional, em 2003. Em 2004, conquistou o primeiro título com a camisa do clube. Depois, saiu para o futebol europeu e retornou em 2007 para participar de uma das arrancadas mais impressionantes do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, fazia parte do grupo melancolicamente eliminado da Libertadores pelo América do México. Agora, aos 28 anos, ele voltou à Gávea para jogar no clube que ama. Na entrevista abaixo, Ibson Barreto da Silva, o Ibson, fala das alegrias e tristezas no Flamengo, da passagem pelo futebol europeu, de jogar ao lado de Neymar e garante que o Flamengo não será rebaixado. Confira.

Futebol e Mau Humor: Você chegou ao Flamengo aos 9 anos, cresceu no clube, se profissionalizou, saiu e, hoje, está de volta. Como é a sua relação com o clube e com a torcida?

Ibson: Minha relação com o clube e com a torcida é ótima. O Flamengo é a minha casa, onde fui criado e cresci como homem e atleta. Para jogar aqui é preciso amar o clube e por isso que eu voltei.
  
FMH: Você teve uma passagem pelo futebol europeu atuando no Porto e no Spartak Moscou. Em ambos os clubes, retornou ao Brasil por empréstimo, uma vez para o Flamengo e, outra, para o Santos. O que faltou para você se firmar na Europa?

Ibson: Realizei o sonho de todo atleta que é atuar na Europa, fui bicampeão português, da taça e supercopa de Portugal. Infelizmente sofri duas lesões graves e nesse meio tempo houve uma troca no comando da equipe e acabei perdendo espaço. Na Rússia eu vivi dois anos incríveis e optei por voltar ao Brasil porque morávamos em um condomínio onde havia vários jogadores brasileiros e, aos poucos, eles foram retornando ao Brasil. Aí decidi que também era a hora de voltar.
  
FMH: Em 2007 você voltou, o Fábio Luciano foi contratado e o Flamengo deu aquela incrível arrancada no Brasileirão. Acha que ali foi a melhor fase da sua carreira?

Ibson: Acredito que sim. Foi um ano muito marcante onde puder reencontrar o meu melhor futebol após a primeira passagem no futebol europeu. O Flamengo estava nas últimas posições e conseguimos a classificação para a Libertadores e ainda conquistei o prêmio de melhor meia direita do Brasileirão.  

FMH: Já em 2008, o Flamengo teve um capítulo triste em sua história. A derrota para o América do México pela Taça Libertadores. Quando acabou aquele jogo, como você se sentiu, qual foi a sua primeira reação?

Ibson: Parecia que estava vivendo um pesadelo, foi uma grande decepção, na verdade um vexame muito grande, comparado a perda do título da Copa do Brasil, em 2004. Acho que nos deixamos levar pelo clima de festa pelo título carioca e pela vitória no primeiro jogo fora de casa, entramos desligados e infelizmente fomos eliminados.

FMH: Dos títulos que você ganhou no Flamengo, qual foi o mais importante e por quê?

Ibson: Acho que o Carioca de 2004 foi o mais marcante. Como citado anteriormente, cheguei ao clube aos nove anos, minha infância e adolescência foram no clube, então este título coroou todo esforço, foi a realização de um sonho, meu primeiro título profissional.

FMH: Qual o jogo inesquecível da sua carreira?

Ibson: Foram vários jogos importantes, mas a estréia no profissional com vitória sobre o nosso maior rival (Vasco) foi muito marcante.

FMH : No Santos você atuou ao lado do Neymar e trabalhou com o Muricy. Como foi poder atuar com o melhor jogador do Brasil? E o Muricy, ele é realmente um técnico diferenciado?

Ibson: Construímos uma amizade muito boa, ele é um jogador fora de série, tranquilo e muito humilde. O Muricy é um grande treinador e os títulos conquistados nos últimos anos demonstram isso.
  
FMH: Agora você retornou ao Flamengo e o clube não passa por um bom momento, tanto dentro quanto fora dos campos. O que está faltando para o time encaixar uma série de vitórias e subir na tabela?

Ibson: Acho que não é o momento de procurar culpados, precisamos dividir as responsabilidades entre todos do elenco. O Flamengo está vivo, fizemos alguns bons jogos, porém pecamos por erros nossos. Estamos todos juntos, no mesmo barco e a tendência é conseguir emplacar uma sequência positiva para subir na tabela.
  
FMH: Você mesmo não vem em boa fase. O que está faltando para render aquilo que a torcida espera de você?

Ibson: Estava atuando fora de posição e isso me prejudicava. Consegui emplacar uma sequência boa de jogos e espero crescer ainda mais nessa reta final.

FMH : A possibilidade do rebaixamento está assustando os jogadores?

Ibson: É um momento delicado, uma possibilidade que assusta, mas o momento é de dar apoio a todos. A equipe já melhorou, já mudou de atitude e essa fase já está passando. O Flamengo não será rebaixado.

FMH: Deixe um recado para a torcida do Flamengo.

Ibson: Deixei o Santos para ajudar esse clube que está no coração de todos nós. O Flamengo sempre foi raça, vontade e coração na ponta da chuteira. Precisamos do apoio da nossa torcida para sair desse momento delicado.

domingo, 23 de setembro de 2012

Um jogo, seis pontos


Depois de sete jogos sem vitória, o que mais importava para o Flamengo era vencer e não convencer. Ainda mais fazendo um jogo de seis pontos, contra um time que também está brigando contra o rebaixamento. E foi isso que aconteceu. O rubro-negro carioca venceu o rubro-negro goiano por 2 a 1.

Apesar de fazer um jogo ruim, repleto de erros, o rubro-negro conseguiu sair com a vitória. 

Vitória que foi alcançada graças aos gols do estreante Cléber Santana e de Liédson. Mas o resultado não deixa de escancarar os equívocos da equipe da Gávea. O Atlético Goianiense é um time fraco e, mesmo assim, o Flamengo passou sufoco. 

Ramon continua sendo uma avenida pela esquerda. Não apoia e não marca e, no jogo de hoje, ainda vacilou no lance do gol adversário. Um desastre completo. Luiz Antônio e Ibson parecem disputar para ver quem está na pior fase. Hoje Luiz Antônio ganhou fácil, fácil. Cléber Santana fez uma boa estreia, mas ainda precisa achar o seu posicionamento em campo. Julgar Adryan pelo jogo de hoje soa, no mínimo, pouco racional, já que ele foi criado como armador e foi escalado como atacante, posição onde, obviamente, não se dá bem. 

O ponto positivo que pode ser tirado do jogo de hoje é que Wellinton Silva mostrou ser um lateral superior a Ramon e Léo Moura. Apoiou muito bem (inclusive no fim do jogo, quando criou algumas jogadas) e não deixou espaços na marcação. Diferentemente do camisa 2 do Fla, corre, vai à linha de fundo, cruza, enfim, tenta jogar. No próximo jogo, Dorival terá a volta de Léo. Resta saber se deixará Wellinton na lateral ou não.

Por fim, Vágner Love. Correu, se esforçou e até jogou bem, mas a má fase parece não querer abandoná-lo pela segunda vez neste campeonato. Deu as duas assistências para os gols do Flamengo, mas, no fim, quase pôs tudo a perder. Cobrou muito mal o penalti sofrido por Bottinelli e ainda perdeu um gol em cima da linha, após boa jogada de Wellinton Silva. 

Com erros, mudanças e jogadores em má fase, o Flamengo capenga no campeonato.

Mas, no jogo de seis pontos, fez o que tinha de fazer.

Venceu.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Devolvam o meu futebol

Edmundo rebola na frente de Gonçalves e provoca
o zagueiro alvinegro
Devolvam o meu futebol, pois roubaram ele de mim.

O meu futebol era o verdadeiro futebol arte, folclórico, moleque. Tinha malandragem na medida certa. Nos tempos em que reinava o meu futebol, reinavam também a alegria e as brincadeiras sadias entre rivais. Adversários, inimigos dentro de campo, cúmplices de gozações fora dele. O vencedor pegava no pé do amigo, derrotado, que daria o troco dias depois, quando os papéis se invertessem. Tudo na paz, na amizade, na boa, tudo dentro do espírito esportivo.

No meu futebol os jogadores eram espertos, malandros, mas na medida certa. Hoje, cada contato é um mergulho, a busca sórdida por uma falta, um pênalti, um cartão para o adversário. E ai dele, do jogador rival, se resolver provocar jogadores e torcedores que estão defendendo as outras cores envolvidas na disputa. "É desrespeito, é absurdo, é um abuso, não pode, quebra ele!", vão gritar os arquibaldos. E os adversários vão quebrar, vão meter o dedo na cara, vão mostrar que são machos. Até a semana seguinte, quando os machos do último jogo serão os engraçadinhos da vez. No meu futebol o Romarinho podia correr na direção da torcida adversária, mostrar o escudo do seu time, fazer gesto pedindo silêncio, podia, enfim, sacanear. Assim como faziam Renato Gaúcho, Romário, Edmundo, Edílson e tantos outros. E o assunto acabava ali, dentro das quatro linhas. Quem foi sacaneado hoje, sacaneava amanhã.

Hoje, meu futebol foi roubado. Se o goleiro mata a bola no peito, leva pito do atacante. Coitado do Heguita e do Jorge Campos, mestres na arte de fazer gracinhas embaixo da trave, se agarrassem nos tempos atuais. Se o atacante comemora um gol de forma diferente, ironizando o rival, leva amarelo, o jogador adversário vem tirar satisfação e o pau quebra. Isso quando não aparece um tal de STJD para te suspender por dar um simples beijo no escudo do Botafogo querendo provocar o Flamengo, não é, Loco Abreu? Fora a violência descabida, desmedida, de torcidas organizadas, que matam, brigam, assustam e ameaçam torcedores de bem, jogadores e dirigentes.

O futebol atual está invertendo valores. O que deveria ser uma diversão, motivo de conversa animada, está virando guerra. Malandro não é o cara que sabe zoar ou ser zoado, é aquele que tira vantagem em cima do outro que, automaticamente, vira otário. O futebol virou o palco dos atores, todos vilões, que tentam se dar bem em cima dos rivais.

O futebol perdeu aquilo que tinha de melhor. A brincadeira sadia dentro e fora dos campos, a risada, a gargalhada amiga.

Devolvam o meu futebol, pois roubaram ele de mim.

E colocaram essa merda no lugar.

domingo, 16 de setembro de 2012

Quando correr é mais importante

Ramon ergue Adryan para comemorar o gol do meia
Tem horas que o suor é mais importante que o talento. Talvez seja por esse ponto de vista que o time do Flamengo deva se guiar daqui para frente. Está faltando talento ao time, então, tem que sobrar suor, transpiração.

A camisa 10, tão essencial em qualquer equipe, simplesmente não existe no Flamengo. Nenhum jogador foi contratado para a posição e quem foi criado assim na base, como Adryan, acaba sendo deslocado para o ataque. Aqueles que um dia foram solução, hoje são problemas. Léo Moura não joga bem na lateral desde o ano passado e, como ficou provado hoje, também não deve jogar bem no meio. Ibson tão pouco vem rendendo o que a torcida espera dele. Luiz Antônio caiu de rendimento e Cáceres dá a impressão de estar no mesmo caminho dos companheiros. Liédson parece estar sem sorte e Love entrou de novo naquela fase em que a bola não entra.

Não bastasse tudo isso, Dorival troca de escalação como quem troca de camisa. Cada rodada é uma diferente, todas sem o sucesso esperado. Ao técnico, tem faltado coerência. Talvez seja hora de escolher um time, uma formação e insistir com eles. Pelo que parece, a equipe do segundo tempo, com dois atacantes e Adryan jogando mais atrás, é a ideal. Adryan, inclusive, marcou um gol de falta que até lembrou o mais famoso camisa 10 rubro-negro, Zico.

Com todos esses problemas, o Flamengo ainda conseguiu empatar com o bom time do Grêmio comandado por Vanderlei Luxemburgo. E empatou porque correu, correu, correu e suou. Transpirou e mostrou vontade. A faixa da torcida que explicitava o sentimento de indignação de cada torcedor se transformou em confiança e apoio ao fim do cotejo. Hino sendo cantado nas arquibancadas e músicas de incentivo na saída do estádio.

Quando o talento e a técnica não estão funcionando, é preciso achar outra forma de buscar os resultados.

Se não vai na criação, vai na transpiração.

Assim, a torcida volta a confiar.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

FMH Entrevista - Renan

(Foto: Site oficial do Botafogo)
Ele chegou ao Botafogo em 2006, depois de uma passagem pelo CFZ. Na base do Glorioso, foi destaque em várias competições e, assim, foi convocado para a Seleção Sub-19. Em 2008, teve o primeiro grande teste da carreira: a final do Campeonato Carioca contra o Flamengo. Apesar do título não ter vindo, Renan foi um dos destaque dos jogos. Hoje, aos 23 anos, é reserva de Jefferson, goleiro titular da Seleção Brasileira. Na primeira entrevista realizada pelo Futebol e Mau Humor, o goleiro alvinegro Renan é o convidado. Confira abaixo:


Futebol e Mau Humor: Você chegou aos profissionais do Botafogo em 2008 e, logo depois, entrou em um momento muito importante para o clube: a final do Campeonato Carioca contra o Flamengo. Como foi essa transição do futebol de base para o profissional?


Renan dos Santos: Procurei a adaptação mais rápida o possível junto a psicóloga do Botafogo, que me ajudou com as diferenças que existem entre o profissional e a base.


FMH: O Jefferson é um goleiro experiente, ídolo da torcida, jogador de Seleção Brasileira. Como é a sua relação com ele no dia a dia?

Renan: O Jefferson é meu amigo. É um excelente profissional. Respeito a trajetória dele e aprendo muito com ele. 

FMH: O Botafogo acertou com o Seedorf há pouco. Como é conviver, treinar e jogar com um astro do futebol internacional?

Renan: Está sendo ótimo. É um jogador experiente, que está ajudando o time e o clube. O Botafogo acertou em contratá-lo. 

FMH: Hoje é muito difícil vermos jogadores que tenham identificação com o clube e você já está há 4 anos no Botafogo. Você quer ser como Rogério Ceni, Marcos e fazer história no Botafogo ou quer ser como Julio Cesar e Dida, que fizeram história em solo europeu?

Renan: Tenho vontade de fazer história no Botafogo. Mas o futuro a Deus pertence. Aparecendo uma boa oportunidade para mim e para o clube não descartaria. 

FMH: Quem são os ídolos na profissão?

Renan: Marcos e Júlio Cesar. 

FMH: Atacante mais perigoso que já enfrentou? Por quê?

Renan: Ronaldo Fenômeno. Pela qualidade e história que tem como profissional. 

FMH: Jogo mais marcante da carreira?

Renan: A final do Campeonato Carioca, contra o Flamengo. 

FMH: Como é o Renan no dia a dia? O Renan filho, pai, marido.

Renan: Acho que tenho um bom desempenho nessas funções (risos). Apesar dos jogos e treinos do dia a dia,
procuro estar sempre presente com meus pais, meu filho e minha esposa. 

FMH: Deixe um recado para a torcida alvinegra.

Renan: Agradeço o apoio dos torcedores e peço que continuem nos ajudando. Com a união do time junto à torcida, poderemos ir longe.
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