Confira abaixo os principais trechos:
Ter um rosto famoso
"Eu não gosto mesmo, não tenho paciência de estar no restaurante
e neguinho ficar olhando para mim. Tenho muito amigo famoso e quando saio para
almoçar com eles eu vejo os caras e não me sinto a vontade. Sei que as pessoas estão
apontando, falando, eles sabem, estão acostumados, mas eu não sei se me
acostumaria. Mas isso é muito menor aqui no Rio de Janeiro, talvez porque todo
mundo famoso more aqui, então o carioca está acostumado. A minha proporção de
fama também é ridícula, uma coisa é a internet, outra é televisão".
Programa na BEAT 98
"Eles abraçaram o programa (BEAT Bom de Bola), a equipe da rádio foi sensacional
comigo, me tratam como se eu fosse da casa há 10 anos. Sou um paulista falando em
uma rádio carioca e todos me abraçaram. Meu jeitão de fazer, de falar, encaixa
muito mais aqui. Não é que o paulista não tenha senso de humor, mas ele cobra muito o resultado do jogo. Aqui no Rio tem resultado, mas tem todo o resto. O carioca gosta de
se iludir com o futebol e é do cacete, porque o futebol é uma grande ilusão. Talvez
por terem sido criados com Nelson Rodrigues, Armando Nogueira, lendo isso, você
tem uma forma de ver futebol, e o paulista nunca teve isso, nunca teve a forma
lúdica. Como sou muito brincalhão, encaixo aqui, a BEAT é uma radio popular, o meu
jeito encaixa na rádio também".
Respeito de todas as torcidas
"Primeiro que eu tenho muito respeito por todos os grandes e
escrevo igual para todos. Não tiro a grandeza do Atlético-MG por que ele está
40 anos sem ganhar. Acho que Botafogo e Atlético vão voltar a ganhar tudo. Eu
sigo uma linha, o torcedor até pode ficar irritado com a brincadeira, mas ele
não pode dizer que eu desrespeito o time dele, só se for pequeno (risos). Se eu
fosse torcedor do Guarani, da Ponte Preta, esses times pequenos, eu iria preferir
um cara que tirasse sarro do meu time do que um hipócrita da TV que diz:
"Me preocupa a defesa do Náutico, porque o Náutico está mal".
Preocupa o quê, irmão? Os caras nem sabem quem joga na defesa do Náutico. Se o Náutico
cair, vão dar graças a Deus porque um pequeno caiu. O Náutico só preocupa a
torcida do Náutico. O São Paulo preocupa, por exemplo, a imprensa, a mídia,
patrocinador, televisão, audiência. O Náutico, a Ponte Preta, eles não preocupam
ninguém, isso é um fato. Então eu prefiro ser prático e dizer que o time dele
não me preocupa em nada, que ele é insignificante para mim, do que ser
hipócrita".
Abismo financeiro entre os clubes
"O futebol brasileiro chegou em um nível de grana, não tão forte quando os tops europeus, mas dos médios para cima, e se a grana é desse tamanho, a divisão é de acordo com o que você vende. Um time do Nordeste tem muito menos poder de compra e influência de pessoas com poder aquisitivo alto do que um time do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais ou Porto Alegre. Portanto, ele vai fazer o ano dele com 20 milhões e o time daqui vai fazer com 200, que foi o que o Corinthians operou ano passado. Não tem mais nenhuma possibilidade disso se juntar, não dá mais. Até por uma questão social, demográfica. Infelizmente os estados do Nordeste são mais pobres e os clubes de lá valem menos, eu lamento muito mas não tenho culpa disso".
Fama de polêmico
"Muito disso é por que alguns colegas da imprensa insinuam
isso para me menosprezar. Para mim, existem várias formas de polêmica. Tem gente
que olha para mim, falando palavrão, brincando e pensam que eu sou o novo
Kajuru. Cara, eu nunca levei um processo, e não vou levar. Se levar, vou ganhar,
porque nunca ofendi ninguém, acusei ninguém de nada, simplesmente levo o
futebol na brincadeira. Minha linha é outra, eu quero saber de futebol, de bola
no campo, quero que se foda o político. Vou ficar dando cartaz para esses caras?
Tudo que eles querem é isso. Esse lado murcha a paixão do torcedor e eu preciso
da paixão dele para vender, se eu fizer isso, sou burro. Eu sou polêmico por ser
diferente, mas não sou irresponsável e isso é difícil de entender. Já ouvi isso
de editor de site grande. Os caras me veem falando palavrão, de bermuda e
chinelo e acham que eu vou escrever alguma merda a qualquer momento. Não vou. Eu
sou muito mais inteligente do que parece no twitter, lá é um bonequinho, um
personagem que as pessoas tem que odiar ou amar".
Blog na Globo.com x autonomia
"Na Globo eu não podia fazer um texto como fiz outro dia
falando um foda-se. Eu sei que para um jornalista de um site grande, TV, rádio,
não pode falar palavrão, eu entendo totalmente, porque nesses lugares não está
te ouvindo ou vendo quem te procurou, tem gente que está ali por estar. Agora,
o cara que vai no meu blog, ele sabe o que quer ler e o que vai encontrar lá.
Não vou mudar isso, o palavrão é uma coisa que me libera. Durante o ano que
passei lá, eu sabia que ia sair, então o que fiz foi usar ao máximo a Globo.com
para me dar audiência. Eu sai de lá com o dobro de audiência que cheguei. Mas
foi bom para mim e para eles, porque dei muita audiência no site também. Mas
nunca ninguém me mandou tirar nada do ar, se eu falasse isso, seria injusto. A única
vez foi quando o Poli (NR: Gustavo Poli, editor-chefe do GE.com), me chamou e
falou para eu diminuir o palavrão, ai eu zerei, só falava um porra e um merda
de vez em quando. A independência é diferente porque me permite falar no tom
que eu quero".
Amizades na imprensa
"Lógico que dá para fazer amizade na imprensa, mas a questão
não é essa. Posso dizer que tem muita gente na imprensa, que por eu fazer uma
coisa diferente e funcionar, fica muito incomodada, então tenho meus amigos, as
pessoas que me conhecem, pessoas que não gostam do que faço mas me respeitam, o que é totalmente
diferente. Só que tem gente que não gosta e não respeita
e fica dando indiretinha. E ai eu respondo com diretas. 99,9% dos casos, eu
estou revidando. Nunca partiu de mim, nunca. Eu nunca abri minha boca para
falar deles. Quando teve a campanha no twitter para o Ricardo Teixeira sair da CBF eu estava conversando com o Tiago
Leifert (NR: apresentador do Globo Esporte SP) dizendo que não cabia a
jornalistas participarem do protesto, e sim divulgar. Ai começaram a jogar
indiretinha pelo twitter, e desde então passei a tirar sarro desses caras. Se
manda indiretinha, e eu sei que é para mim, não finjo que não é, vou lá e mando
tomar no cú. Briguei umas 3 ou 4 vezes publicamente, mas nenhuma fui eu quem
começou".
Divulgação dos times por parte dos jornalistas
"Eu respeito o cara que assume que tem um time mas diz que
não vai divulgar. Acho ridículo quando um cara inventa um pequeno, e aqui, pelo
amor de Deus, não me refiro ao Alex Escobar (NR: apresentador do Globo Esporte
RJ), o Escobar é América mesmo, e fica carregando o time o resto da vida só para
fazer média com todo mundo, ai não dá, acho uma baixaria do cacete, não gosto.
Mas está na hora do torcedor amadurecer, da relação amadurecer, o torcedor tem
que entender que o jornalista é um ser humano e o jornalista tem que entender
que o torcedor é um ser irracional na hora do jogo Os dois lados têm que se
entender. Não consigo acreditar que ainda tenha animal que pense em agredir
jornalista por causa de time. O Neto é corintiano e ninguém agride o cara. O
torcedor é ignorante e tal, mas é ignorante com o cara que é muito exagerado.
Eu assumo o time, entendo quem não assume, mas têm uns caras que todo mundo
sabe para quem torcem e eles negam. Aí eu acho que o cara está fazendo papel de
bobo".
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