O Borrusia Dortmund foi campeão alemão com duas rodadas de antecedência. No último jogo do campeonato, em casa, apenas para cumprir tabela, 80.720 torcedores compareceram ao Westfalenstadion (Signal Iduna Park) para celebrar. Vale ressaltar que esta é a capacidade máxima do estádio. Em 17 jogos em seus domínios, o Borussia lotou a sua casa em 13 oportunidades. O público mais baixo foi de 78.400. Maior média da Europa e maior média da história do Campeonato Alemão.
O Borussia Dortmund é só um pequeno exemplo do grande abismo que existe entre o futebol brasileiro (e todos os seus campeonatos) e o futebo europeu. Não vou nem me dar ao trabalho de buscar números para confirmar o que digo, pois isso fica nítido todo fim de semana. Esse ano, no Campeonato Carioca, tivemos clássicos com públicos de 11 mil pagantes, 15 mil pagantes. Clássicos, não jogos contra times pequenos. Contra as equipes menores é melhor nem falar o público.
E caso alguém queira argumentar que estou comparando um campeonato nacional contra um estadual, ok. Comparemos então com a nossa divisão principal, a Série A do Campeonato Brasileiro. Nos últimos anos, o panorama é o mesmo. Geralmente as equipes que brigam nas cabeças têm as melhores médias e elas nunca superam a casa dos 35, 40 mil torcedores. Ou seja, metade do que conseguiu o Borussia Dortmund. E, se formos buscar números em outras ligas, vamos chegar bem próximos disso, podem apostar. Real Madri, Barcelona, Milan, Bayern, Manchester United, entre outros, têm médias de público excelentes. Também não é novidade, para quem acompanha, reparar que os clubes menores (com torcidas bem inferiores as dos clubes brasileiros) dessas ligas conseguem médias de 20, 25 mil.
Motivos para entender essa questão não faltam. Na Europa, os torcedores são tratados com respeito. Aqui, como gado. Já experimentou entrar no Engenhão faltando 20 minutos para começar um jogo em que o público beire os 30 mil? É aperto, todo mundo espremido nas grades, roleta ruim, policia despreparada, filas imensas para comprar um simples ingresso e tudo mais. Organizadas incontroláveis que brigam como querem, no local que desejam, a hora que bem entendem. Ingressos relativamente caros para a realidade de muita gente e pelo baixo nível técnico de alguns jogos. O transporte não ajuda. Ônibus, trem e metrô sempre lotados. Para quem vai de carro, trânsito e estacionamento com preço abusivo. Dentro dos estádios, nada de conforto ou lazer. Fora o preço de bebidas e alimentos, muito fora da realidade (um refrigenrante custa R$ 5,00 no Engenhão). Óbvio que todos esses fatores em conjunto afastam os torcedores.
Lá fora, tudo isso acima não acontece. Pode ser que em um ou outro local não seja assim, mas, no geral, as coisas funcionam. Além disso, os estádios possuem lojas e restaurantes, que acabam sendo um atrativo a mais para o torcedor chegar cedo e aproveitar antes do cotejo. Esse cenário permite que famílias e amigos compareçam aos estádios completamente despreocupados, só pensando em torcer, curtir e relaxar. Ir aos jogos de futebol é um programa, verdadeiro entretenimento.
Para chegarmos a essa realidade, basta boa vontade e honestidade.
Enquanto isso não acontece, vamos ao jogos todos juntos, apertadinhos e maltratados.
Como verdadeiras peças de gado.
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