quinta-feira, 31 de maio de 2012

Tragédia anunciada

Ronaldinho está fora do Flamengo. O que isso significa?

É preciso muita calma para analisar todo este caso. Então, vamos lá.

A contratação começou errada. O irmão-empresário-mercenário de Ronaldinho, Assis, fez um leilão entre Flamengo, Grêmio e Palmeiras. Um se esforçando para ser mais patético que o outro. O Flamengo venceu a disputa e levou o jogador. Com salário milionário de 1,2 milhão divididos entre o clube e a parceira na negociação, Traffic, que arcava com a maior parte (1 milhão). O camisa 10 chegou, subiu ao palco e declarou: "Flamengo é Flamengo". Alguns, tolos, acreditaram nas palavras de quem um dia havia dito ser gremista de coração. Ronaldinho passou o Grêmio para trás e, depois, o PSG.

Nos meses que se seguiram, uma eliminação no Copa do Brasil, um título Carioca invicto, algumas boas partidas no Brasileirão e...polêmicas com Luxemburgo. Com notícias e mais notícias dando conta do impecável desempenho do "craque" nas noites cariocas, a torcida chegou a criar o "Disque-Dentuço", um serviço que pretendia informar onde ele estava para que a torcida fosse atrás.

Na virada do ano, com erros aqui e ali no contrato com a Traffic, eu falei que seria o melhor momento para sair dessa furada e mandar ele embora. Era simples. "Não tenho esse dinheiro para te pagar. Você está livre e pode procurar outro clube". Um abraço. Sem dor, sem choro, sem problema nenhum para ambas as partes, que sairiam por cima. Melhor assumir que não tem dinheiro do que ficar arrotando caviar enquanto come carne de segunda.

Mas não. "Flamengo é Flamengo". Patrícia Amorim bateu no peito e falou que pagava quando todo mundo sabia que não pagaria (leia post do blog sobre o assunto aqui). A esperança era usar a imagem do menino tímido, sem personalidade, incapaz de falar por si mesmo, para angariar um patrocínio e utilizar esse dinheiro, de forma errada, para pagar o jogador. O problema é que Ronaldinho só traz ônus. A imagem dele não é atrativa para investidores. Avesso às entrevistas, pouco futebol dentro de campo, festeiro nato, quem vai associar o seu produto a ele? Ninguém. Adriano e Ronaldo, mesmo com mil problemas, são completamente diferentes de RG 10.

Depois de bater de frente com o jogador, Luxa caiu. O recado do Dentuço era claro. "Quem manda aqui sou eu". O problema é que muita gente acreditou, principalmente a presidente, que se tornou refém do jogador. Joel chegou e o panorama foi o mesmo. Ausências em treinos por motivos variados, pouco futebol em campo, gols de pênaltis e noitadas. O que fez essa situação estourar? Três fatores fundamentais.

A chegada de Zinho, que soube peitar as atitudes do jogador de forma correta e limpa. A malandragem de Joel para expôr e cobrar o camisa 10 pela imprensa, sempre tomando o cuidado de elogiá-lo. E, por incrível que pareça, a postura da torcida, que mudou de um tempo para cá e começou a pegar no pé do jogador. Há informações de que Ronaldinho estava temendo pela própria integridade física. Balela de alguém que escolheu um clube para passar férias até se tornar um problema para ele.

Agora, a dupla dinâmica entra com uma ação judicial no valor de R$ 40 milhões (com todo direito, diga-se) e pede a rescisão do contrato. Pobre de quem acreditou em um ex-jogador em atividade. Que seja esse valor ou não, Ronaldinho vai mamar nas tetas do Flamengo por muitos anos, podem apostar. O clube ainda vai pagar essa dívida durante muito tempo, e vai pagar por ser comandado, mais uma vez, por dirigentes amadores e despreparados. A instituição virou uma terra sem lei. Todos fazem o que querem, a hora que querem. É o império da bagunça. Ao torcedor, resta lamentar. Sim, lamentar. Todos queriam a saída do jogador e ela aconteceu. Mas da forma como o caso foi conduzido desde o começo, quem sai por baixo é o Flamengo, que tem sua imagem arranhada de novo e vai pagar uma nova dívida milionária. Contratou uma furada, não pagou e agora é chacota na praça.

Parabéns, Patrícia. Você contratou o pior custo-benefício da história do Flamengo.

A frase do camisa 10 serve bem a calhar.

Flamengo é Flamengo.

A vergonha nacional.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Enfim, renovação

Foto: Agência Reuters
Parece que a tão falada e cobrada renovação da Seleção Brasileira começa a funcionar na era Mano Menezes. Deu gosto de ver o jogo contra os EUA (4 a 1). Seleção leve, tocando a bola, jogando com calma, três atacantes, marcação pressão. Muito do que se vê no futebol moderno.

Pensando nos Jogos Olímpicos, o técnico entrou em campo com um time jovem. Rafael, Danilo, Juan, Sandro, Rômulo, Oscar, Neymar e Damião. Todos com idade para ir aos jogos de Londres. Além deles, Thiago Silva, Marcelo e Hulk completaram o time que jogou como há muito não se via. Claro que precisamos ver essa garotada contra equipes mais gabaritadas, mas a impressão que fica é boa. Ao que tudo indica, a Seleção Olímpica estará muito forte, podendo render frutos à principal.

Vamos por partes.

Rafael deve ser o goleiro da Olimpíada. Mas está longe de ser da equipe principal. É comum. Eu gostaria de ver o Diego Alves, goleiro do Valência, sendo testado. Hoje, Jefferson é titular.

As laterais têm donos. Daniel Alves na direita, Marcelo na esquerda. Danilo destoou do resto do time contra os EUA. Marcelo, pelo contrário, foi o melhor em campo ao lado de Oscar. Marcou e atacou com muita eficiência. As temporadas no Real Madri sendo treinado por Mourinho parecem estar elevando o nível do lateral revelado pelo Fluminense.

Thiago Silva reina absoluto na zaga. David Luiz é ótimo, mas Dedé é melhor. Ambos não foram convocados e o jovem Juan fez boa partida, apesar de algumas falhas, que são compreensíveis, visto que ele fez apenas uma partida na última temporada pela Inter de Milão. Os três primeiros são nomes certos na Copa de 2014. A quarta vaga está aberta.

Na contenção, Sandro e Rômulo me agradam muito. Marcam e jogam, assim como Casemiro, reserva imediato. Lucas, do Liverpool, pode completar esse quarteto de volantes sem problemas. Ainda temos Ramires, que fez ótima temporada no Chelsea.

Na frente sobra qualidade. Ganso, Oscar, Giuliano, Lucas, todos ótimos jogadores. Ganso precisa se livrar das lesões. Oscar começa a pegar gosto pela camisa 10 da Seleção. O que fez contra os EUA foi sacanagem. Criou, errou apenas um passe o jogo todo, deu opções, roubou bolas, fez o diabo. Os outros dois precisam amadurecer. Kaká pode voltar, mas precisa fazer temporadas regulares até lá. Ronaldinho? Por favor, né...

O ataque é forte e pode se tornar ainda mais. Neymar dispensa comentários. Hulk parece realmente ser um bom valor, mas precisa provar isso com o tempo. Damião está fora de tom na Seleção. Se não jogar, vai ser mais um daqueles famosos casos de ser "jogador de clube". Para completar esse ataque temos opções interessantes, que podem variar até a Copa. Fred, Love, Jonas e Pato podem ser as opções do momento. Os dois primeiros eu gostaria de ver sendo convocados novamente. 

Lembrando que, até lá, outros talentos podem aparecer.

Por ora, o Brasil começa a deixar de lado os antigos jogadores e investir na molecada. De forma correta, com calma. Mano Menezes começa a acertar a mão e os jogadores a corresponder. Perto do que tínhamos há pouco tempo, já é um grande avanço.

A renovação está começando a dar certo, só não vê quem não quer.

O primeiro passo foi dado.

Basta seguir em frente.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Pitacos do Brasileirão: os jogos dos cariocas

Terminada a segunda rodada do Campeonato Brasileiro, hora de analisar os jogos dos quatro clubes cariocas no  fim de semana.

Flamengo 3 x 3 Internacional

Ronaldinho deixa o campo enquanto é xingado pela torcida
Falar do Flamengo anda se tornando mais do mesmo. Joel consegue a proeza de jogar com quatro volantes e sofrer três gols. No primeiro e no terceiro, onde estava um dos quatro para fazer a cobertura? Um time sem criatividade, bagunçado, sem padrão tático, que não conseguiu sustentar uma vantagem de dois gols diante de um adversário desfalcado de seus principais jogadores. Ficou nítida também a postura de Joel perante Ronaldinho. Se Luxa bateu de frente, o atual técnico prefere usar a malandragem. Ao tirar o camisa 10, Joel sabia que tipo de manifestação a torcida teria. Ronaldinho saiu hostilizado e a situação deve piorar. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.





Portuguesa 0 x 1 Vasco

Alecsandro no momento do chute de bicicleta
Sem Juninho, sem Felipe, sem Dedé. Sem seus três principais jogadores, o Vasco se recuperou da eliminação para o Corinthians pela Libertadores. Em um jogo morno, venceu a Portuguesa com um gol de bicicleta marcado por Alecsandro, uma verdadeira pintura. Depois de perder um gol inacreditável na competição continental, Diego Souza saiu vaiado ao ser substituído por Carlos Alberto. Mesmo pressionada no segundo tempo (foram 17 finalizações da Lusa durante o jogo), a equipe de Cristóvão confirmou a vitória. Diante de um adversário frágil, o Vasco fez a sua obrigação. E é isso que interessa nesse começo de campeonato, marcar pontos e acumular gordura. Os cruzmaltinos vêm fazendo o seu papel e esses resultados podem fazer diferença lá na frente. 





Coritiba 2 x 3 Botafogo

Lucas: herói alvinegro no Couto Pereira
Depois do vice carioca e de uma melancólica eliminação na Copa do Brasil, parece que o Botafogo vai voltando aos trilhos. Bater o Coritiba no Couto Pereira é tarefa para poucos, tanto que a equipe paranaense vinha de uma invencibilidade de 28 jogos. Com direito a virada e dois gols de Lucas, aquele mesmo, expulso duas vezes seguidas contra Fluminense e Vitória, respectivamente. Como redenção, foram dos pés do lateral que saíram dois gols alvinegros, o que, obviamente, ajudou a sacramentar a vitória. Outros destaques da equipe de Oswaldo de Oliveira foram Herrera e Vitor Júnior. Com seis pontos conquistados em cima de dois adversários complicados, o Botafogo lidera a competição. Início animador. A torcida espera que continue assim.



Fluminense 2 x 2 Figueirense

Jogadores do Fluminense comemoram o gol de Wágner
(Foto: Bruno Lima / Lancenet)
O resultado poderia ser considerado ruim. Mas diante das circunstâncias, foi ótimo. Com nove desfalques (quase um time inteiro!) e uma expulsão ainda na primeira etapa, o empate com a equipe catarinense ficou de bom tamanho para o tricolor. Além disso, um alento. Wágner fez seu primeiro gol e sua primeira boa partida com a camisa verde, branca e, agora, mais grená. Se era importante vencer para levantar a moral dos jogadores depois da traumática eliminação na Libertadores, o jogo serviu para observar alguns garotos e dar mais confiança a Wágner e Marcos Júnior (autor de uma assistência e do outro gol). Como disse em outras oportunidades, o elenco do Flu é muito forte e acho que isso ficou evidenciado hoje. Se o departamento médico permanecer vazio, é sério candidato ao título.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Dois sonhos, uma realidade

Uma noite, dois jogos, dois times cariocas. E o mesmo final infeliz.

Essa foi a quarta-feira que envolveu Fluminense e Vasco. Jogos diferentes, finais idênticos.

Foto: AP
O Fluminense foi superior ao Boca Juniors no Engenhão. Mas não transformou a superioridade em gols, apesar de ter aberto o placar logo cedo em um gol de falta de Tiago Carleto (exatamente como havia sonhado o pai do jogador). Falei durante a semana para alguns amigos que o Boca se classificaria pelo simples fato de não ter levado gol em casa. Mas, com requintes de crueldade, o castigo dos tricolores chegou aos 45 minutos do segundo tempo. Uma bola vadia, um passe de Riquelme, bola na trave, Cavalieri salvando e... gol de Santiago Silva. Sem Fred e Deco, o time de Abel Braga perde demais, tanto no meio quanto na frente. Se não são ruins, os reservas imediatos também não são do quilate dos titulares. Wagner está muito mal e Rafael Moura não fez boa partida. Além disso, Thiago Neves não correspondeu o que era esperado depois do alto investimento feito. Classificado ou não, os torcedores podem ter certeza que têm um belo time e um belo elenco, que será muito favorito ao Brasileirão, ainda mais levando a sério desde o começo. O Fluminense não precisa buscar vilões ou motivos para a eliminação. Simplesmente não deu. Faz parte. Vida que segue.

Foto: Ari Ferreira / Lancenet
O Vasco não levou gol em casa. Mas também não fez. Foi ao Pacaembu como o Boca, esperando uma bola vadia. Enfrentou o Corinthians de igual para igual. Jogo amarrado, pegado, brigado, com os dois times marcando melhor do que atacando. O Corinthians não é um time brilhante, mas é incrivelmente eficiente. Único invicto na Libertadores, com dez jogos feitos e só dois gols sofridos. Melhor marca da competição desde 1960. Sim, um absurdo. O Vasco também é carne de pescoço, adversário duro de ser batido. Tanto que fez gol em todos os jogos da temporada... até enfrentar o Corinthians. Na hora mais importante do ano, a bola não quis entrar. Lembram daquela tão falada bola vadia? Ela caiu nos pés de Diego Souza. O camisa 10 vascaíno carregou, carregou, carregou e... perdeu o gol que o atormentará o resto do ano. Como castigo, um gol aos 43 minutos do segundo tempo. Assim como o Flu, o Vasco tem um time pronto. Se o elenco não é tão completo, pode vir a ser com três contratações pontuais. Chegar forte no Brasileirão é mais do que possível. Lembrando também que Dedé foi um sério desfalque na fase final.

Após as eliminações, é natural que as duas torcidas se apeguem ao "se". Se aquela bola entrasse, se o Diego Souza driblasse o goleiro, se o juiz não anulasse o gol, se o juiz desse o penalti, se o Deco não tivesse se machucado, se o Dedé estivesse em campo, se o Prass pegasse aquela bola, se o Cristóvão tivesse feito aquela substituição, se o Riquelme errasse aquele passe. Os detalhes sempre serão lembrados, principalmente em jogos assim. O "se" não faz parte do futebol. Os fatos sim.

E os fatos, amigos, são cruéis.

Acabou a Libertadores. Que venha o Brasileirão.

Fim dos sonhos.

Hora de voltar à realidade.

domingo, 20 de maio de 2012

Chega de conversa

Depois de um mês inteirinho sem jogar, o Flamengo voltou a campo no sábado, contra o Sport, na Ilha do Retiro. Mostrou à torcida que realmente passou um mês de férias. Afinal, o que o time apresentou na partida de ontem foi para deixar o torcedor desanimado. Após o jogo, Joel Santana disse que precisa de mais tempo para acertar a equipe. Como?!?! Mais de três meses no comando, com direito a pré-temporada forçada, e o técnico diz que precisa de mais tempo? Só pode ser piada.

Quem acompanhou o noticiário durante a semana viu os jogadores rubro-negros dando declarações que iriam começar vencendo, que o time ia se empenhar, que estavam comprometidos. Pura conversinha fiada. Na hora que a bola rolou, o que se viu foi um time preguiçoso, sem criatividade nenhuma, desorganizado taticamente (Bottinelli estava dando carrinho na entrada da área e cobrindo Magal), cometendo os mesmos erros de antes.

Agora, vamos analisar alguns casos específicos. Wellinton deu uma entrevista durante a pausa forçada alegando que era perseguido pela torcida e pela imprensa. Ontem, mostrou que precisa dar razão a quem o "persegue". Quase que o Sport fez dois gols em lambanças dele. Rômulo é uma grande interrogação que só Joel pode responder. Não aparece o ano todo e, do nada, entra como titular. Deivid sempre entra bem e bota a cara para bater nas entrevistas. Precisa jogar e é um exemplo a ser seguido. Alguns jogadores não estão em boa fase, mas acho que isso é mais um reflexo da equipe do que culpa deles. Casos de Léo Moura, Bottinelli, Luiz Antônio e González. Outros dois personagens merecem reflexões à parte.

Paulo Victor não pode ser reserva de jeito nenhum. Felipe é um bom goleiro, mas não está em melhor forma técnica do que o garoto. Além disso, seria excelente saída para um clube com problemas financeiros se livrar do jogador, que possui alto salário, e ainda fazer caixa em um empréstimo ou venda. O Flamengo não foi goleado ontem porque PV não permitiu. Principalmente no primeiro tempo, quando fez pelo menos quatro defesas salvadoras. Vale ressaltar também, que Paulo Victor não deu rebotes nos pés dos atacantes adversários (um erro sempre cometido por Felipe). Ele não está imune às falhas e, claro, vai errar em algum momento. Mas, se permanecer atuando, vai adquirir experiência e pode se tornar um grande goleiro.

E Ronaldinho? Ah, o "craque" de 1,2 milhão! Chegou para treinar sob efeitos de álcool durante a semana, deve ter passado o período de "férias" na farra e não jogou nada, como sempre. Apático, preguiçoso, alheio ao que acontecia em campo. Sua postura continua a mesma de outrora. Se esconde do jogo sempre que possível. Quando aparece, é para errar, reclamar do juiz, ou comemorar o gol, geralmente feito em jogada dos companheiros. Ontem, se não fosse o bom passe de Kléberson (um dos volantes) para Love, o Flamengo sairia derrotado. Depender e confiar em Ronaldinho é dar um tiro no pé. Mas quem tem moral para tirar o "presidente" do clube do time titular? Ninguém. O jogador assumiu o comando e trata a instituição como bem entende, sempre tendo o saco puxado por Patricia Amorim.

Nessa levada, parece que o ano na Gávea será longo. Mas, quando forem mais uma vez criticados, dirigentes, técnico e jogadores vão dar as caras com entrevistas cheias de esperança, vontade, comprometimento, falando bom futebol, entre outras baboseiras.

Esse é o Flamengo, o clube do blá blá blá.

Parem com o papo furado e joguem futebol.

A torcida agradece.

sábado, 19 de maio de 2012

Os dois gigantes de Londres

Jogadores do Chelsea comemoram o inédito título
(Foto: AFP)
Bayern e Chelsea mereceram chegar à final da Champions League. Mas até os 35 minutos do segundo tempo não faziam um jogo que justificasse esse merecimento. Muito em parte por culpa do Chelsea, que poderia jogar de igual para igual mas se negava a fazer isso. Apostou no mesmo esquema adotado contra o Barcelona: retranca e contra-ataque. A primeira etapa era concluída com sucesso e a marcação funcionava. Enquanto isso, os contra-ataques não conseguiam ser encaixados. 

Superior em todo o primeiro tempo, o Bayern chutou muito. O problema era a pontaria descalibrada de todos os jogadores bávaros. No segundo tempo, o panorama seguiu o mesmo. Até surgir Thomas Müller e sua cabeçada de manual. Testada firme, para o chão. 1 a 0 Bayern. Faltando 10 minutos para acabar, era de se esperar que o Chelsea viesse com tudo para cima. Se não saiu naquela pressão desenfreada em busca do empate, saiu com precisão cirúrgica. No primeiro escanteio a seu favor durante todo o jogo, Drogba subiu e praticamente deu um chute com a cabeça. Outra testada firme e empate do Chelsea no fim do jogo.

Com o início da prorrogação, era de se esperar que o Chelsea se animasse e o Bayern arrefecesse o ataque. A torcida alemã era maioria esmagadora (já que a decisão foi realizada no estádio do clube alemão), mas sentiu o baque e não apoiava como deveria. Isso ficou evidente no penalti infantilmente cometido por Drogba. A torcida comemorou, mas se calou em seguida, mostrando toda a apreensão que pairava sobre a Allianz Arena. O silêncio sepulcral que se instalou parecia até um aviso. Robben bateu e Cech pegou.

Muito se falou nos dois goleiros no pré-jogo. Manuel Neuer (1,93m) e Peter Cech (1,97) são dois gigantes. Tanto em estatura, quanto em qualidade. Voltando aos gols que ambos sofreram, dá para dizer que eram bolas defensáveis. Mas não dá para dizer que foram falhas. Resumindo: com bola rolando, nenhum dos dois fez defesas absurdas, Cech pegou um penalti e ambos tomaram gols parecidos.

Eis que o jogo vai para os penaltis. As duas torcidas têm um bom motivo para torcer e comemorar: os tão citados goleiros. Ambos os times possuíam bons batedores, mas o cansaço, o respeito aos goleiros e o lado piscológico poderiam ser fatores decisivos para os dois lados. Na história recente, alento para os alemães, temor para os ingleses. Em 2001, o Bayern foi campeão nos penaltis. Em 2008, o Chelsea foi vice.

Nas cobranças, Neuer cresceu na frente de Mata. Peter Cech na de Olic e Schweinsteiger. Drogba, o herói dos 90 minutos, o gigante do Chelsea que fica no outro extremo do campo, fez a última cobrança e levou o Chelsea ao seu primeiro título de Champions League.

Os Blues nunca foram favoritos nessa Champions. Principalmente contra Barcelona e Bayern. Mas foram campeões.

Com a ajuda de dois monstros, entram no hall de grandes clubes europeus, com o título máximo do continente.

Para começar a ser um gigante europeu, o Chelsea contou com dois dentro de campo.

Os dois gigantes de Londres.

Drogba na frente, Peter Cech atrás.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Outra pedra no caminho

Com Abel ao fundo, Mouche comemora o gol do Boca
Podem falar o que quiser desse time do Boca. É fraco, o pior em muito tempo, o que for. Mas é preciso respeitar. Tem camisa, tem tradição, é cascudo e tem Riquelme, que se não é o mesmo de outrora, ainda contribui muito para o desempenho da equipe.

Carlinhos foi merecidamente expulso, Abel mexeu mal (era para sair o Wagner), Diego Cavalieri foi o herói da noite e, como sempre, o juiz foi o vilão. Ô mania chata dos times e torcedores brasileiros sempre colocarem a culpa na arbitragem. Teve penalti não marcado a favor do Flu? Teve e não teve. A regra é escrota e permite interpretações. O zagueiro do Boca não teve intenção de colocar a mão na bola (estava de costas e nem viu o lance). Mas, querendo ou não, interferiu na trajetória da bola. Se a regra fosse realmente clara, não caberia essa dubiedade no lance.

Mas, como sempre faço questão de dizer, é muito fácil colocar a culpa no juiz ao invés de olhar para o próprio umbigo. Carlinhos errou e mereceu ser expulso. Com um a menos, lógico que a pressão aumentaria e segurar o jogo seria complicado. Tudo bem que depois o Boca baixou a porrada, desceu a lenha nos tricolores sem que recebessem os merecidos cartões, mas se ater a essas miudezas é de uma escrotidão que eu não me conformo. Tem que parar com essa transferência de responsabilidade. Não deu o penalti? Joga bola e mete gol, melhor resposta não há. Time brasileiro entra em campo sempre olhando torto para o juiz. Qualquer coisa é motivo para dizer: "a culpa é dele!". Tem que entrar pensando em jogar bola, afinal, sabe fazer isso muito bem.

O resultado foi ruim porque, além de sair derrotado, óbvio, o Fluminense não conseguiu marcar um gol sequer fora de casa. Se tomar no Engenhão, pode complicar. Os desfalques foram preponderantes no placar. Sem Fred, Deco, Nem, Diguinho e Valencia, o Flu perde muito. Por sorte tinha Cavalieri em um dia inspirado, fazendo defesas salvadoras. Para o jogo da volta, vai ser necessário atacar com prudência. Um olho na frente e outro atrás. Sem perder a cabeça, sem vacilar, e sem entrar em campo preocupado em reclamar da arbitragem. Libertadores é assim, sempre foi e sempre vai ser. Pode ter razão em reclamar? Pode. Mas adianta? Não. Então esquece e bola para frente.

Semana que vem, é jogo nervoso na certa. Jogo para ser jogado com vontade, com garra, mas também com a cabeça. O Fluminense é melhor time e pode se classificar. Se alguns dos lesionados voltarem, melhor ainda, as chances aumentam. Mas o Boca é cobra criada e pode fazer esse sonho virar um grande pesadelo. 

Como disse em outro post, são muitas pedras no caminho.

E o Boca é aquela que está fincada no chão.

Para tirar, não dá para usar somente a força.

Também precisa de inteligência.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Nada mais do que o normal

O que se pensava sobre Vasco x Corinthians?

Foto: André Portugal / Lancenet
Que seria um jogo duro, difícil para ambas as partes, um jogo em que o respeito estava em campo. O primeiro tempo foi pegado, com poucas jogadas de efeito e muita marcação. O campo molhado e escorregadio fazia a bola correr demais, mas não chegava a ser um problema. O Corinthians tinha uma proposta clara: marcar. Não de forma totalmente intensiva, mas, consistente. O Vasco procurou um pouco mais o jogo, mas o primeiro tempo terminou sem grandes chances para as duas equipes.

Na segunda etapa, o Vasco voltou mais arrojado, pressionando mais, só que sem muito resultado. O último passe sempre era ruim e, quando acertava, a zaga corintiana estava bem posicionada. Aqui, ponto para Tite. A equipe paulista está longe de ser brilhante, mas é muito bem organizada. A marcação funciona, a zaga é bem protegida e é difícil penetrar. Hoje, para os cruz-maltinos, faltou encaixar o contra-ataque. Lembrando: foi o primeiro jogo que o Vasco não marcou gols em 2012.

Quanto ao gol anulado do Vasco, vale discutir alguns pontos. Para começar, é evidente que foi um gol mal anulado, a posição era legal. Mas, cabe uma ressalva. O lance era milimétrico, difícil mesmo, e ainda havia a chuva para atrapalhar. Quem dava condição era Alessandro, que estava no extremo oposto do bandeira, e dificultava a visão. Erro sim, roubo não. Se o bandeira acerta, é gênio. Se erra, é roubo? Não pode.

É importante o torcedor vascaíno perceber que tem totais condições de passar pelo Corinthians. Mas não pode jogar a culpa na arbitragem. Quantas defesas fez o Cássio? Que eu me lembre, nenhuma difícil. Para o jogo de volta, é complicado prever quem se classificará. O Vasco tem uma leve vantagem pois não sofreu gol em casa. Se fizer, é meio caminho andado. O contra-ataque com Éder Luis (péssimo finalizador) é sempre muito perigoso e é nisso que o time de São Januário precisa apostar (desde que ele acerte o último passe, coisa que faltou no jogo de hoje).

Em um jogo que vale vaga na seminfinal da Libertardores, entre duas equipes gigantes do futebol brasileiro, era de se esperar um resultado mais ou menos. O empate não saiu ruim para um, nem bom para o outro.O resultado teve as suas vantagens para ambos os lados.

Em um jogo onde tudo podia acontecer, deu o resultado normal, um empate sem graça.

Se do Vasco esperamos gol em todos os jogos, do Corinthians esperamos um futebol correto, organizado.

Resta saber qual lado vencerá no fim.

Se em São Januário a bola do Vasco não entrou, o Corinthians foi do jeito que todos esperavam.

Resta saber se semana que vem as coisas se inverterão.

Aguardemos...

domingo, 13 de maio de 2012

Confirmação e merecimento

Foto: Cléber Mendes / Lancenet
Nem sempre o futebol é justo. Todos sabemos disso e já vimos diversas situações que confirmam a tese. Mas, no Campeonato Carioca de 2012, ele foi. Se alguém merecia o título de campeão, esse alguém era o Tricolor das Laranjeiras.

Poupando titulares aqui e ali por conta da Libertadores, o Flu fez uma Taça Guanabara muquirana, ruim mesmo. Se classificou somente na última rodada e passou de fase meio desacreditado. Na semifinal, não fez um primor de partida e eliminou o Botafogo nos penaltis. Na final, massacrou o Vasco e ficou com o título do primeiro turno, que automaticamente já lhe dava direito à final.

Na Taça Rio, ainda dividindo atenção com a Libertadores, mais jogos com times mistos. Com futebol pouco convincente, nem foi à fase final.

O Botafogo venceu a Taça Rio e se credenciou para pegar o Fluminense na final geral. Quando todos esperavam um jogo equilibrado, o que se viu foi um massacre da equipe de Abel Braga. O placar de 4 a 1 no primeiro jogo praticamente selou o título tricolor. Com as mãos na taça, só faltava confirmar a conquista hoje, o que aconteceu com a vitória por 1 a 0, com direito a olé no finzinho do jogo.

Mas se fez uma Taça Guanabara claudicante e uma Taça Rio onde não conseguiu nem a classificação, por que o Fluminense merecia mais que os rivais? Porque jogou mais que todos quando foi preciso. Na TG, pegou um Vasco 100% e levemente favorito. Deu aula de futebol e colocou o time de São Januário no bolso. Na final, pegou o invicto Botafogo e... outra aula de futebol. Deco mostrou por que é o maestro tricolor, enquanto Fred mostrou por que é o artista ao assinar uma verdadeira obra de arte com o pé direito. Além disso, Abel parece ter acertado o time taticamente.

Com o título, o Fluminense ganha mais fôlego para a continuidade da Libertadores, onde terá parada duríssima contra o Boca. Mas isso fica para quinta-feira.

Depois de seis anos, o Flu volta a ser campeão carioca e consegue seu 31° título.


Agora, é hora de comemorar, de gritar "é campeão".

Parabéns, Fluminense.

Você mereceu.

O título do City e uma louca paixão

Eu ia reservar o dia de hoje para postar sobre a final do Campeonato Carioca. Mas preciso fazer um texto extra sobre o título do Campeonato Inglês vencido pelo Manchester City.
Jogadores do City comemoram o gol de Aguero.
Virada aos 48 do segundo tempo

44 anos sem ser campeão nacional. Um time pequeno que procura ser grande. Contratações milionárias nos últimos anos graças ao dinheiro de um Sheik bilionário qualquer. Aguero, Tévez, Balotelli, David Silva, Dzeko, Touré, Nasri... muita gente, muita grana. Sempre via o rival, United, acumulando títulos e fazendo de Manchester uma cidade vermelha. Hoje, 13 de maio de 2012, ela está azul. Da forma mais absurda possível, daquele jeito que só o futebol pode proporcionar.

Jogando em casa, onde obteve 17 vitórias e um empate na temporada 11/12, precisando apenas vencer um time que brigava para não ser rebaixado, tudo parecia simples demais. Bastava que o protocolo fosse seguido. Mas o futebol é como o humor, a arte do improviso. O roteiro foi inteiramente alterado, de maneira que nem o mais louco torcedor poderia imaginar.

O City vencia por 1 a 0, fazia uma partida calma e segura. Até um dos zagueiros, Lescott, fazer uma grande lambança e dar um gol de presente ao QPR, 1 a 1. Após o empate, o time londrino resolveu dar uma mãozinha ao City e Barton foi expulso por agredir Tévez. Tudo parecia caminhar para um final feliz, mas não sem aquela pitadinha de emoção, só para dar um gostinho aos apaixonados pelo futebol. Com um a menos, o QPR virou o jogo, para delírio dos fãs do United e estarrecimento de um estádio lotado de azul.

O que se viu em seguida era o esperado por todos. Pressão, nervosismo, chutes e cruzamentos a esmo, bolas tiradas no sufoco e mais nervosismo. Quando tudo se encaminhava para um vexame de proporções tsunâmicas, apareceu Dzeko, uma das milionárias contratações. Empate aos 45 do segundo tempo. Mas não bastava. Era preciso vencer. Eis então que aparece Aguero, contratado no incio da temporada, aos 48 do segundo tempo. 3 x 2. E o Etihad Stadium vem ao chão. Apito final, invasão da torcida, festa azul em Manchester. Depois de 44 anos, o City reescreve a história do futebol e acrescenta mais um capítulo emocionante para o esporte.

Quem assistiu ao jogo, mesmo sem ter a menor relação com os clubes, se emocionou, tremeu, torceu, comemorou, se arrepiou, enfim, ficou extasiado de alguma forma. O Barcelona x Chelsea do mês passado ficou pequeno diante do que fez o futebol hoje. Nenhum esporte é capaz de tanta emoção em tão pouco tempo. Nenhum esporte consegue resumir 44 anos em cinco minutos. Nenhum esporte é capaz de mexer com tantos sentimentos ao mesmo tempo. O futebol é, e repetirei isso cada vez mais, o maior esporte de todos. Divino, genial, imprevisível, emocionante, louco.

O futebol é o esporte dos malucos, dos enlouquecidos, o manicômio da paixão.

Mas vamos por camisas de força em quem não gosta desse esporte.

Na verdade, os malucos são eles.

Nós somos apenas loucos apaixonados.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Menos uma pedra no caminho


Posso ter errado o palpite do jogo do Vasco. Em compensação o do Fluminense...


"Um jogo que pode ser decidido nos detalhes, em uma bola parada ou lance genial". Essa foi uma das frases que eu usei para analisar Fluminense x Internacional. Dito e feito. O Flu venceu por 2 a 1, com dois gols oriundos de faltas que aconteceram perto da área. Como disse também, as defesas são os pontos fracos dos dois times e isso poderia fazer certa diferença. Mais uma vez, dito e feito. A defesa colorada não conseguiu marcar os lances do Flu e isso foi preponderante no resultado. A retaguarda da equipe tricolor também quis se complicar em um momento, com Gum, mas Cavalieri estava esperto e salvou a pátria.

Aí, esqueçamos o jogo e vamos focar em dois personagens. Thiago Neves novamente apresentou um bom futebol. Um certo alento aos tricolores, que não precisam mais depender somente de Deco para organizar o meio de campo. Inclusive, o camisa 7 das Laranjeiras ainda bateu uma falta na trave. Se continuar nesse ritmo, o Fluminense ganha, e muito, um belo "reforço" para o restante da competição. A lamentar, mais uma lesão de Fred. Após uma cabeçada para fora, ele caiu, colocou a mão na coxa e foi substituído. Se for grave, vai desfalcar a equipe em jogos importantes e perigosos contra o Boca Juniors. É muito chato isso acontecer. Um gol de bicicleta contra o Botafogo, um gol importante ontem e, quando tudo parece de vento em popa, novamente uma lesão. Mas com ou sem Fred, o Fluminense chega com moral às quartas de final. Passar pelo Inter, um dos melhores elencos do Brasil, eleva a confiança de qualquer um.

Mesmo com toda essa moral, um detalhe precisa ser destacado. Ter a melhor campanha da primeira fase parece que não foi vantajoso, como o próprio Abel falou depois do jogo. Pegar Inter e Boca em sequência é um verdadeiro caminho das pedras. Uma provação, podemos dizer. E, se passar pelo Boca, a vida continua difícil, principalmente se a Universidad de Chile vencer o Libertad. Passando para a final, nada de moleza. Corinthians, Vasco, Santos ou Vélez são as possibilidades. Mas, repito. Vencendo essas pedreiras, a confiança e a moral aumentam cada vez mais. Um elenco qualificado cheio de moral tem tudo para seguir adiante e é dessa maneira que os tricolores precisam pensar. Se for assim, pior para os rivais.

Que o Boca seja respeitado, mas não seja temido. O Fluminense pode ganhar lá e já provou isso. Mas perdeu em casa também. O Boca tem tradição e é uma equipe traiçoeira. Você acha que eles estão mortos e, quando menos espera, é surpreendido. Se não é o melhor time que eles tiveram nos últimos anos, tem muitas qualidades e força para chegar. Se entrar pensando em jogar bola e acreditando que pode vencer, o Fluminense tem tudo para se classificar.

Para ser campeão, o tricolor carioca vai ter que enfrentar algumas pedreiras.

Mas os adversários sabem que terão uma pedra muito maior pelo caminho.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Semelhanças e diferenças


Vasco e Botafogo entraram em campo nesta quarta-feira. Um pela Copa do Brasil, outro pela Libertadores. Qual a relação entre eles?


O erro dos dois times foi o mesmo. Enfrentaram equipes inferiores, começaram melhor o jogo, abriram o placar e recuaram em demasia. Levaram a virada e... para por aí. Enquanto o Botafogo foi eliminado, o Vasco passou nos penaltis.

A semelhança entre as equipes fica restrita aos jogos de hoje.

O Vasco tem um time pronto. Sabe jogar, coloca a bola no chão, tem jogadores de meio que chamam a responsabilidade e atacantes que incomodam. É um time chato e eficiente, tanto que fez gol em TODOS os jogos de 2012. O ponto fraco fica atrás. Prass não é tão ruim como os vascaínos dizem, mas não é tão bom quanto todos gostariam. A defesa precisa de Dedé como pulmão precisa de ar. Sem ele, é comum. No banco tem Cristóvão, um técnico questionado pela torcida, mas querido pelo clube e pelos jogadores. Que acerta aqui e erra ali, normal.

Contra os argentinos, todos esses elementos ficaram expostos no jogo. O erro foi recuar demais no segundo tempo. Chamar o Lanús para o seu campo foi um grade equívoco. Nos penaltis, a qualidade dos jogadores do Vasco ficou visível. Cobranças seguras, firmes, sem chances para o goleiro. Mas ficou mais claro do que nunca que a equipe não pode contar com Prass nesses momentos. No fim, alívio e classificação. Agora, vem o Corinthians. Duelo brasileiro sempre é melhor. O time paulista pode ser mais difícil, mas jogar vai ser mais fácil.

Se Prass não pega penaltis, Jefferson o faz, e muito bem. Mas isso não resolve, pois o time de General Severiano não está pronto. O meio de campo é sempre um enorme latifúndio. Contra o Vitória, o Botafogo começou melhor, trabalhando a bola, invertendo jogadas e criando algumas chances até abrir o placar em um lance inusitado de Elkesson. Depois, recuou e pagou por isso. Escanteio, Jefferson sai mal e quem faz a defesa (belíssima) é Lucas, aquele mesmo, expulso contra o Fluminense. 

A regra é clara e o lateral é expulso de novo. Aqui não dá para condenar o jovem alvinegro. Se o Botafogo segura o resultado, ele é herói. Não segurou, mas ele não precisa ser vilão. Reação instintiva que, provavelmente, dez em cada dez jogadores teriam. Jefferson aparece e salva a casa. Aí entra outro personagem que também errou contra o Fluminense: Oswaldo de Oliveira. Dessa vez, fez certo e colocou um lateral. Mas vacilou ao deixar Maicossuel no jogo. O meia não atacava e nem marcava. Buraco no meio de campo com um a menos costuma ser fatal. E foi.

O Vitória apertou, apertou, perdeu gols, depois perdeu mais gols. Aí empatou e virou. Após levar uma chinelada de 4 a 1 na final, o psicológico estava lá embaixo. Soma-se a isso uma torcida extremamente impaciente e temos uma receita explosiva. Chutões e mais chutões, passes errados e fim de papo. Copa do Brasil foi para o espaço.

Ao Vasco, resta esperar e se preparar para os confrontos contra o Corinthians.

Ao Botafogo, resta a reconstrução.

E, se quiser alguém para mirar e copiar, basta dar uma olhadinha em São Januário.

O Vasco é um bom exemplo a ser seguido.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Libertadores - Passa ou Fica?

Odeio quem fica em cima do muro. Então vou analisar e tentar cravar palpites para os jogos que envolvem times brasileiros nas oitavas de final da Libertadores. Sem enrolação, direto ao ponto.



Quarta-Feira, 21h50, Pacaembu

Corinthians x Emelec

Como não fez gol no Equador, é bom o Corinthians ficar atento para não levar gol em casa. O Emelec é fraco e sem tradição, mas pode surpreender em um contra-ataque bem encaixado. Vitória simples basta e o Corinthians não deve ter muito trabalho para consegui-la. Se o meio de campo e o ataque funcionarem, tem tudo para passar de fase. A defesa só precisa fazer o arroz com feijão e não complicar. Franco favorito. Se for eliminado, é vexame e mais um ano sem conseguir o título que é a obsessão do clube.

Corinthians passa ou fica? Passa.

Quarta-feira, 21h50, La Fortaleza

Lanús x Vasco

Time argentino, catimba, estádio cheio, torcida pressionando. Esse é o clima que o Vasco precisará encarar para se classificar às quartas de final. Se o Lanús não é ruim como o Emelec, também não é nenhum bicho papão. Regueiro, Camoranesi e Pavone sabem jogar, mas são inferiores aos jogadores vascaínos. Felipe e Juninho devem jogar juntos mais uma vez, a primeira fora de casa pela competição. Se entrar pensando em jogar bola, o Vasco tem boas chances de passar. Caso se feche lá atrás para segurar o empate, resultado que o classifica, pode acabar se complicando. Dedé não viajou e é desfalque seríssimo. Sem ele, a defesa cruzmaltina é tão comum quanto muitas outras. Periga bater cabeça nos momentos de pressão. E isso pode ser crucial na hora decisiva. Por isso...

Vasco passa ou fica? Fica.

Quinta-feira, 19h30, Vila Belmiro

Santos x Bolívar

O Bolívar é um time organizado e só. Nenhum grande destaque individual. O Santos tem Neymar e eu poderia parar por aqui. Precisa vencer por um gol de diferença desde que não sofra nenhum. Sofrendo, precisa vencer por dois para evitar penaltis ou até a eliminação. O Bolívar vem fechado, esperando a brecha para contra-atacar. Muricy sabe disso e vai orientar o time para neutralizar as raras investidas adversárias. Se Ganso e Neymar estiverem em bom dia, tudo fica dentro dos conformes. Neymar, mesmo em dias ruins, está em dias bons, joga muita bola. Favoritíssimo.

Santos passa ou fica? Passa.

Quinta-feira, 22h, Engenhão

Fluminense x Inter

O palpite mais difícil e fica óbvio saber os porquês. Grandes times, grandes técnicos, bons elencos. Thiago Neves, Deco, Rafael Sóbis (Wellinton Nem) e Fred x Oscar, D'Alessandro, Dagoberto e Leandro Damião. Choque de quadrados mágicos. O jogo em Porto Alegre foi feio e pegado, com cara de Libertadores. O Flu saiu agradecendo, pois levou bola na trave e o Inter perdeu um penalti com Dátolo (que deve jogar caso Oscar seja vetado pelo imbróglio com o São Paulo). Um jogo que pode ser decidido nos detalhes, em uma bola parada ou lance genial. Se jogar como jogou contra o Botafogo, o Fluminense passa tranquilo. Do contrário, o jogo será sofrido e parelho. As defesas são os pontos fracos e podem facilitar para o adversário. Prognóstico arriscado, mas como foi prometido...

Quem passa? Quem fica? Fluminense passa, Inter fica.

Lembrando que são só PALPITES.

Façam suas apostas.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Time de Guerreiros?

Poderia ser somente o primeiro jogo de uma final de 180 minutos. Poderia.

O Fluminense era melhor desde o começo do jogo, apesar do Botafogo ter aberto o placar em uma lambança da tão criticada defesa tricolor. Como um rolo compressor, o Flu finalizou 12 vezes contra apenas duas da equipe alvinegra na etapa inicial. Mostrava que queria mais, buscava mais, merecia mais. Ao fim do primeiro tempo, a justiça chegou. De forma plástica, como quem dizia: "vou ganhar e vou ganhar bonito". Mais bonito que uma bicicleta bem dada, impossível. O autor foi Fred, que tem a incrível mania de fazer golaços aos montes. E é um personagem tão intrigante, que merece um parágrafo à parte.

Ele sabe jogar bola, muita bola. Mostrou isso quando apareceu no América-MG fazendo gol do meio de campo. Depois, foi artilheiro no Cruzeiro e se mandou para a França. Após ser tricampeão francês, saiu do Lyon e veio ser a "menina dos olhos" de Celso Barros, "presidente" do Fluminense e seu admirador declarado. Já conviveu com um intenso período de lesões, polêmicas com noitadas e até foi acusado de pegar onda quando estava machucado. Mesmo assim, sempre anotou gols importantes para o Fluminense.  Sem dúvidas, é um jogador fundamental para a equipe. Ora craque, ora jogador problema. Se Fred tivesse a cabeça voltada só para o futebol, seria um dos cinco principais atacantes do mundo, assim como Adriano Imperador.

Posto isso, voltemos ao jogo. No segundo tempo, o time de Abel Braga continuou a pressionar e, muito provavelmente, ganharia o jogo. Mas teve a missão facilitada pelo rival quando Lucas foi expulso após levar o segundo amarelo. Um claro erro de Oswaldo de Oliveira. Além de Lucas já ter cartão, era o jogador mais faltoso da equipe e deveria ter sido sacado no intervalo. Não saiu e depois rodou. Com um a mais em campo, Deco, a cada dia melhor, teve espaços de sobra para jogar ainda mais e comandar a goleada (4 a 1). Ao lado dele, Rafael Sóbis (autor de dois gols) e Thiago Neves (finalmente!) foram outros tricolores que se destacaram.

O Fluminense não vem jogando tão bem esse ano. Só nos momentos importantes, cruciais. Se classificou na bacia das almas na Taça Guanabara e sapecou o Vasco na final. Contra o Boca, na Bombonera, jogo com cara de decisão e... vitória incontestável. No primeiro jogo da final, entrou com tudo e praticamente liquidou o campeonato. Parece que o time joga quando quer, quando sabe que vale algo mais. Na hora de decidir, cresce, aparece, vence e não deixa margem às dúvidas.

O Fluminense era o "Time de Guerreiros".

Era.

Agora, é o "Time das Decisões".


sábado, 5 de maio de 2012

Torcida de um lado, rebanho do outro

O Borrusia Dortmund foi campeão alemão com duas rodadas de antecedência. No último jogo do campeonato, em casa, apenas para cumprir tabela, 80.720 torcedores compareceram ao Westfalenstadion (Signal Iduna Park) para celebrar. Vale ressaltar que esta é a capacidade máxima do estádio. Em 17 jogos em seus domínios, o Borussia lotou a sua casa em 13 oportunidades. O público mais baixo foi de 78.400. Maior média da Europa e maior média da história do Campeonato Alemão.

O Borussia Dortmund é só um pequeno exemplo do grande abismo que existe entre o futebol brasileiro (e todos os seus campeonatos) e o futebo europeu. Não vou nem me dar ao trabalho de buscar números para confirmar o que digo, pois isso fica nítido todo fim de semana. Esse ano, no Campeonato Carioca, tivemos clássicos com públicos de 11 mil pagantes, 15 mil pagantes. Clássicos, não jogos contra times pequenos. Contra as equipes menores é melhor nem falar o público.

E caso alguém queira argumentar que estou comparando um campeonato nacional contra um estadual, ok. Comparemos então com a nossa divisão principal, a Série A do Campeonato Brasileiro. Nos últimos anos, o panorama é o mesmo. Geralmente as equipes que brigam nas cabeças têm as melhores médias e elas nunca superam a casa dos 35, 40 mil torcedores. Ou seja, metade do que conseguiu o Borussia Dortmund. E, se formos buscar números em outras ligas, vamos chegar bem próximos disso, podem apostar. Real Madri, Barcelona, Milan, Bayern, Manchester United, entre outros, têm médias de público excelentes. Também não é novidade, para quem acompanha, reparar que os clubes menores (com torcidas bem inferiores as dos clubes brasileiros) dessas ligas conseguem médias de 20, 25 mil.

Motivos para entender essa questão não faltam. Na Europa, os torcedores são tratados com respeito. Aqui, como gado. Já experimentou entrar no Engenhão faltando 20 minutos para começar um jogo em que o público beire os 30 mil? É aperto, todo mundo espremido nas grades, roleta ruim, policia despreparada, filas imensas para comprar um simples ingresso e tudo mais. Organizadas incontroláveis que brigam como querem, no local que desejam, a hora que bem entendem. Ingressos relativamente caros para a realidade de muita gente e pelo baixo nível técnico de alguns jogos. O transporte não ajuda. Ônibus, trem e metrô sempre lotados. Para quem vai de carro, trânsito e estacionamento com preço abusivo. Dentro dos estádios, nada de conforto ou lazer. Fora o preço de bebidas e alimentos, muito fora da realidade (um refrigenrante custa R$ 5,00 no Engenhão). Óbvio que todos esses fatores em conjunto afastam os torcedores.

Lá fora, tudo isso acima não acontece. Pode ser que em um ou outro local não seja assim, mas, no geral, as coisas funcionam. Além disso, os estádios possuem lojas e restaurantes, que acabam sendo um atrativo a mais para o torcedor chegar cedo e aproveitar antes do cotejo. Esse cenário permite que famílias e amigos compareçam aos estádios completamente despreocupados, só pensando em torcer, curtir e relaxar. Ir aos jogos de futebol é um programa, verdadeiro entretenimento.

Para chegarmos a essa realidade, basta boa vontade e honestidade.

Enquanto isso não acontece, vamos ao jogos todos juntos, apertadinhos e maltratados.

Como verdadeiras peças de gado.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Nem bom, nem ruim


Vasco x Lanús, São Januário com público razoável (pouco mais de 13 mil presentes), torcida empolgada e um adversário relativamente fácil. Mas relativamente fácil é... relativo. O Vasco começou bem, dominou o primeiro tempo inteiro, abriu 2 a 0 no placar - com direito a uma pintura de Diego Souza -, poderia ter feito mais e estava com o jogo relativamente resolvido. Mas relativamente resolvido é... relativo.


Libertadores é uma competição chata. Chata mesmo. Arbitragem chata, os times gringos são chatos, quando os brasileiros vão jogar fora é chato. Para ganhar, tem que saber jogar. E saber jogar não envolve somente colocar o adversário na roda, tocar a bola, dominar o jogo, fazer os gols em casa e não levar nenhum. Saber jogar a Libertadores é saber acalmar o jogo e fazer a cera que os rivais fazem também.

O Vasco fazia tudo, o Lanús fazia nada. Mas quando o relativo entra em ação...

Um lance. Bola cruzada, Fágner sobe atrasado, leva o drible e Regueiro fuzila Fernando Prass. Pronto. Tudo o que está nos dois primeiros parágrafos acaba de ruir. O Vasco se perde, o Lanús bota a bola no chão e se contenta com o placar. Afinal, uma vitória simples na semana que vem e os argentinos vão às quartas. Cristóvão mexe mal, troca Felipe pelo xará, o Bastos. Torcida que apoiava, agora vaia. Chama o técnico de burro e deixa de incentivar. A atmosfera favorável está desfeita e o Lanús agradece.

Cristóvão pode estar em uma fase infeliz, digamos assim. Escala mal, mexe mal, não acerta a mão. Mas a torcida também não ajuda. Assim como não ajudou a atitude de Felipe. Em um jogo como esse, o ideal é apoiar até acabar. Depois, vaia quem quiser. Mas Felipe sai, esbraveja, xinga e, como ídolo, carrega a torcida junto. Pobre Cristóvão. Hoje, a torcida do Vasco atrapalhou e precisa entender isso. Vaiar é direito do torcedor, xingar também. Mas é preciso saber a hora certa de fazer. A hora certa era depois do jogo, não com 20 minutos do segundo tempo. Parece que a torcida vascaína precisa arrumar um vilão sempre. Pode ser Fernando Prass, Rhodolfo, Alecssandro, Felipe Bastos, Fágner, Cristóvão, enfim, cada jogo um. Às vezes, simplesmente não há vilão. 

No fim, os jogadores, em uma postura muito elogiável, aguardaram o treinador atravessar todo o campo para acompanhá-lo durante a saída. Isso mostra que o técnico é querido pelo grupo, apesar de ser odiado por boa parte da torcida.

Dizer que o resultado foi bom para o Vasco é relativo.
Dizer que o resultado foi ruim para o Vasco é relativo.

Nem bom, nem ruim. O resultado foi mais ou menos mesmo.
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