domingo, 30 de setembro de 2012

A vitória da liberdade


O Fla-Flu foi um jogo bem movimentado. Chances para os dois lados, pênalti perdido pelo Flamengo, bolas na trave do Fluminense, golaço de Fred - mais um - e bons motivos para os dois lados comemorarem.

Os rubro-negros podem ficar felizes porque começam a ver um time dentro de campo. Organizado, aplicado, raçudo. O esquema, com dois volantes, dois meias e dois atacantes de ofício, tem dado certo e é a hora de Dorival não mudar mais. Que mudem as peças, não a formação. Comparando os elencos, obviamente o Fluminense era considerado favorito. Mas foi o Flamengo quem dominou o jogo, teve mais posse de bola. 

As oportunidades mais claras foram de Cléber Santana, que isolou uma chance quase embaixo da trave, Bottinelli, que perdeu um pênalti, e Nixon, que acertou bonita cabeçada para defesa de Cavalieri. O Flamengo ainda briga para não cair, mas o panorama mudou. Nos 3 últimos jogos, contra os 3 primeiros colocados, fez partidas convincentes, que indicam um caminho menos complicado na luta contra o rebaixamento.

Para o Fluminense, o resultado é o que importa. E é isso que deve valer até o fim do campeonato. Jogar mal tem sido uma regra, assim como vencer. Hoje, mais uma vez, foi o que aconteceu. O Flu jogou atrás, explorou os contra-ataques e decidiu o jogo na liberdade e no talento. Thiago Neves, autor de duas bolas na trave em cobranças de falta, rolou para Deco, completamente sozinho, cruzar para Fred. O artilheiro do brasileiro apareceu livre, como se não precisasse ser marcado, e fez o que sabe de melhor. Gol. Golaço. 

Depois, foi a vez de Cavalieri ser o Fred da defesa. Pegou pênalti e cabeçada à queima-roupa. Apesar de jogar mal, o Flu é líder, tem o artilheiro do campeonato, melhor ataque, melhor defesa. Não tem como discutir. É o melhor time do campeonato. Pode não ser o que joga mais bonito, mas certamente é o mais eficiente.

Diante dos fatos, só uma catástrofe será capaz de tirar o título do Flu nas 11 rodadas que restam.

A 6 pontos do segundo colocado, o tricolor continua cada vez mais líder.

E se Deco e Fred tiveram liberdade no lance do gol,

O Fluminense tem liberdade em sua estrada.

Basta olhar para frente.

Afinal, não há ninguém para atrapalhar a vista.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

FMH Entrevista - Ibson

(Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia)

Ele chegou ao Flamengo aos nove anos de idade. Passou por todas as categorias de base do clube até se tornar profissional, em 2003. Em 2004, conquistou o primeiro título com a camisa do clube. Depois, saiu para o futebol europeu e retornou em 2007 para participar de uma das arrancadas mais impressionantes do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, fazia parte do grupo melancolicamente eliminado da Libertadores pelo América do México. Agora, aos 28 anos, ele voltou à Gávea para jogar no clube que ama. Na entrevista abaixo, Ibson Barreto da Silva, o Ibson, fala das alegrias e tristezas no Flamengo, da passagem pelo futebol europeu, de jogar ao lado de Neymar e garante que o Flamengo não será rebaixado. Confira.

Futebol e Mau Humor: Você chegou ao Flamengo aos 9 anos, cresceu no clube, se profissionalizou, saiu e, hoje, está de volta. Como é a sua relação com o clube e com a torcida?

Ibson: Minha relação com o clube e com a torcida é ótima. O Flamengo é a minha casa, onde fui criado e cresci como homem e atleta. Para jogar aqui é preciso amar o clube e por isso que eu voltei.
  
FMH: Você teve uma passagem pelo futebol europeu atuando no Porto e no Spartak Moscou. Em ambos os clubes, retornou ao Brasil por empréstimo, uma vez para o Flamengo e, outra, para o Santos. O que faltou para você se firmar na Europa?

Ibson: Realizei o sonho de todo atleta que é atuar na Europa, fui bicampeão português, da taça e supercopa de Portugal. Infelizmente sofri duas lesões graves e nesse meio tempo houve uma troca no comando da equipe e acabei perdendo espaço. Na Rússia eu vivi dois anos incríveis e optei por voltar ao Brasil porque morávamos em um condomínio onde havia vários jogadores brasileiros e, aos poucos, eles foram retornando ao Brasil. Aí decidi que também era a hora de voltar.
  
FMH: Em 2007 você voltou, o Fábio Luciano foi contratado e o Flamengo deu aquela incrível arrancada no Brasileirão. Acha que ali foi a melhor fase da sua carreira?

Ibson: Acredito que sim. Foi um ano muito marcante onde puder reencontrar o meu melhor futebol após a primeira passagem no futebol europeu. O Flamengo estava nas últimas posições e conseguimos a classificação para a Libertadores e ainda conquistei o prêmio de melhor meia direita do Brasileirão.  

FMH: Já em 2008, o Flamengo teve um capítulo triste em sua história. A derrota para o América do México pela Taça Libertadores. Quando acabou aquele jogo, como você se sentiu, qual foi a sua primeira reação?

Ibson: Parecia que estava vivendo um pesadelo, foi uma grande decepção, na verdade um vexame muito grande, comparado a perda do título da Copa do Brasil, em 2004. Acho que nos deixamos levar pelo clima de festa pelo título carioca e pela vitória no primeiro jogo fora de casa, entramos desligados e infelizmente fomos eliminados.

FMH: Dos títulos que você ganhou no Flamengo, qual foi o mais importante e por quê?

Ibson: Acho que o Carioca de 2004 foi o mais marcante. Como citado anteriormente, cheguei ao clube aos nove anos, minha infância e adolescência foram no clube, então este título coroou todo esforço, foi a realização de um sonho, meu primeiro título profissional.

FMH: Qual o jogo inesquecível da sua carreira?

Ibson: Foram vários jogos importantes, mas a estréia no profissional com vitória sobre o nosso maior rival (Vasco) foi muito marcante.

FMH : No Santos você atuou ao lado do Neymar e trabalhou com o Muricy. Como foi poder atuar com o melhor jogador do Brasil? E o Muricy, ele é realmente um técnico diferenciado?

Ibson: Construímos uma amizade muito boa, ele é um jogador fora de série, tranquilo e muito humilde. O Muricy é um grande treinador e os títulos conquistados nos últimos anos demonstram isso.
  
FMH: Agora você retornou ao Flamengo e o clube não passa por um bom momento, tanto dentro quanto fora dos campos. O que está faltando para o time encaixar uma série de vitórias e subir na tabela?

Ibson: Acho que não é o momento de procurar culpados, precisamos dividir as responsabilidades entre todos do elenco. O Flamengo está vivo, fizemos alguns bons jogos, porém pecamos por erros nossos. Estamos todos juntos, no mesmo barco e a tendência é conseguir emplacar uma sequência positiva para subir na tabela.
  
FMH: Você mesmo não vem em boa fase. O que está faltando para render aquilo que a torcida espera de você?

Ibson: Estava atuando fora de posição e isso me prejudicava. Consegui emplacar uma sequência boa de jogos e espero crescer ainda mais nessa reta final.

FMH : A possibilidade do rebaixamento está assustando os jogadores?

Ibson: É um momento delicado, uma possibilidade que assusta, mas o momento é de dar apoio a todos. A equipe já melhorou, já mudou de atitude e essa fase já está passando. O Flamengo não será rebaixado.

FMH: Deixe um recado para a torcida do Flamengo.

Ibson: Deixei o Santos para ajudar esse clube que está no coração de todos nós. O Flamengo sempre foi raça, vontade e coração na ponta da chuteira. Precisamos do apoio da nossa torcida para sair desse momento delicado.

domingo, 23 de setembro de 2012

Um jogo, seis pontos


Depois de sete jogos sem vitória, o que mais importava para o Flamengo era vencer e não convencer. Ainda mais fazendo um jogo de seis pontos, contra um time que também está brigando contra o rebaixamento. E foi isso que aconteceu. O rubro-negro carioca venceu o rubro-negro goiano por 2 a 1.

Apesar de fazer um jogo ruim, repleto de erros, o rubro-negro conseguiu sair com a vitória. 

Vitória que foi alcançada graças aos gols do estreante Cléber Santana e de Liédson. Mas o resultado não deixa de escancarar os equívocos da equipe da Gávea. O Atlético Goianiense é um time fraco e, mesmo assim, o Flamengo passou sufoco. 

Ramon continua sendo uma avenida pela esquerda. Não apoia e não marca e, no jogo de hoje, ainda vacilou no lance do gol adversário. Um desastre completo. Luiz Antônio e Ibson parecem disputar para ver quem está na pior fase. Hoje Luiz Antônio ganhou fácil, fácil. Cléber Santana fez uma boa estreia, mas ainda precisa achar o seu posicionamento em campo. Julgar Adryan pelo jogo de hoje soa, no mínimo, pouco racional, já que ele foi criado como armador e foi escalado como atacante, posição onde, obviamente, não se dá bem. 

O ponto positivo que pode ser tirado do jogo de hoje é que Wellinton Silva mostrou ser um lateral superior a Ramon e Léo Moura. Apoiou muito bem (inclusive no fim do jogo, quando criou algumas jogadas) e não deixou espaços na marcação. Diferentemente do camisa 2 do Fla, corre, vai à linha de fundo, cruza, enfim, tenta jogar. No próximo jogo, Dorival terá a volta de Léo. Resta saber se deixará Wellinton na lateral ou não.

Por fim, Vágner Love. Correu, se esforçou e até jogou bem, mas a má fase parece não querer abandoná-lo pela segunda vez neste campeonato. Deu as duas assistências para os gols do Flamengo, mas, no fim, quase pôs tudo a perder. Cobrou muito mal o penalti sofrido por Bottinelli e ainda perdeu um gol em cima da linha, após boa jogada de Wellinton Silva. 

Com erros, mudanças e jogadores em má fase, o Flamengo capenga no campeonato.

Mas, no jogo de seis pontos, fez o que tinha de fazer.

Venceu.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Devolvam o meu futebol

Edmundo rebola na frente de Gonçalves e provoca
o zagueiro alvinegro
Devolvam o meu futebol, pois roubaram ele de mim.

O meu futebol era o verdadeiro futebol arte, folclórico, moleque. Tinha malandragem na medida certa. Nos tempos em que reinava o meu futebol, reinavam também a alegria e as brincadeiras sadias entre rivais. Adversários, inimigos dentro de campo, cúmplices de gozações fora dele. O vencedor pegava no pé do amigo, derrotado, que daria o troco dias depois, quando os papéis se invertessem. Tudo na paz, na amizade, na boa, tudo dentro do espírito esportivo.

No meu futebol os jogadores eram espertos, malandros, mas na medida certa. Hoje, cada contato é um mergulho, a busca sórdida por uma falta, um pênalti, um cartão para o adversário. E ai dele, do jogador rival, se resolver provocar jogadores e torcedores que estão defendendo as outras cores envolvidas na disputa. "É desrespeito, é absurdo, é um abuso, não pode, quebra ele!", vão gritar os arquibaldos. E os adversários vão quebrar, vão meter o dedo na cara, vão mostrar que são machos. Até a semana seguinte, quando os machos do último jogo serão os engraçadinhos da vez. No meu futebol o Romarinho podia correr na direção da torcida adversária, mostrar o escudo do seu time, fazer gesto pedindo silêncio, podia, enfim, sacanear. Assim como faziam Renato Gaúcho, Romário, Edmundo, Edílson e tantos outros. E o assunto acabava ali, dentro das quatro linhas. Quem foi sacaneado hoje, sacaneava amanhã.

Hoje, meu futebol foi roubado. Se o goleiro mata a bola no peito, leva pito do atacante. Coitado do Heguita e do Jorge Campos, mestres na arte de fazer gracinhas embaixo da trave, se agarrassem nos tempos atuais. Se o atacante comemora um gol de forma diferente, ironizando o rival, leva amarelo, o jogador adversário vem tirar satisfação e o pau quebra. Isso quando não aparece um tal de STJD para te suspender por dar um simples beijo no escudo do Botafogo querendo provocar o Flamengo, não é, Loco Abreu? Fora a violência descabida, desmedida, de torcidas organizadas, que matam, brigam, assustam e ameaçam torcedores de bem, jogadores e dirigentes.

O futebol atual está invertendo valores. O que deveria ser uma diversão, motivo de conversa animada, está virando guerra. Malandro não é o cara que sabe zoar ou ser zoado, é aquele que tira vantagem em cima do outro que, automaticamente, vira otário. O futebol virou o palco dos atores, todos vilões, que tentam se dar bem em cima dos rivais.

O futebol perdeu aquilo que tinha de melhor. A brincadeira sadia dentro e fora dos campos, a risada, a gargalhada amiga.

Devolvam o meu futebol, pois roubaram ele de mim.

E colocaram essa merda no lugar.

domingo, 16 de setembro de 2012

Quando correr é mais importante

Ramon ergue Adryan para comemorar o gol do meia
Tem horas que o suor é mais importante que o talento. Talvez seja por esse ponto de vista que o time do Flamengo deva se guiar daqui para frente. Está faltando talento ao time, então, tem que sobrar suor, transpiração.

A camisa 10, tão essencial em qualquer equipe, simplesmente não existe no Flamengo. Nenhum jogador foi contratado para a posição e quem foi criado assim na base, como Adryan, acaba sendo deslocado para o ataque. Aqueles que um dia foram solução, hoje são problemas. Léo Moura não joga bem na lateral desde o ano passado e, como ficou provado hoje, também não deve jogar bem no meio. Ibson tão pouco vem rendendo o que a torcida espera dele. Luiz Antônio caiu de rendimento e Cáceres dá a impressão de estar no mesmo caminho dos companheiros. Liédson parece estar sem sorte e Love entrou de novo naquela fase em que a bola não entra.

Não bastasse tudo isso, Dorival troca de escalação como quem troca de camisa. Cada rodada é uma diferente, todas sem o sucesso esperado. Ao técnico, tem faltado coerência. Talvez seja hora de escolher um time, uma formação e insistir com eles. Pelo que parece, a equipe do segundo tempo, com dois atacantes e Adryan jogando mais atrás, é a ideal. Adryan, inclusive, marcou um gol de falta que até lembrou o mais famoso camisa 10 rubro-negro, Zico.

Com todos esses problemas, o Flamengo ainda conseguiu empatar com o bom time do Grêmio comandado por Vanderlei Luxemburgo. E empatou porque correu, correu, correu e suou. Transpirou e mostrou vontade. A faixa da torcida que explicitava o sentimento de indignação de cada torcedor se transformou em confiança e apoio ao fim do cotejo. Hino sendo cantado nas arquibancadas e músicas de incentivo na saída do estádio.

Quando o talento e a técnica não estão funcionando, é preciso achar outra forma de buscar os resultados.

Se não vai na criação, vai na transpiração.

Assim, a torcida volta a confiar.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

FMH Entrevista - Renan

(Foto: Site oficial do Botafogo)
Ele chegou ao Botafogo em 2006, depois de uma passagem pelo CFZ. Na base do Glorioso, foi destaque em várias competições e, assim, foi convocado para a Seleção Sub-19. Em 2008, teve o primeiro grande teste da carreira: a final do Campeonato Carioca contra o Flamengo. Apesar do título não ter vindo, Renan foi um dos destaque dos jogos. Hoje, aos 23 anos, é reserva de Jefferson, goleiro titular da Seleção Brasileira. Na primeira entrevista realizada pelo Futebol e Mau Humor, o goleiro alvinegro Renan é o convidado. Confira abaixo:


Futebol e Mau Humor: Você chegou aos profissionais do Botafogo em 2008 e, logo depois, entrou em um momento muito importante para o clube: a final do Campeonato Carioca contra o Flamengo. Como foi essa transição do futebol de base para o profissional?


Renan dos Santos: Procurei a adaptação mais rápida o possível junto a psicóloga do Botafogo, que me ajudou com as diferenças que existem entre o profissional e a base.


FMH: O Jefferson é um goleiro experiente, ídolo da torcida, jogador de Seleção Brasileira. Como é a sua relação com ele no dia a dia?

Renan: O Jefferson é meu amigo. É um excelente profissional. Respeito a trajetória dele e aprendo muito com ele. 

FMH: O Botafogo acertou com o Seedorf há pouco. Como é conviver, treinar e jogar com um astro do futebol internacional?

Renan: Está sendo ótimo. É um jogador experiente, que está ajudando o time e o clube. O Botafogo acertou em contratá-lo. 

FMH: Hoje é muito difícil vermos jogadores que tenham identificação com o clube e você já está há 4 anos no Botafogo. Você quer ser como Rogério Ceni, Marcos e fazer história no Botafogo ou quer ser como Julio Cesar e Dida, que fizeram história em solo europeu?

Renan: Tenho vontade de fazer história no Botafogo. Mas o futuro a Deus pertence. Aparecendo uma boa oportunidade para mim e para o clube não descartaria. 

FMH: Quem são os ídolos na profissão?

Renan: Marcos e Júlio Cesar. 

FMH: Atacante mais perigoso que já enfrentou? Por quê?

Renan: Ronaldo Fenômeno. Pela qualidade e história que tem como profissional. 

FMH: Jogo mais marcante da carreira?

Renan: A final do Campeonato Carioca, contra o Flamengo. 

FMH: Como é o Renan no dia a dia? O Renan filho, pai, marido.

Renan: Acho que tenho um bom desempenho nessas funções (risos). Apesar dos jogos e treinos do dia a dia,
procuro estar sempre presente com meus pais, meu filho e minha esposa. 

FMH: Deixe um recado para a torcida alvinegra.

Renan: Agradeço o apoio dos torcedores e peço que continuem nos ajudando. Com a união do time junto à torcida, poderemos ir longe.

domingo, 9 de setembro de 2012

Carta aberta ao Fred

Fred,

Eu reconheço, te admiro. Você é um baita centroavante. Provavelmente o melhor do Brasil. Mas você poderia ser muito, muito mais. Só que parece que você não quer, e eu não entendo isso. Você ganha salário de jogador europeu, tem o melhor elenco do Brasil ao seu lado e poderia ser artilheiro de todas as competições que joga. Poderia, inclusive, ser o 9 da Seleção Brasileira, essa camisa que anda precisando tanto de um cara como você.

Um cara que sabe fazer gols plásticos, que só aqueles que têm muita qualidade técnica sabem fazer, e gols feios, de centroavante cascudo, brigador, que também sabe trombar com os zagueiros. Mas não sei o que se passa com você. Por vezes é indolente, como quem diz: "tô nem ai". Parece que fica esperando receber uma chuva de críticas só para ter o gostinho de provar que você é o melhor. Quando as críticas vêm, você entra, mata a pau e acaba com o jogo. O problema é que só faz isso quando quer. E nem sempre você parece querer.


Você precisa entender, Fred, que existe uma grande diferença entre você e os outros. Os caras treinam, jogam, levam a sério, não têm notícias relacionadas com mil noitadas e... fazem menos gol que você. Quanta diferença! Com o menor esforço, você fica no mesmo nível deles ou sempre um degrau acima. Imagina se você se esforçasse de verdade, se quisesse todos os dias? Ia ficar ruim para o resto, não acha?

Você já foi atacante de seleção, fez gol em Copa do Mundo, já jogou na Europa - e poderia jogar de novo, garanto - mas parece que nada disso te importa. Se você levasse um pouquinho, só um pouquinho mais a sério, e evitasse a rota do departamento médico, você jogaria em qualquer clube que faz parte de um dos grandes centros do futebol. Não que você precise sair do Brasil, me entenda. Você só precisa fazer aquilo que sabe de melhor: jogar bola, sacudir o barbante.

Pensa nisso e imagina o bem que você faria ao Brasil e, principalmente, ao Fluminense.

Pensa nisso. E jogue bola.

Assim, vão existir muitos caras por aí

Mas você será o maior deles.

Bucha de canhão

(Foto: Felipe Gabriel)
Você estava solteirão, de bobeira pela vida, quando aquela mulher maravilhosa te fisgou. Cada um pense como quiser. Loira, ruiva, morena ou  negra, magra ou sarada, alta ou baixa, que faz o estilo nerd ou mais descolado, com mais peito e menos bunda ou vice-versa. O que importa é que a mulher que você arrumou é um avião. Aquela Ferrari de parar o trânsito, aquela mulher que passa na rua e todos os caras babam. Aquela que é alvo das rivais, invejosas, que tentam diminuí-la. Mas não dá. Ela é um espetáculo. Tão boa que chega a ter milhares, milhões de fãs.

Vocês começam a namorar e, em pouco tempo, você conhece ela mais profundamente. Percebe algumas coisas que de fora não percebia. Ela é superficial, parecia ser muito melhor do que realmente é. Tem problemas em casa, é desorganizada. Na empresa onde trabalha, tem muitos funcionários com mais destaque que ela, inclusive aquelas três mulheres que ela odeia. A família é um problema, cheia de pilantra, um querendo se dar bem em cima do outro. Os fãs, coitados, continuam apaixonados pela mulher que você arrumou. Mal sabem eles o buraco onde você foi se meter. Buraco esse que é muito mais embaixo do que você pensava. O tempo te mostrou quem ela é de verdade.

Agora você, que estava na boa, curtindo a vida, pegando um sol, está tentando resolver o que pode. Está tentando melhorar a vida da sua namorada no trabalho e no dia a dia. Mas é difícil né? Ela te arrumou umas ferramentas tão ruins. Umas são velhas, meio enferrujadas, e se você tentar mexer com elas, vão chiar. As novas, que ela mesma criou, parecem não ser toda aquela maravilha que se dizia, pelo menos até agora. E a aparência? Ela se descuidou, está meio caída, o cabelo não tem mais aquela cor vívida de outrora, os olhos não brilham tanto, o corpo não é mais escultural. Ela embarangou. Mas você continua se esforçando, tentando.

E mentindo.

Mentindo descaradamente para si mesmo, para ela e para os fãs. Diz que ela continua legal, que está ótima, que as ferramentas são boas sim, só precisam de um pouco de óleo e mais trabalho. Balela, pura balela.

O ideal agora é ser sincero. Consigo mesmo e com todos.

Mentir não te ajuda em nada. É hora de falar todas as verdades que ela precisa ouvir.

Tua mulher já foi a melhor do pedaço, e não faz muito tempo. Agora não passa de um canhão.

E ai de você se não resolver o problema.

Culpado ou não, a bucha será você.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O Carrossel de Seedorf


Quando Seedorf chegou, sua contratação foi vista de duas formas.

Alguns desconfiavam dos seus 36 anos, do alto valor que o Botafogo pagaria para ter um jogador de certa idade, de que não daria retorno financeiro em uma possível venda, e da sua capacidade técnica. Não que seja inteligente duvidar das qualidades de um jogador que jogou muita bola e foi campeão por onde passou, mas teve gente pensando que o holandês poderia não render porque estava velho. Essa palavra que perde o significado perante jogadores como ele, Seedorf.

A segunda maneira de enxergar a contratação do holandês era com extremo otimismo, imaginando que ele seria como Juninho para o Vasco ou Deco para o Fluminense. Aquele jogador acima da média, que carrega o time com sua técnica, inteligência, visão, decisão e outros atributos positivos. Jogando em um setor que já contava com jogadores de toque mais refinado como Renato, Andrezinho, Fellype Gabriel e Elkeson, era de se esperar que o Botafogo se tornasse uma máquina, um novo tipo de Carrossel Holandês (esquema da seleção holandesa na Copa de 1974, onde jogadores muito qualificados não guardavam posição em campo), tendo Seedorf como seu pilar. 

Sem exagerar para nenhum dos lados, a realidade era simples. Seedorf faria grande diferença no time e no elenco do Botafogo, mas precisaria se adaptar ao futebol brasileiro, precisaria de tempo. Aos poucos, o holandês vem crescendo de produção, fazendo gols e tendo importante papel para o Glorioso. Hoje, contra o Cruzeiro, time correto, mas que, como todo time de Celso Roth, vai terminar entre o nada e o lugar nenhum, Seedorf foi o destaque da partida fazendo dois gols para virar o jogo e dando uma arrancada combinada com uma linda assistência para o gol que sacramentou a vitória.

Seedorf está se acostumando ao futebol do Brasil e, cada vez mais, se encaixando ao elenco e ao time do Botafogo.

A cada partida isso fica evidente.

Exageros à parte, hoje o Botafogo jogou, porque Seedorf jogou, acertou, fez gol, correu e deu passe.

Sem guardar posição.

Hoje, Seedorf foi o Carrossel Alvinegro.

Hoje, o Botafogo teve o carrossel de um homem só.

domingo, 2 de setembro de 2012

Erros, erros e erros.

(Foto: Ricardo Rimoli / Lancenet)
Erros acontecem. E como.

A diferença é que há erros decisivos e, outros, que acabam não tendo o mesmo peso. Vejamos os erros de Internacional x Flamengo, jogo em que o time gaúcho começou errando e perdendo, mas terminou como vencedor, porque, no fim das contas, errou muito menos.

O jogo era equilibrado até o erro de Muriel. Ao receber um recuo, o goleiro furou horrivelmente e deixou a bola para Vágner Love, sempre ele, fazer o único gol do Fla no jogo. Depois, o Flamengo repetiu o goleiro do adversário, só que em um número muito maior.

O primeiro foi Ramon que, ao tentar cortar um cruzamento, deixou a bola nos pés de Forlán. O melhor jogador da última Copa do Mundo só teve o trabalho de tocar para a rede e marcar o primeiro gol dele com a camisa do Colorado. Os erros de um lado permitem os acertos do outro. Assim, o Internacional chegou ao segundo gol. Outro cruzamento na área, outro erro do Flamengo, dessa vez com Cáceres, e bola na rede.

O terceiro gol do Inter começou em mais um erro do time da Gávea. O personagem do lance foi Ibson, que bateu uma falta no campo de ataque rubro-negro de forma displicente. A bola foi lançada para Leandro Damião, que tocou para Fred passar a D'Alessandro. O argentino carimbou a trave e a bola sobrou limpa, novamente para Forlán empurrar para as redes. No fim, ainda deu tempo de Leandro Damião marcar mais um e fechar o caixão do Flamengo.

Graças a profusão de erros do Fla, o erro do goleiro do Inter, Muriel, teve um peso diferente, foi apenas um erro. 

Já os erros rubro-negros custaram muito caro.

E o valor a pagar foi uma derrota humilhante.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...