Quando entraram no campo do Superdome para disputar o Super Bowl XLVII, tanto Baltimore Ravens quanto San Fracisco 49ers tinham motivos de sobra para querer sair dali com o troféu Vince Lombardi. Depois de um jogo emocionante e muito disputado, com direito a 30 minutos de apagão, o time de Baltimore, com apenas 16 anos de existência, sagrou-se campeão pela segunda vez (a outra havia sido em 2000). Dos dois lados havia histórias interessantes, daquelas que faziam os dois times serem merecedores do título. Como o Ravens ganhou, vou contar algumas delas nesse post. São histórias de superação pessoal e profissional. Todas elas, sem exceção, são bonitas e mereciam um final feliz.
Ray Lewis:
Se a franquia de Baltimore tem um rosto, certamente é o deste linebacker. O eterno camisa 52 foi escolhido para jogar no time no mesmo ano de sua fundação, em 1997. Ou seja, ambos estrearam juntos na NFL. Durante toda a carreira, Lewis vestiu somente as cores do Ravens, se tornando o maior nome da história do time, um ídolo sem igual. Em paralelo a isso, seu desempenho em campo, sempre em alto nível, o colocou, possivelmente, como o melhor linebacker da história da liga. Nessa temporada, o líder da defesa do Baltimore teve uma lesão no tríceps que o afastou da maioria dos jogos da temporada regular. Quando o time se classificou para os playoffs, Lewis afirmou que se aposentaria esse ano, independentemente do resultado. Além de superar a lesão e jogar as últimas partidas com uma proteção no braço, mostrando sua garra habitual, o anúncio de que esse seria o último ano da carreira do defensor foi um combustível a mais para o Ravens.
Joe Flacco:
Draftado pelo Ravens em 2008, o QB sempre foi muito criticado por amarelar nos jogos decisivos. Mesmo levando o time à fase final nas temporadas de 2008 (quando se tornou o primeiro calouro a vencer dois jogos de playoff), 2009, 2010 e 2011 (quando perdeu a final de conferência), Flacco nunca foi colocado como um dos principais QBs da liga. Mas, em 2012, enfim, o estigma teve fim. Com participação fundamental na temporada regular e nos playoffs, principalmente com passes longos certeiros, o jogador teve seu talento reconhecido. No jogo de ontem, Flacco lançou 3 TDs, não sofreu nenhuma interceptação e liderou Baltimore do começo ao fim. Consequência: foi escolhido o MVP da final, uma baita ducha de água fria nos seus críticos.
Michael Oher:
Quem viu o filme "Um Sonho Possível", que deu o Oscar de melhor atriz para Sandra Bullock, já sabe por que Oher está aqui. O offensive tackle teve uma vida complicada, o que é retratado durante toda a película. Filho de mãe viciada e de um pai que passava mais tempo na cadeia do que fora dela, o gigante e desengonçado Oher não tomou rumos sombrios por acaso. Selecionado pelo Ravens no draft de 2009, ele foi titular absoluto do time desde então. Agora, três anos depois de chegar à franquia, nada como um Super Bowl para coroar uma vitória pessoal e profissional.
Torrey Smith:
O wide receiver do Ravens precisou passar por uma provação essa temporada. Em setembro de 2012, um dia antes do jogo contra o New England Patriots, o irmão caçula de Smith se envolveu em um acidente automobilístico e morreu. Ao receber a notícia, o jogador pegou um avião, foi ao enterro do irmão e, em menos de 24 horas, estava entrando em campo. Naquele dia, talvez como uma homenagem, o wide receiver fez a melhor partida da carreira. E, com certeza, pensou nisso durante o resto da temporada. Em declaração antes da partida, ele disse que vencer seria uma forma de amenizar a dor da perda, além de homenagear o irmão, um dos seus maiores incentivadores.
Anquan Boldin:
O veterano wide receiver chegou ao Ravens em 2010, após sete anos no Arizona Cardinals. Um dos principais recebedores da liga, Boldin viu em Baltimore a chance de, enfim, conquistar o Super Bowl. Em 2009, quando ainda jogava em Arizona, Boldin perdeu o Super Bowl XLIII de forma dramática. Naquela ocasião, o Steelers marcou o TD da vitória quando faltavam poucos segundos para o fim do jogo. Agora, 4 anos depois, como um dos destaques do time, ele pôde comemorar.