terça-feira, 28 de agosto de 2012

Resumão do primeiro turno

Fim do primeiro turno. Bom momento para refletir, analisar, e fazer um levantamento do que fizeram os times até então. Claro que, por acompanhar mais de perto, destacaremos os clubes cariocas.


Fluminense (2° lugar) 

Apresentou um futebol muito aquém do que se esperava, principalmente pelo elenco que tem. Jogou feio, como dizem. Ainda sofre com a ausência de Deco e, algumas vezes, de Fred. Thiago Neves começou a se soltar no fim do turno. O futebol pode não ter sido o esperado, mas o resultado, sim. Segundo colocado, com apenas um ponto atrás do líder Atlético-MG (que tem um jogo a menos). Se deixar o departamento médico vazio, vai brigar até o fim com chances reais de ser campeão, até por ter o melhor elenco do país. Em 19 jogos foram 12 vitórias, 6 empates e apenas uma derrota (Grêmio, no Olímpico), com aproveitamento de 73,7%.


 Vasco (4° lugar)

Começou o campeonato bem e, no fim do turno, caiu de produção. Perfeitamente compreensível se observarmos os motivos. Negociou Diego Souza, Fágner e Rômulo, três titulares absolutos. Juninho não vem decidindo tanto e Alecsandro não marca há 7 jogos. Dedé, desde que voltou de lesão, também não tem atuado no seu mais alto nível. O goleiro e o técnico são questionados em todos os jogos (algumas vezes com razão, outras não). E o elenco não é tão qualificado para suprir tantos problemas. Nos últimos sete jogos, ganhou apenas um, perdendo confrontos diretos para Atlético-MG e Fluminense. Em 19 jogos foram 10 vitórias, 5 empates e 4 derrotas, com aproveitamento de 61,4%. Ainda briga pelo título, mas deve lutar mesmo pela Libertadores.


Botafogo (7° lugar)

O Glorioso foi irregular durante todo o turno. Não encaixou grande sequência de vitórias, derrotas ou empates. Ora um, ora outro. Tem um bom time no meio de campo, mas sem centroavantes e uma defesa não tão confiável, excetuando-se o goleiro Jefferson. Perdeu Herrera, Loco Abreu, e simplesmente não repôs as peças. A presença da torcida acompanha a fase do time. Nem mesmo Seedorf, craque mundialmente consagrado, é capaz de levar torcedores ao Engenhão. Se Oswaldo de Oliveira conseguir acertar o time, mesmo com as limitações, deve brigar pela Libertadores. Do contrário, somente Sul-Americana. Em 19 jogos foram 8 vitórias, 4 empates e 7 derrotas, com aproveitamento de 49,1%.


Flamengo (9° lugar)

Pelo elenco e inúmeras crises, a posição é até lucro. A eterna busca por um camisa 10 não deu em nada e o time deve seguir até o fim do ano jogando com volantes no meio de campo. Vágner Love segue sendo um oásis no deserto rubro-negro e vem fazendo importantes gols. As chegadas de Adriano e Liédson não devem mudar muita coisa, ao contrário de Cáceres, que vem desempenhando importante papel na proteção à defesa. O mais correto é deixar Dorival Júnior, que organizou o time, implantar o seu estilo de trabalho e pensar em 2013, quando precisará de um elenco mais qualificado. Com as eleições tendo passado, é normal que o caldeirão ferva menos a partir do fim do ano. Em 18 jogos (tem um a fazer contra o Atlético-MG) foram 7 vitórias, 5 empates e 6 derrotas, com aproveitamento de 48,1%. Ao fim, se classifica para a Sul-Americana.

domingo, 19 de agosto de 2012

Clássico é Clássico

(Foto: Alexandre Vidal / Fla Imagem)
Clássico é clássico e vice-versa. O maior clichê do futebol e, certamente, uma das maiores verdades.

O time A está mal, capenga, completamente desorganizado. Vive uma sequência de crises daquelas, problemas e mais problemas. A equipe joga mal, o técnico não consegue encaixar o padrão tático, o craque só arruma confusão. Muda o técnico, mas o elenco continua deixando a desejar. Troca-se uma peça aqui, outra ali, coloca um jovem da base, contrata um ou outro jogador e o time, pelo menos, fica mais organizado, mas ainda aquém do tamanho do clube e do que esperam os torcedores. Quando vem o clássico, o torcedor se apega ao ditado para ter a mínima esperança, e torce para não levar aquela chinelada.

O time B está bem, brigando nas cabeças. O técnico, sabe-se lá porquê, é cornetado toda rodada, vença, empate, ou perca. O time é bom, arrumado, com uma espinha dorsal pronta. Perdeu jogadores que eram titulares absolutos, mas continua jogando praticamente no mesmo nível. Também tem as suas carências no elenco, mas é superior ao rival. Quando vem o clássico, o torcedor logo se agiganta, sacaneia o amigo, diz que vai ser aquele chocolate. Tem até razão em pensar assim, basta olhar a tabela e o desempenho das duas equipes em campo.

Mas ai, entra a máxima do futebol. Clássico é clássico e vice-versa.

O jogo começa igual e, depois, o time B começa a dominar mais as ações, o que já era esperado. Perde um, dois, três gols. O time A pouco cria. Então, o ex-lateral-esquerdo do time B, agora no time A, pega uma bola no meio-campo, carrega, limpa a marcação e chuta mal. Uma bola fácil para o goleiro. Mas... clássico é clássico. A bola, vadia que só ela, quica na frente do goleiro, que falha, e solta no pé do matador do time A, como quem diz: "faz". E ele fez. Depois, o time B atacou, atacou e atacou. O time A defendeu, defendeu e defendeu. Na brincadeira defesa versus ataque, o time A foi superior, e venceu.

No futebol existe o favoritismo, só que para os jogos normais.

Porque como diz o clichê:

Clássico é clássico e vice-versa.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O castelo de cartas


Já experimentou fazer um castelo de cartas? Se sim, sabe que é uma tarefa árdua.

Qualquer movimento mal calculado, um segundo de desatenção, aquela leve brisa, um mínimo de mudança e... castelo ao chão.

É basicamente a situação de Dorival Junior. Dia após dia, o técnico rubro-negro precisa montar um castelo de cartas. O que significa isso? Significa não ter aquela famosa espinha dorsal construída, aquela base concreta, ou seja, não ter pelo menos um jogador de alto nível em cada setor do time. Com essa fragilidade, Dorival precisa medir cada movimento, cada passo dado, seja para atacar ou defender.


Nos dois últimos jogos, deu tudo certo e o castelo de cartas permaneceu em pé, firme, seguro, vitorioso. Já contra o Palmeiras...

Como dito anteriormente, um movimento mal calculado, um segundo de desatenção, aquela leve brisa e tudo pode ser perdido em questão de segundos. A leve brisa, hoje, responde pelo nome de Ibson. Ao fazer uma falta infantil, irresponsável e desnecessária logo no começo do jogo, recebeu um cartão amarelo e ficou pendurado. Ainda no primeiro tempo, fez mais uma falta e foi expulso. O castelinho, que, mais uma vez, estava conseguindo se equilibrar e permanecer em pé, ruiu.

Ibson disse que escorregou, que não tentou dar o carrinho. Escorregando ou não, o problema não foi a segunda falta e, sim, a primeira, que o fez pagar pelo erro e ser expulso.

Cabe à torcida não colocar os burros na frente da carroça e entender que o Flamengo de Dorival vai se reerguer, mas precisa de tempo. Vai oscilar, ganhar aqui, perder ali.

Enquanto isso, o técnico vai continuar montando seu castelo de cartas.

E torcer para que não bata outra leve brisa

Assim, o castelo fica em pé.

sábado, 11 de agosto de 2012

Mentalidade dourada


O time não é bom, a geração tem carências, mas o problema é outro. A mentalidade.

Nos acostumamos a ver o futebol brasileiro sempre no topo. Somos os maiores campeões mundiais, já emplacamos vários craques como melhores do mundo e, alguns deles, mais de uma vez. Sempre fomos protagonistas, o modelo, o exemplo a ser seguido. Hoje, infelizmente, não somos mais. A realidade é essa, aceitemos ou não.

O problema é que nossa mentalidade, nossa cabeça, continua deixando o Brasil em primeiro, apesar dos olhos mostrarem outro panorama. É preciso perceber que, nessa Seleção Olímpica - praticamente a mesma da principal -, tivemos um jogador de exceção, que é Neymar. Outros são excelentes em suas posições, como Marcelo e Thiago Silva. O resto são apenas jovens buscando afirmação ou jogadores comuns que, por conta da nossa mentalidade, parecem ser superiores ao que realmente são.

O torcedor brasileiro nunca aceita uma derrota porque o adversário foi melhor. "O goleiro errou, o zagueiro falhou, nosso atacante perdeu os gols", vão dizer. E os méritos do adversário, onde ficam? Nossa mentalidade leva alguns a acreditarem que Neymar é o terceiro melhor jogador do mundo, quando ele está longe disso. É achar que Hulk, Damião, Rômulo, Sandro, Rafael, entre tantos outros, são melhores que os jogadores rivais, muitas vezes desconhecidos por nós.

Nossa mentalidade leva alguns a afirmarem que "nosso time é infinitamente superior". Poderia até ser verdade, desde que o Brasil tivesse massacrado o México na final e perdido por um infortúnio. Não foi o caso, como também não foi contra Honduras, quando passamos sufoco para conseguir a classificação. No jogo de hoje, levamos um nó tático, não conseguimos sair da marcação e neutralizar as jogadas rivais. Mesmo no segundo tempo, quando pressionou, o Brasil teve raras chances de gol. Mas na nossa mentalidade, eles não ganharam, nós é que perdemos. 

Essa mentalidade de eternos vitoriosos só atrapalha.

E o resultado do futebol brasileiro nas Olimpíadas é simples.

A medalha é de prata

Mas a mentalidade é de ouro.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Amor, loucura e sobriedade


Uma noite de amor, loucura e sobriedade.

Solta assim, essa frase até parece título de filme ou peça de teatro. Na verdade, foram três ingredientes que deram mais sabor ao jogo Figueirense x Flamengo.

Representando o amor, Vágner Love. Artilheiro e principal jogador do Flamengo. Atravessando a famosa má fase pela qual passa todo atacante. De mal com a rede, estava oito jogos sem encontrar o caminho da felicidade. A fase era tão ruim, que andava apanhando até da bola, logo ela, sempre amiga, sempre companheira, sempre o motivo de alegria.

Representando a loucura, ele, Loco Abreu. Bom jogador, polêmico, turrão, inteligente, aquele cara que foge do protótipo do boleiro. Formado em jornalismo, Loco Abreu diz o que pensa, argumenta, conversa, e reclama, reclama muito. Andarilho do futebol, chegou ao Figueirense por estar insatisfeito com a reserva no Botafogo. Mesmo assim, continuou ídolo da torcida do Glorioso.

Representando a sobriedade, Dorival Júnior, técnico do Flamengo. Chegou há 10 dias, pegou um time bagunçado, um clube desorganizado, jogadores em má fase, cobrança por renovação. Empatou com a Portuguesa e levou goleada do São Paulo. Com o adiamento da partida contra o Atlético Mineiro, teve 10 dias para trabalhar. E trabalhou. Acabou com os rachões, fez coletivos e treinos de fundamentos. Tudo com um só objetivo: voltar a vencer no campeonato.

E na vitória do Flamengo por 2 a 0, cada um representou direitinho o seu personagem.

Love fez dois gols e voltou a ser o Artilheiro do Amor, deixando todos felizes, companheiros, técnico e torcida.

Loco Abreu, provocado pela torcida rubro-negra, beijou o escudo do Botafogo na camisa que usava por baixo do uniforme do Figueirense. Um gesto que deixou os alvinegros - cariocas - felizes. 

Dorival conteve a euforia e declarou que ainda há muito a melhorar. O Flamengo ganhou do lanterna do campeonato em um jogo que esteve longe de ser absoluto em campo. Ponto para ele, que sabe exatamente o quanto ainda falta para ter um time pronto.

Assim foi a noite no Orlando Scarpelli, com cada personagem desempenhando seu papel do jeito que se esperava. 

E entre gols, amores, loucuras e declarações sóbrias, todos saíram ganhando

Menos o Figueirense.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Espelhos

Barcos, o Pirata, comemora um dos gols que marcou
Quando nos olhamos no espelho vemos algo muito parecido do outro lado. Somos nós mesmos, com pequenas diferenças. Você mexe o braço direito, o reflexo mexe o esquerdo. Você anda pro lado direito, o reflexo anda para o esquerdo. E, assim, vocês são iguais e diferentes ao mesmo tempo.

Mais ou menos como Palmeiras e Botafogo, dois clubes muito parecidos, com algumas diferenças. Entre os quatro grandes de São Paulo, o Verdão é o que mais tem sofrido nos últimos anos. Assim como o Botafogo entre os quatro grandes do Rio de Janeiro. Tirando a Copa do Brasil de 2012, o alviverde não ganhou nenhum título de expressão nos últimos 12, 13 anos. O último Brasileirão conquistado foi em 1994. O Botafogo ganhou o Brasileirão em 1995 e, depois disso, nada de muito importante. Ambos foram rebaixados à Série B em 2002 e subiram de volta em 2003, juntos. 

Viram os principais rivais ganhando títulos. Libertadores, Mundial, Brasileiros, Copas do Brasil, sempre um ou mais rivais dos dois clubes ganhou um dos torneios. Ruim, não?

Nos últimos anos, os dois também vem ocupando um cenário parecido no futebol brasileiro. Sempre vistos como a quarta força do Rio e de São Paulo, nunca entram como favoritos nas competições que disputam e vão tentando recuperar o espaço perdido. Em 2012, o Botafogo conseguiu jogar um bom futebol, vem fazendo boa campanha no Brasileirão e contratou um astro internacional, Seedorf, o que o colocou em evidência. O Palmeiras conquistou a Copa do Brasil, conseguiu montar um elenco melhor que o dos últimos anos e voltará a Libertadores ano que vem. 

Ao se olhar no espelho hoje, Botafogo e Palmeiras enxergaram um ao outro. Iguais, com pequenas diferenças. Entre elas, estava a principal carência do alvinegro: o ataque.

O Palmeiras tinha alguém. O Botafogo, não.

Ao se olhar no espelho, o Botafogo não viu o seu ataque refletir, não havia ninguém.

Ao se olhar no espelho, o Palmeiras viu o reflexo acenando.

Barcos estava lá.
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