quinta-feira, 19 de abril de 2012

Dois retornos, duas histórias

O futebol sempre nos reserva boas histórias. Daquelas que emocionam. E a emoção, como sabemos, pode ter dois lados. Pode causar alegria e tristeza, raiva, ódio, orgulho, felicidade, e tantos outros sentimentos contrários entre si. Dois jogadores retornaram aos gramados recentemente de forma totalmente diferentes. Uma palavra, duas histórias.

Carlos Alberto surgiu no Fluminense como um jovem promissor. Atuou em 2002 e 2003 pelo tricolor carioca, e logo foi vendido para um clube europeu, o Porto. Treinado por ninguém menos que José Mourinho, foi campeão da Champions League, competição na qual detém o recorde de jogador mais jovem a marcar o gol em uma final, e do Mundial de Clubes, ambos em 2004. Voltou para o Brasil e foi campeão por Corinthians e Fluminense. Depois disso, passou por Werder Bremem, São Paulo, Botafogo. Em todos os clubes, parou de colecionar títulos e começou a colecionar problemas. Em 2009, foi emprestado ao Vasco e ajudou o time na vitoriosa campanha da Série B. No ano seguinte, tornou a arrancar problemas, dessa vez com o presidente do clube, Robeto Dinamite. Resultado? Empréstimos para Grêmio e Bahia, clubes pelos quais pouco jogou. No último fim de semana, o meio-campista reestreiou pelo clube cruzmaltino, entrando no segundo tempo do jogo contra o Nova Iguaçu.


Salvador Cabañas é paraguaio. Artilheiro por onde passou, sempre preservou boa relação com os clubes e foi ídolo das torcidas. Se tornou conhecido dos brasileiros em 2008, ano em que marcou dois gols na vitória do América do México sobre o Flamengo por 3 a 0, em pleno Maracanã. O fatídico e histórico jogo alçou Cabañas a condição de vilão para os rubro-negros e herói para as torcidas rivais. No mesmo ano, também marcou um gol na Seleção Brasileira pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. Dois anos depois, sua vida mudaria completamente. Em 2010, o atacante levou um tiro na cabeça e ficou à beira da morte. Após algumas cirurgias, conseguiu sobreviver, apesar de continuar com a bala alojada no local. Com muito tratamento, esforço e dedicação, Cabañas retornou aos gramados no último dia 14 de abril, após 810 dias afastado dos campos.

E onde essas histórias se cruzam? Na fina ironia do destino. 


Carlos Alberto é um jogador fora de série, craque mesmo, com "c" maiúsculo. Poderia e deveria dar mais valor à sua carreira, conquistar mais títulos, jogar nos maiores clubes do mundo e na Seleção Brasileira. Poderia, se quisesse. Mas Carlos Alberto não quer. O talento que ele tem nos pés é inversamente proporcional ao juízo que tem em sua cabeça. Por onde passa, faz questão de falar que amadureceu e, meses depois, prova que tudo não passa de bravata. Um jogador que poderia ter um futuro brilhante, mas que está atrelado ao passado problemático.

Salvador Cabañas é um ótimo jogador. Por motivos que não conheço, não defendeu clubes europeus e, provavelmente, nem defenderia. Poderia e deveria ter conquistado mais. Poderia, se não levasse um tiro. Diferentemente de Carlos Alberto, Cabañas mostra, a cada dia mais, o valor que dá à sua carreira e o amor que tem pelo futebol. Merece voltar aos campos e jogar como nos velhos tempos, dando alegrias à qualquer torcida que seja.

Mas o destino é assim. Tira de quem quer, e entrega para quem não merece.

Cabañas, hoje, batalha por novas oportunidades. Carlos Alberto as recebe sem esforço algum.

Cabañas é um jogador que não tem nada, e se esforça para ter tudo.
Carlos Alberto é um jogador que tem tudo, e se esforça para não ter nada.

O destino é mesmo cruel.

Um comentário:

  1. bonito de se ler porem nem tao facil de ser compreendido nao pela didatica digo pelo modo como conduz o proprio o fato e q como todas as pessoas Carlos Alberto tem o direito de ter uma chance o mesmo ficou 2 anos "encostado" nao acho q teve algo sem esforco...

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