quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Pensando como grande

(Foto: Cristiano Andujar / Lancenet)
Uma das melhores maneiras de se formar um elenco é mesclando experiência e juventude. Os mais novos dão aquele gás e os mais velhos cadenciam. Os mais novos correm, os mais velhos freiam a correria. Os mais novos ficam ansiosos, os mais velhos tranquilizam. No fim, com a técnica dos dois lados, as coisas costumam dar certo.

Peguemos dois exemplos, as duas extremidades mais atenuantes dessa fórmula no elenco do Botafogo. Seedorf de um lado e o recém-chegado Bruno Mendes do outro. Seedorf é consagrado, jogador refinado dentro e fora dos campos. Trata a bola como a mãe mais carinhosa trata um filho. Pega, bota no colo e cuida bem. Seedorf, depois de tudo que conquistou, é sinônimo de grandeza. Assim como o Botafogo e sua bonita história. O holandês é o retrato do novo pensamento que está criando raízes em General Severiano. "Somos grandes, por que não podemos ser maiores ainda?". É assim, e tem que ser assim.

Enquanto Seedorf e Botafogo escreviam os capítulos mais recentes de suas histórias, Bruno Mendes dava os seus primeiro rabiscos no mundo da bola. Revelado pelo Guarani, comparado a Careca, o menino de cabelos encaracolados ainda tinha muito a percorrer para se tornar um grande jogador. Vai ser Romário, Ronaldo? Não sei. Mas parece querer. O primeiro passo foi dado. Saiu de um clube que já teve os seus momentos de glória, para chegar a outro que está tentando voltar ao caminho dos títulos. Assim como precisa de Seedorf, o Botafogo precisa de Bruno Mendes. Que precisa do Botafogo. Uma troca mútua de favores.

Bruno Mendes significa renovação. Significa olhar para a juventude como quem vê ali uma nova estrada rumo ao topo. Bruno Mendes é a mudança que o Botafogo deseja para si mesmo. Ter um jogador com fome de vitória e sede de títulos é fundamental. Ele vai crescer e carregar aqueles que estiverem ao seu lado. E para o jovem atacante, o Botafogo é a grandeza que ele precisa para aparecer, evoluir, e se tornar, quem sabe, um novo Careca, Romário ou Ronaldo. 

Que Bruno Mendes e Seedorf sejam a personificação dos novos pensamentos do Glorioso.

Que eles signifiquem renovação, grandeza e vontade de crescer ainda mais.

Afinal, para ser grande, não basta estar no meio deles.

É preciso pensar como um.

domingo, 21 de outubro de 2012

Correu... e venceu


O Flamengo voltou a vencer, para alívio da torcida rubro-negra, depois de cinco jogos.

Sem ser brilhante, sem a qualidade que os torcedores gostariam de ver, mas com muita vontade. E é assim que tem que ser. Quem briga para não cair, precisa jogar dessa forma, mais na raça, na força, do que no jeito. Também não adianta cobrar mais nada a essa altura do campeonato. Nem esquema tático perfeito, nem futebol bonito, nem melhores jogadores e, talvez, nem coerência, que tem faltado, e muito, a Dorival. A hora é de ganhar, do jeito que der.

E foi exatamente isso que o Flamengo fez. Correu, marcou, se aplicou, teve Felipe pegando pênalti e conseguiu a vitória na cabeçada de González, que resolveu marcar o seu primeiro gol pelo rubro-negro na melhor hora possível. A vitória em si, até certo ponto, foi inesperada. O São Paulo vinha de quatro vitórias seguidas, melhorou muito nessa reta final de campeonato e era ligeiramente favorito. Mas futebol não é ciência exata, para alegria da Nação.

O risco ainda existe? Sim. O time ainda está mal? Sim. Mas não deve cair e está se esforçando e correndo para evitar isso. Em uma rodada onde os rivais diretos na briga pelo rebaixamento venceram, a vitória ganhou um peso maior. Agora, faltando seis rodadas, é hora de pensar nos jogos mais importantes, contra Figueirense e Palmeiras, ambos em casa. Vencendo os dois, o Flamengo se livra de vez, mesmo se perder todos as outras partidas.

Bom mesmo nessa reta final é ver a boa fase de Felipe, as ótimas partidas que Renato Santos tem feito e a afirmação de Wellinton Silva como titular da lateral-direita. É pouco, mas não deixa de ser um pingo de alegria para quem teve, e ainda está tendo, um ano tão difícil como a torcida do Fla.

E se está sendo complicado, o alívio deve chegar em breve.

Basta que corram e vençam

Como fizeram hoje.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Em busca do recorde


Poderia ter sido uma rodada melhor? Sim. Mas foi ruim? Não. O que mudou? Nada.

O Fluminense até poderia ter saído com a vitória e aumentado ainda mais a diferença, que continua de nove (Atlético-MG) e onze (Grêmio) pontos. Isso basicamente sacramentaria o título tricolor, visto que ainda há 21 pontos em disputa. Como vacilou e cedeu o empate com um jogador a mais, nada mudou. A diferença para o segundo e terceiro colocados continua a mesma.

Se alguém ainda duvida do título, são os próprios tricolores. E, diga-se, os mais pessimistas ou falsos modestos. No fundo no fundo, todo mundo sabe que esse campeonato já acabou. Pelo menos no que tange à disputa pelo primeiro lugar. Só resta saber quando e onde o Flu vai definir de vez o Brasileirão 2012.

Mais interessante do que saber que o Flu vai ser campeão, só pensar no recorde que a eficiência deste assombroso time tricolor pode bater. No formato atual, ou seja, pontos corridos disputados por 20 clubes, o maior número de pontos foi do São Paulo de 2006, anotando 71 ao fim da competição. O Fluminense versão 2012 já tem 69 e ainda faltam sete rodadas. A possibilidade de o tricolor ser campeão com um número muito superior de pontos é imensa. 

Se ganhar apenas mais quatro jogos, o que é perfeitamente possível para este time, o Flu chegará a 81 pontos. Uma campanha realmente espetacular. Mesmo que não faça todos esses pontos, o tricolor deve ultrapassar a marca do São Paulo e fazer uma campanha de entrar para a história.

Se alguns ainda duvidam do título do Fluminense, tudo bem.

Mas a situação é bem simples.

É tudo uma questão de tempo

E de correr atrás de um recorde.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O Pistoleiro


Os duelos no faroeste eram simples. Dois pistoleiros, cada um de um lado, frente a frente, com suas armas no coldre, esperando o exato momento de sacar e disparar. Nos duelos, não bastava ser rápido. Era necessário velocidade e precisão.

Assim também é o futebol. Vejam só o Campeonato Brasileiro. São dois times representando o papel dos pistoleiros. Um para cada lado, munidos com suas armas e colocando a vida em jogo. Para viver, e sobreviver, cada time tem que ser melhor que o seu adversário e fim de papo. Neste duelo de vida ou morte, é importante atacar, mas também defender. Se um pistoleiro  encurrala o outro e começa a disparar, este precisa se esquivar, se esconder, e pode até contar com a ajuda de um colete à prova de balas reforçado.

Mas quando consegue escapar, a resposta deve ser dada de forma mortal, tão fatal quanto a picada de uma cobra venenosa que atrai a presa para a armadilha e espera o exato momento de dar o bote traiçoeiro. E é assim que tem sido com o Fluminense. É atacado, bombardeado, fuzilado, mas nunca atingido. Quando reage, é assustador. Preciso e veloz, não deixa brecha para que a vítima da vez tenha tempo de correr, se esconder ou se defender. É avassalador, seco. Mira, dispara, mata.

Não importa o tamanho do rival, sua fama ou suas habilidades. O Fluminense é o pistoleiro mais cruel do Brasileirão 2012. O terror do faroeste. Mata sem pena, sem dó. À medida que o tempo passa, vai eliminando todos os outros pistoleiros. Alguns, creio eu, se pudessem escolher, jamais gostariam de cruzar o seu caminho, pois, sabem, o destino será um só.

Neste faroeste moderno, onde as pernas e cabeças dos jogadores são armas, o Fluminense é quem conta com o melhor arsenal. Forte na defesa, veloz e mortal no ataque.

No duelo de vida ou morte que são os jogos do Campeonato Brasileiro, só um pistoleiro pode ficar vivo.

E que as vítimas estejam preparadas para morrer.

Porque o Fluminense está sempre preparado para matar.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Futebol, Sonhos e Ignorância

A jovem torcedora sendo cercada por torcedores do Coxa
O futebol é um esporte passional. E a paixão, como sabemos, engloba ódio e amor ao mesmo tempo. Se você ama o Flamengo, precisa odiar o Vasco. Se ama o Palmeiras, precisa odiar o Corinthians. Se ama o Inter, precisa odiar o Grêmio e assim por diante, não importando a região, estado, cidade ou se o clube é grande ou pequeno. No futebol, na maioria das vezes, a razão é goleada pela paixão.

No último domingo, essa paixão levou alguns torcedores a reprimirem o sonho de uma criança (veja aqui). Milena tem apenas 13 anos e é torcedora do Coritiba. No fim do jogo entre Coritiba e São Paulo, a menina quis realizar um sonho. Pegar uma camisa de Lucas, meia do São Paulo e da Seleção Brasileira, portanto, um ídolo de dimensões nacionais. Idolatria não veste camisa, não tem cor, não tem hino. Um ídolo é alguém que você admira, que te inspira de alguma forma, alguém que você gosta. Simples assim.

Mas idolatrar um jogador de outro time, sonhar em ter a camisa dele e pedi-la, pode ser um gesto ofensivo para alguns pseudo-torcedores. Por tentar fazer o sonho virar realidade, Milena foi xingada, quase agredida e teve que devolver a camisa que havia conseguido. Não bastasse a selvageria dos que estavam presentes, tem sido comum ver a atitude deles aprovada por outros torcedores nas redes sociais, principalmente no Twitter. 

A imbecilidade aconteceu no Couto Pereira, mas poderia ter acontecido no Engenhão, no Independência, no Olímpico, no Morumbi, não importa. Poderia ter acontecido também em solos europeus, é verdade. Mas a discussão não é mais sobre a atitude de torcedores de um clube específico. A discussão gira em torno do ser humano. Quando uma criança é ameaçada, xingada, simplesmente por ter um ídolo que não seja do time para o qual ela torce, estamos perto do fim. Isso significa que a ignorância está vencendo, que a paixão por um esporte pode ser capaz de destruir até a ingenuidade de uma criança.

Quando esse tipo de pessoa começa a dominar os estádios, os bons e os verdadeiros torcedores acabam se afastando, tudo em nome da própria segurança. 

Se o sonho de uma criança vira um pesadelo, alguma coisa está errada.

Poderia ser o time A, B, C ou D. O problema não é a cor da camisa

E sim quem está embaixo dela.
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